Saber ouvir e separar um tempo a dois são ações fundamentais para manter bom relacionamento
O segredo do sucesso de todo relacionamento é, sem dúvida, manter uma boa comunicação. E para que a comunicação se torne um hábito nas relações é necessário o treinamento de duas funções: a fala e a escuta. Pensar antes de falar, avaliar aonde se quer chegar, objetividade, saber ouvir, respeitar o tempo do outro são algumas regras a serem seguidas.
Segundo a psicóloga Ana Graziela dos Reis Pereira, para tornar tudo isso um hábito cotidiano é necessário praticar. “Precisamos estar atentos a cada momento para que possamos perceber os pontos a serem transformados e, consequentemente, melhorados. Assim, a comunicação como mola mestra se concretiza como uma escolha positiva e consciente para os relacionamentos”, defende.
Para o pastor Glalter Rocha, da Igreja Presbiteriana de Itaparica, em Vila Velha, a comunicação precisa ser colocada em primeiro lugar na relação do casal. “Ela não deve ser algo que fazemos quando as coisas não vão bem ou do jeito que pensamos. O casal precisa separar um momento semanal para colocar o papo ou a vida em dia. Não se constrói uma relação com silêncio ou apenas com conversas triviais”, adverte o pastor.
Efésios 4:25 traz “Por isso, deixando a mentira, fale cada um a verdade com o seu próximo, porque somos membros uns dos outros”. E não existe pessoa mais próxima que a esposa ou o marido. Terapeuta familiar com especialização em aconselhamento pastoral e terapia de casais, Josué Gonçalves também defende que a comunicação é a chave de qualquer relacionamento bem-sucedido (Pv 18:21; Tg 1:19).
Segundo ele, existem algumas regras básicas a serem seguidas para que o casal tenha sucesso nessa área. “Os homens seguem um padrão distinto em seu estilo de comunicação. Eles costumam colocar o problema em fogo lento para ver se a questão desaparece por conta própria ou é resolvida com o mínimo esforço possível”, explica.
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Durante essa fase de deixar as questões em banho-maria, o pastor Josué diz que os homens podem achar que é desnecessário conversar. Mas é bom lembrar que eles tendem a se comunicar para resolver. Querem saber aonde se está querendo chegar para “consertar”.
O pastor Josué afirma ainda que a biologia tem um papel no vácuo de comunicação que existe entre os sexos. Algumas diferenças entre homem e mulher têm uma base física.
“É vital que você e seu cônjuge entendam que os seres humanos não podem mudar sua constituição física. Há uma diferença genética entre o lado direito e o lado esquerdo do cérebro nos homens e nas mulheres”, diz.
Quando a criança nasce, o córtex do cérebro é mais desenvolvido nas mulheres do que nos homens. Quando bebezinhos, as mulheres reagem mais ao som da voz humana do que os homens (veja tabela). De acordo com o pastor Cláudio Duarte, falar o que está sentindo é sempre o melhor. “Muitos relacionamentos acabam, hoje, porque o casal fica em silêncio. Problemas foram feitos para ser solucionados”, defende.
Dialogar sem acusar também é importante. Enxergar defeitos nos outros é fácil, mas ver nossos próprios defeitos é um desafio.
“Comunicação é colocar algo que está dentro de você dentro da outra pessoa. A comunicação só acontece quando o outro capta o que você quer dizer. Hoje, as pessoas se comunicam mal dentro de casa e não conseguem romper essa muralha da comunicação”, afirma Cláudio Duarte.
O presbítero aconselha o casal a ler Eclesiastes 3:7 – Há tempo de falar e há tempo de calar. “Essa palavra é uma dica importante para o casal conseguir se comunicar com qualidade”, afirma.
Quando a comunicação não vai bem
Segundo o pastor Glalter Rocha, a comunicação conjugal não vai bem quando o casal fala demais sobre tudo e todos, mas quase nada sobre eles mesmos. “Não é difícil nos distrairmos com a vida de outros casais e esquecermos o nosso relacionamento. Precisamos nos confessar um ao outro.
A confissão é antes de mais nada uma revelação sobre quem somos e o que desejamos. Quem confessa se revela. Se existe algo terrível para uma boa comunicação no casamento, isso se chama silêncio ou conversas que não revelam as reais intenções do coração”, aconselha.
Já a psicóloga Graziela Pereira afirma que, se for identificada a falha de comunicação quando o casal estiver vivendo com base no “achismo”, por exemplo, “eu acho que meu marido gosta”, “acho que minha esposa entendeu”, ou seja, imaginar algo sobre o parceiro mas não comunicar a ele, o cônjuge passa a agir baseado nessa crença, que nem sempre condiz com a verdade, o que e gera conflitos e desgaste.
“Em alguns casos acredita-se que o parceiro gosta de determinada coisa, e o outro, por sua vez, mesmo não gostando, aceita para não desagradar o parceiro. Com o passar do tempo, a distância aumenta e a proximidade se perde e, num momento de problemas ou estresse acabamos falando das nossas insatisfações de maneira agressiva ou inadequada. Daí a importância do diálogo”, afirma a psicóloga Graziela Pereira.
Que elementos apontam problemas na comunicação
É visível quando um casal não está bem, pois fala pouco sobre Deus e Sua maravilhosa graça. Onde Deus não é citado, com certeza, não é invocado e, consequentemente, amado. Nada pode ser mais nocivo na comunicação do casal do que ausência da Palavra na relação.
A construção de uma honesta comunicação com o cônjuge começa com uma conversa honesta com o autor e redentor. “Precisamos de intimidade com Deus por meio do conhecimento dele, por meio da Sua perfeita Palavra e oração. Necessitamos, como casal, manter estreita comunhão com Cristo. Isso, com certeza, nos levará a encher o nosso coração de desejo de cuidar um do outro, incluindo a nossa comunicação”, diz o pastor Glalter.
A principal problemática em relação à comunicação é a dificuldade para ouvir e aceitar as diferenças. “Percebemos muitos casais que utilizam o controle e a dominação como estilo de vida. Essa conduta vem trazendo um leque de consequências negativas, entre elas as doenças psicossomáticas, sofrimentos psicológicos, a desestruturação familiar”, alerta a psicóloga Graziela Pereira.
Para transformar essa realidade, em primeiro lugar, é preciso haver um certo incômodo com os prejuízos e desejar viver melhor e de maneira saudável. Não é fácil, ao contrário, é primordial se dispor para o aprendizado e aí buscar apoio.
Essa ajuda pode ser do próprio parceiro, ou de um profissional, ou um bom amigo. Mas sem dúvida é necessário querer mudar, fazer o movimento em direção à felicidade.
A matéria acima é uma republicação da Comunhão de edições anteriores. Fatos, comentários e opiniões contidos no texto se referem à época em que a matéria foi escrita.