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sexta-feira, 29 março 2024

“Aprendi que sozinho não se vai a lugar nenhum”, Silas Malafaia

Foto: Reprodução Web

Líder da Igreja Assembleia de Deus Vitória em Cristo fala a Comunhão de vários temas. “A igreja é perfeita até o dia em que eu cheguei nela”, diz Silas Malafaia.

As opiniões fortes e a atitude de quem não tem medo de tratar de assuntos polêmicos do pastor Silas Malafaia não é novidade para os leitores de Comunhão. Nesta entrevista, Malafaia explica por que gasta milhões de reais em suas campanhas pelo Brasil: “Para Cristo tem que ser o melhor, meu irmão!”.

Seu ministério pastoral vem de longa data. De que forma o senhor percebeu que tinha esse chamado?
Eu tinha 15 para 16 anos e já atuava na liderança de jovens de minha igreja na Penha. Já naquela época eu ouvia a voz de Deus. Para mim foi uma decisão natural, já que eu já convivia com o ambiente da igreja desde cedo. O meu chamado foi muito natural.

Como era a pregação do Evangelho nas igrejas na época em que foi ordenado pastor? Há muita diferença para os dias de hoje?
Antigamente, a pregação lidava só com o ser espiritual, o crente era visto apenas como ser espiritual. Por conseguinte, a mensagem era destinada à área espiritual do ser humano. Hoje, os pastores levam em conta o perfil sociológico, psicológico, teológico e espiritual. Então, o pregador tem que pregar uma mensagem que sirva para a vida lógica, biológica, psicológica e espiritual, para compor o ser humano. Naquela época, não se pregava para as demandas da vida terrena que todos nós temos. Essa é, a meu ver, a principal diferença.

O senhor acredita que as igrejas são atrativas e se preocupam verdadeiramente com a pregação do Evangelho?
Se dissermos que não estamos pregando o Evangelho, estaremos negando o que Deus está fazendo. Amigo, são muitas bênçãos e milagres. São coisas maravilhosas que exprimem o poder de Deus. É claro que eu não sou de achar que está tudo perfeito, que está tudo as “mil maravilhas”. Temos que ser críticos, mas o crescimento da igreja não é vegetativo, e isso demonstra que estamos ganhando gente para Jesus. Que temos que melhorar eu não tenho dúvida nenhuma, mas acredito que a igreja atende à demanda do ser humano no propósito da igreja, que é estabelecer o Reino de Deus aqui na terra.

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Por que ainda não está tudo perfeito com a igreja?
Costumamos dizer que “a igreja é perfeita até o dia em que eu cheguei nela” (risos). Ou seja, aqui na terra o máximo que conseguimos é ver a imagem moral. A imagem gloriosa só será vista no céu. O máximo que eu, você e qualquer outro cristão pode fazer é refletir o caráter de Deus na nossa vida. A igreja tem que ser uma agência do céu na terra, e quando ela perde essa identidade para ser qualquer outra coisa está perdendo a função. A igreja não é passatempo, não é para viver de “momentos especiais”. A igreja erra muito quando quer transformar aquilo que é passageiro em eterno. Querer que o movimento espiritual seja o fundamento está errado. O fundamento é a Palavra de Deus, é a oração, a santificação. Quando ela perde esse norte, ela dá ênfase mais ao movimento, ou seja, aos modismos, e começa a imitação. Quantas vezes ouvimos alguém falando “Ah! vou imitar isso e aquilo por que deu certo”?

Em maio de 2010, durante seu programa na televisão, o senhor anunciou sua renúncia ao cargo de vice-presidente e seu desligamento da Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (CGADB). O que motivou tal decisão?
Eu tenho a visão de que o que aconteceu comigo foi a vontade de Deus. Olhando para trás, é fácil entender. Eu era evangelista, certo? Quando passei a ser pastor da igreja, disse para Deus que não queria ser pastor de uma igreja local. O Senhor já tinha colocado em mim o desejo de sair a campo. Quando meu sogro faleceu [o reverendo José Santos, fundador da Assembleia de Deus da Penha, falecido aos 83 anos, em 3 de fevereiro de 2010], eu disse para Deus que se Ele quisesse que eu fosse pastor dessa igreja eu iria dar uma abrangência nacional a ela. Com essa decisão, eu iria arrumar um monte de guerras na Convenção. Então eu decidi não abrir mão da minha visão por causa de estrutura política nenhuma. Foi por isso que eu sai. Não foi porque lá tem bandido ou essas bobagens que as pessoas acham que eu disse. Saí por cima. Hoje, são todos meus amigos. Prego na igreja deles e ainda continuo dentro da estrutura das Assembleias de Deus.

O senhor está à frente da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, no Rio de Janeiro. Como é sua rotina?
A minha rotina é bem diferente da que eu tinha há algum tempo, quando eu pregava em um lugar e ia embora. Agora, tenho um povo para cuidar, tenho uma estrutura enorme de pastores para liderar. É ainda mais pesado porque eu não abandonei minha veia evangelística, continuo fazendo minhas cruzadas. Ainda há meu programa de televisão e é bom que fique claro que não vou mudá-lo. O programa “Vitória em Cristo” jamais será um programa da minha igreja. Vai continuar sendo o que sempre foi: voz profética e voz apologética. Esse sempre foi meu objetivo na TV e no ano que vem faço 30 anos à frente da telinha.

Que retorno tem tido com o programa de TV?
A pregação do Evangelho é gratificante. Eu acredito que nosso programa tem servido para a salvação de pessoas, para trazer de volta o afastado e para a edificação do crente. Acredito que nestes 30 anos, desempenhamos bem essa tarefa, já que há muitos e maravilhosos testemunhos nessas três áreas.

O senhor tem atraído multidões para as Cruzadas Vida Vitoriosa. De que forma é feito esse trabalho?
Eu tenho uma estrutura enorme. Aprendi que sozinho não se vai a lugar nenhum. Deus é Deus de organização. Quando Ele deu a ordem para Israel andar no deserto, Ele deu diretrizes. De olho nisso, eu tenho uma estrutura profissional. Tenho um coordenador de eventos, uma equipe de eventos que recebe dinheiro para fazer esse trabalho. Eles fazem ainda a coordenação dos cafés que eu faço com os pastores, sempre entre 30 a 40 dias antes da realização das cruzadas. Com todo o trabalho de mídia, propaganda na Rede Globo entre o Jornal Nacional e a novela das 21 horas, ou seja, em horário nobre, e nas outras emissoras, em jornais etc, gastamos uma fortuna. Mas fazemos uma mídia poderosa para atrair o pecador. Vou realizar uma Cruzada no Maranhão em que estão previstos investimentos da ordem de R$ 1 milhão. São 15 carretas de equipamentos. Pode faltar luz na cidade toda que não teremos problemas. Temos todo o atendimento médico também, caso ocorra algum incidente com os participantes. Investimos valores que giram em torno de R$ 500 mil, R$ 600 mil e até R$ 1 milhão nesses eventos. No mundo se faz o melhor para o pecado, então por que não vamos fazer o melhor para o Reino de Deus? Esse é o meu principio e até aqui nos ajudou o Senhor.

O senhor tem aparecido constantemente nas grandes emissoras de TV. Isso não ocorria até bem pouco tem com os representantes evangélicos. O que mudou?
Primeiro, eu não tenho duvida nenhuma de que é o amor de Deus, o favor de Deus. Tenho isso bem vivo em minha mente, no meu coração. Se Deus não for contigo, você não vai a lugar nenhum. Não tem essa de usar sua capacidade, sua inteligência, nada! No capitulo 2, versículo 26 do livro de Marcos Jesus diz que: “todo Reino é movido pela lei da semeadura”. O Reino de Deus é comparado ao agricultor que sai a semear e, não sabendo como os frutos crescerão, colhe a partir da promessa. Então, o Reino de Deus tem uma lei da semeadura. Há quase 30 anos, eu tenho sonhado. Primeiro, investindo milhões em televisão; segundo, defendendo o povo de Deus esse tempo todo. Vejo uns imbecis que chegaram agora e ficam “metendo o pau” na gente via internet dizendo “Ah! O Silas quer aparecer!”. Esses caras não eram nem nascidos quando eu já estava à frente da batalha, então chegou a hora da colheita e alguém tem que colher. Fiquei esses anos todos à mercê de gente me denegrindo, caluniando. Mas chega uma hora que você vai colher. Isso também é resultado do que Deus está fazendo na igreja brasileira, significa que a mídia está reconhecendo a grandeza da igreja.

Como é seu relacionamento com essas grandes redes de comunicação?
Eu deixo claro para eles que há um umas 15 ou 20 pessoas no Brasil em condições de dar a elas as entrevistas que me solicitam. Esses pastores são representativos, pois a igreja deles é grande demais ou porque eles têm uma ascendência na igreja evangélica em geral. Digo a eles que eu não represento a igreja no Brasil e que nós, evangélicos, não temos um Papa. Então, eles me reconhecem porque eu sou um dos líderes, porque eu sou combativo e não tenho medo. Isso é muito interessante, pois o líder é 80% feito de atitude. Eles me reconhecem devido às atitudes que eu tomo, correndo risco e sendo criticado. Eles me vêm como um porta-voz. Quais são os pastores que estão na mídia e botam a cara para falar de assuntos como aborto e homossexualismo? Então, não é porque sou o melhor, mas é porque os que estão na mídia não falam.

O senhor está sendo investigado por incitação à homofobia. Como o senhor se sente com isso? Considera que sua postura lhe traz prejuízos?
Eu fico dando gargalhada. Acho que a frase do pregador Mike Murdock é muito legal: “Os amigos nos fazem bem os inimigos é que nos promovem”. Ai de Davi se não tivesse um Golias na vida dele. Ele seria pastor de ovelhas e pobre até hoje! Isso para mim é o maior prazer. Eu não tenho medo de nada disso. Já fui investigado pelo Ministério Público, pela Receita Federal, por um monte de gente. Você acha que eu vou dar minha cara a tapa sem estar preparado? Os inimigos podem até me caluniar amanhã! Esses caras são bandidos mesmo, então, eles podem plantar uma notícia para me denegrir, mas eu aprendi que você não ataca os outros sem estar com uma retaguarda bem protegida. Então, eles podem vir do jeito que quiserem.

O PL 122 tem tomado muito do seu tempo. Como explicar para o leigo a sua posição quanto a esse projeto que defende a criminalização da homofobia?
Nós não estamos aqui para ficar com picuinhas sobre os direitos de ninguém. Não é essa a questão. Acham que os homossexuais têm o direito de lutarem pelo que eles acham direito deles. O problema é que o PL 122 quer mudar o que está determinado na Constituição brasileira. Não pode. Existem quatro artigos em toda a Carta Magna que não podem ser mudados: a independência dos poderes, o voto livre, o voto secreto e as garantias individuais, que estão no artigo quinto. Nesse artigo está escrito que ninguém pode ser cerceado por convicção filosófica ou política. Ocorre que o PL 122 diz que se um homossexual se sentir filosoficamente constrangido, o cara vai para a cadeia. Então, esse projeto fere princípios constitucionais. Nisso os cristãos do Brasil estão juntos. Não vamos permitir que isso ocorra. É um princípio de qualquer cidadão brasileiro. Podem criticar pastores, padres, presidente da República e homossexuais. Mas estes não querem. Nós somos contra a homofobia; somos contra qualquer tipo de violência com relação a quem quer que seja: o gordinho, o baixinho, o narigudo, inclusive os homossexuais. Criticamos a conduta, não as pessoas.

Como o senhor lida com as críticas daqueles que dizem que o senhor aderiu à teologia da prosperidade e está acumulando riquezas?
Ou eles têm recalque, ou dor de cotovelo, ou mesmo inveja. Vejo gente falando: “O pastor Malafaia mudou, ele agora é da teologia da prosperidade!”. Eu acho até graça, é muita idiotice. Eu pergunto: a teologia da prosperidade não está na Bíblia, amigo? Veja lá o Salmo 1 ou o Salmo 102! O que não está lá é o besteirol teológico da prosperidade. Você prefere a teologia da desgraça ou a da prosperidade? Muitos desses caras que me criticam são pastores da classe média, que vivem na classe média, e eu não os vejo fazendo opção de morar na favela. Eles são fariseus hipócritas. Eles são hipócritas e recalcados. Eu estou fazendo uma grande obra. A crítica é um bom sinal de que estou no caminho certo.

A MATÉRIA ACIMA É UMA REPUBLICAÇÃO DA REVISTA COMUNHÃO. FATOS, COMENTÁRIOS E OPINIÕES CONTIDOS NO TEXTO SE REFEREM À ÉPOCA EM QUE A MATÉRIA FOI ESCRITA.

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