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sábado, 20 abril 2024

Comunhão entrevista Thalles

Primeiro lugar em quase todas as rádios do país, milhares de discos vendidos. Por onde passa, o mineiro Thalles Roberto da Silva arrasta multidões de jovens que buscam em suas apresentações, além da qualidade musical, experiência com o verdadeiro amor de Deus. Recentemente consagrado pastor, o experiente músico hoje dedica sua vida a levar a mensagem do Senhor aos quatro cantos do Brasil, chegando a fazer 28 shows por mês. Nesta entrevista exclusiva para Comunhão, o cantor abre seu coração e conta suas experiências – desde o fundo do poço até a glória de Deus que ele vive hoje, em busca de um único objetivo em sua vida: ganhar almas para o Senhor.

Comunhão – Você tem feito sucesso com um estilo musical pouco comum no meio gospel. Como você definiria o trabalho que realiza? Ele tem “a cara” do Thalles?
Thalles- Nós estamos usando o espiritual e a vida com Deus para evangelizar, indo pelo caminho do jovem na maneira de vestir, na forma de cantar, nas letras, na vida com Deus, na conduta. Penso que Deus tem me levantado porque Ele tem acreditado em mim e no que eu me propus fazer: viver a minha vida para que os jovens sejam santos e que estejam no céu com Jesus. O meu propósito é este, levar os jovens para o céu.

Apesar de ter nascido em berço cristão, você se afastou da igreja para viver no mundo, chegando a integrar bandas famosas do meio secular. O que o levou a isso?
Eu cresci em uma igreja pentecostal, onde meu pai era pastor. Então, eu tinha as doutrinas, os usos e costumes da igreja, com muitas restrições, e eu nunca me adaptei a isso. Houve uma época em que eu vivi um conflito, pensando no que eu não podia fazer e comecei a questionar. Um filho de pastor não tem o pai dentro de casa, pois o pai cuida da igreja. Ele tem o “paistor”, não tem aquele pai que tem tempo, que está disponível para ele. No meio desse conflito, por volta dos meus 21 anos, eu recebi o convite do Jota Quest, e não tive dúvida de nada. Foi uma grande alegria. Na época, eu tocava muito em Belo Horizonte, com a igreja, na rua, e eu tinha a influência black, que interessava para eles. A banda estava começando a “bombar”, e eu pensei, “que grande oportunidade! Vou cantar numa banda conhecida no Brasil inteiro, vou colocar meu talento ali e vou ficar conhecido”. E foi assim.

Como foi este período da sua vida?
Por fazer parte do Jota Quest, eu tive oportunidade de cantar com grandes nomes e dividir o palco com quase todo mundo. E as pessoas começaram a reparar no meu trabalho quando eu fazia parte da banda, a ponto de a Ivete Sangalo me convidar para trabalhar com ela. Na época, a gente realmente teve uma exposição muito grande. E no meio disso tudo, eu pensei: “Não vou mexer com negócio de Jesus não, nem igreja”, e fui para o inferno. Eu estava em uma banda famosa, era muito bom músico, e tinha muito respeito no meio musical. E aí, eu larguei Jesus mesmo, porque naquele momento eu achei que não precisava dEle, eu só pensava em curtir a minha vida, queria sair, ir pras baladinhas, tinha dinheiro. Você fica “doidão” com tudo isso. Eu fiquei viciado em drogas, em bebida. Eu tomava um litro de uísque todo dia, fumava muita maconha, usava muita droga, estava “viciadaço” em vários tipos de drogas, e também misturava droga com remédio, além de estar envolvido profundamente com a prostituição, o adultério, a fornicação. E apesar de tudo isso, meu pai continuou orando por mim, pedindo a Deus que me tirasse de tudo isso. Com o dinheiro que eu ganhava na banda, eu sustentava toda a minha família, e ainda assim meu pai orava para que eu saísse daquela vida. Quando você está no buraco, é difícil sair, mas se afundar mais é fácil. E num meio desse, é muito fácil ir ao buraco, porque você tem muita mulher, dinheiro, bebida e droga. Você vai falar o quê com Deus nestes momentos, por que, o que está ruim para você? Nada. Mas, como seres humanos, criados por Deus e com o sopro de vida dEle, chega um ponto em que você se afasta tanto que a sua alma te fala que aquilo está errado. Nesse momento, ou o cara sai doidão, endemoniado, enlouquecendo, ou ele reavalia a sua vida, buscando o caminho certo.

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Você estava vivendo longe do Senhor. Como aconteceu o seu retorno para o evangelho?
Um belo dia, em uma viagem para Curitiba, cheguei ao meu limite de pecado. Fui para o quarto do hotel, onde estava um amigo meu do Rio de Janeiro, que me chamou para fumar um baseado. Fumamos e eu estava distraído, quando ele virou e falou para mim, com uma voz diferente da que ele tinha: “vamos fumar mesmo, porque nós todos vamos para o inferno”. Eu me arrepiei, me assustei, com medo dele, e disse que eu não iria. Naquela hora, eu senti um medo tão grande que me lembrei de Deus. Eu estava fraco, porque não orava havia muitos anos, porque eu já não tinha mais Deus no coração, e estava com medo de morrer. Mas, naquele momento, me lembrei. Disse ao meu amigo que eu iria mudar minha vida, entregá-la para Jesus, e eu via na expressão dele que ele havia se assustado. Então, ele voltou ao normal, e eu saí ,fui para o meu quarto. Depois disso, o Espírito Santo nunca mais me deixou em paz. Nessa fase, quando eu acordava, pedia a Deus para continuar dormindo, porque não queria acordar. O único momento em que eu estava bem era quando estava apagado, dormindo. Até que houve um instante em que, de tanto o Espírito Santo me falar que eu deveria voltar para Deus, eu não resisti, e me dei conta de que eu era de Deus e que Ele me queria. O sentimento que eu tinha no meu coração era de que, se eu ficasse, morreria. Quando você fuma um baseado, se prostitui, você não está simplesmente se envolvendo com a droga. Está envolvido com a mãe daquele traficante, que está orando para ele se converter; com o marido daquela mulher, que não sabe da traição; com o pai, que está fazendo campanha na igreja para o pastor orar, para a filha ficar liberta da prostituição, e você está lá, se prostituindo com ela. Às vezes, você está ligado com a morte de pessoas. Pode ser que para aquele tanto de maconha chegar até a tua mão, alguém tenha levado um tiro e morrido. Mas ninguém pensa nisso. E quando você decide largar tudo isso, o diabo não te deixa parar facilmente. A minha libertação aconteceu não porque alguém colocou a mão na minha cabeça. Tive uma libertação no meu quarto, de vários demônios, lutando a ponto de eles conseguirem me tocar fisicamente, pegarem meu sexo e apertarem, segurarem o meu braço. E aí eu resisti e falei “Jesus, eu não quero” e comecei a buscar Deus. A orar, consagrar, jejuar, ler a Palavra. Li a Bíblia inteira várias vezes. E aos poucos fui renunciando, orando, clamando, meu pai orando comigo, buscando, até o ponto em que Deus começou a me revelar o que eu tinha feito. Deus fez de mim de doidão um crente careta. Eu cheguei ao ponto de não querer mais assistir televisão, de tanto que eu queria Deus, e porque eu sabia o que estava por trás das coisas.

Que aprendizado você tirou dessas experiências? Ficou algum ensinamento bom, mesmo que apenas profissionalmente, deste período em que você esteve afastado de Deus?
O de bom que fica é a experiência. Com o tempo que passei na música secular, eu trouxe muita experiência de palco, de artista. Eu vi o comportamento dos maiores artistas do mundo, tive a oportunidade de participar dos maiores festivais de música do mundo, e aprender muito. De bom também eu aprendi que Deus permite que coisas aconteçam conosco. Nada acontece sem a vontade permissiva dEle, para que nós possamos ter o nosso caráter reformado por Deus. E dentro daquilo que eu vivi no mundo, eu fui transformado pelo Espírito Santo. Se eu não tivesse vivido o que eu vivi, eu não teria o meu caráter lapidado por Deus como tenho hoje. Tudo o que Deus faz é perfeito, tudo se encaixa. Ele não foi o responsável por eu me desviar, mas dentro daquilo, Deus trabalhou comigo. Porque Ele sabe que se eu não tivesse passado o que eu passei, eu não seria um pastor hoje, um homem de Deus. Eu sou uma pessoa feliz porque Jesus teve misericórdia de mim. Às vezes, eu falo e as pessoas me interpretam mal, mas eu sou muito grato a Deus por um dia ter saído e por Ele ter permitido que eu voltasse. Porque nesse momento em que eu fiquei fora eu aprendi a amar a Deus verdadeiramente.

Recentemente, você alcançou mais uma vitória, ao ser ungido pastor. O que mudou de lá para cá no seu modo de enxergar o mundo?
Eu já estava exercendo o ministério pastoral, mas não tinha a unção. Há uma comparação que eu faço, de que antes eu lutava guerras gigantes com armas simples, como a espada, enquanto meus adversários lutavam com metralhadoras. A unção capacita, e agora eu estou capacitado para vencer melhor estes obstáculos.

Através do seu trabalho, você tem visto vidas sendo mudadas, como a sua foi mudada pelo Senhor um dia? Houve algum caso que mais te marcou?
É muita conversão, muita mudança de vida. Dia desses, uma mulher estava pretendendo se suicidar, e na hora em que ela ia fazê-lo, sentou no carro, colocou o meu DVD, assistiu, e então desistiu de tirar a própria vida. Isso não tem preço. São milhares de vidas sendo mudadas, às vezes mil e tantas pessoas de uma vez, aceitando Jesus. É muito forte, todos os casos me marcam muito.

Além de levar bênção para as pessoas, hoje o seu trabalho é muito premiado. Em março, inclusive, você recebeu quatro prêmios pela vendagem de seu último disco, “Uma história escrita pelo dedo de Deus”. O que aquele momento significou para você?
Naquele momento, eu dei uma declaração: falei que aquilo ali servia de exemplo para os jovens saberem que hoje você pode estar destruído, derrotado, desacreditado, falido emocionalmente, espiritualmente, jogado no chão de uma maneira terrível, mas amanhã o Espírito Santo pode te levantar e ser fiel a você, e te restituir tudo aquilo. Isso serve para mostrar para as pessoas que Deus é capaz de reverter uma situação de desgraça e de morte em uma situação de vida.

Quando você pensou este projeto, você imaginava que ele fosse fazer tanto sucesso?
Quando eu deixei o mundo, eu não vim para a igreja para fazer sucesso. Eu vim para viver a Palavra de Deus, para que Deus fizesse o que fosse. O sucesso vem de Deus. E falar de Deus com sucesso é muito mais tranquilo, porque as pessoas te dão muito mais credibilidade naquilo que você faz. Eu acreditava que ia fazer sucesso para Deus.

Você está trabalhando em algum projeto novo? O que podemos esperar do Thalles nos próximos meses?
Em setembro, lanço o meu CD “Raízes”, que é um CD de hinos antigos com uma roupagem nova. No final do ano, também, devo lançar meu livro, com a história inteira do Thalles, sem cortes. Em 2013, no primeiro semestre, gravo meu disco “Sejam cheios do Espírito Santo”, nos Estados Unidos. E no segundo semestre, o DVD de mesmo nome.

Qual é o grande sonho do Thalles hoje? Como você luta para alcançá-lo?
Ganhar almas para Jesus, o máximo que eu puder. Para alcançar este sonho, eu gasto a minha vida inteira para isso. Só vivo isso. Almas, pregação, excesso de shows, família na estrada. Eu gasto muito dinheiro viajando, então acaba que no final do mês isso pesa, porque faço muitos eventos de graça, ou cobrando um terço do cachê, me apresento em muitas igrejas com cachê reduzido, faço qualquer tipo de evento. Trabalho muito, porque eu trabalho para Deus.

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