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sexta-feira, 29 março 2024

Noemi Nicoletti: Ficção cristã para a juventude

A autora Noemi Nicoletti produz ficção cristã para a juventude - Foto: reprodução

A ficção cristã aproxima o público da literatura e de Deus. 

Por Carolina Leão

Falar sobre ficção cristã é imergir em um segmento da literatura de suma importância, ao qual diversos autores brasileiros têm entendido a relevância e se dedicado a contribuir com o crescimento, que tem sido notório. Muito se fala sobre literatura cristã enquanto publicações sem histórias fictícias, para instruir um crente em Jesus. Esses livros também têm o seu lugar. Mas os livros que narram histórias nessa missão de transmitir mensagens de base bíblica também são uma opção para se aproximar da literatura e de Deus.

Noemi Nicoletti: Ficção cristã para a juventude
Escritora Noemi Nicoletti. Foto: Reprodução.

Inclusive, para o público juvenil, é interessante que este possa ser cativado por essas narrativas, neste mundo em que há tanta informação, tanta coisa para se consumir. Essas histórias podem contribuir para aproximar os jovens de Deus. “Histórias nos movem”, diz a autora Noemi Nicoletti, também conhecida como Mima Pumpkin. Noemi é escritora, formada em Teologia e Jornalismo. Ela escreveu o romance “Sons de ferrugem e ecos de borboleta“, uma ficção cristã voltada para o público infanto-juvenil, publicado pela Pilgrim em parceria com a Thomas Nelson. Ela compartilhou com a Comunhão a sua experiência enquanto escritora, cristã, consumidora de romance cristão e incentivadora do público juvenil à adesão dessas leituras. Confira a entrevista logo abaixo. 

Comunhão: De que forma a ficção cristã pode contribuir espiritualmente para a pessoa?
De tantas maneiras diferentes! Primeiro, precisamos entender que a forma que nós internalizamos valores e ideias não é meramente através de pontos didáticos e teóricos numa lousa. Histórias nos movem.

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Deus poderia ter se revelado a nós simplesmente falando: atenção, ponto um, eu sou Deus. Ponto dois, eu criei todas as coisas. Ponto três, me adorem etc. Mas, ele faz mais do que isso, Ele se revelou ao longo da História da humanidade e nos deixou uma incrível história épica, com drama, romance, tragédia, guerras e tantas reviravoltas.

É uma história verdadeira, mas é uma história que contém ficção (por exemplo, as parábolas de Jesus ou a exortação do profeta Natã a Davi). Histórias falam conosco num nível mais profundo. São elas que nos ensinam. As melhores pregações, aquelas que recordamos por anos a fio, foram pregações preenchidas de histórias, ilustrações, exemplos.

Os melhores livros de vida cristã, aqueles que nos motivam a mudar, a viver uma vida de acordo com a vontade de Deus, são preenchidos de histórias. Então, a ficção pode ajudar a ilustrar e aprofundar ensinamentos bíblicos e valores cristãos de uma forma criativa, cativante e extremamente impactante. Aprender sem perceber. É inegável a influência da ficção em livros, filmes e séries na nossa sociedade. Ela não só reflete os valores da sociedade, mas ela ajuda a construir e transformar, tanto para o bem quanto para o mal. Com a ficção cristã temos a oportunidade de nos deixar influenciar de forma positiva por valores positivos.

Qual a principal mensagem que você buscou transmitir para os jovens no seu livro Sons de ferrugem e ecos de borboleta?

Noemi Nicoletti: Ficção cristã para a juventude
Foto: Divulgação

Os temas centrais de Sons são perdão e onde encontrar o verdadeiro amor, o único que pode nos satisfazer de forma permanente. Tentei pegar o famoso clichê da fã apaixonada por uma celebridade e tentei ir mais além. Por que essa garota é tão alucinada por uma pessoa que ela sequer conhece realmente? Provavelmente nem mesmo ela sabe exatamente. O que ela está buscando realmente? Onde ela pode encontrar? A resposta só pode ser uma.

Quais foram os maiores desafios na sua experiência de escrever ficção cristã?
Uma ficção precisa ser em primeiro lugar uma boa história contada de uma boa forma. Se a mensagem se torna tão central que a história deixa de ser boa — ou seja, quando para transmitir algo você começa a criar personagens caricatos (os cristãos são todos perfeitos, os não-cristãos são todos vilões malvados), quando você precisa pregar e pregar para a audiência e não é através da história, quando tudo toma um tom moralista e julgador -, esses indicadores de que talvez você deveria ter escrito uma pregação e não um romance, risos. É um desafio enorme dosar, equilibrar, de forma que os valores sejam transmitidos, mas que a história permaneça honesta e autêntica.

Inclusive muitos cristãos brasileiros não estão acostumados com ficção cristã e, por isso, já vi reclamações a respeito da minha história (e de outras obras de ficção) que só mencionam “pouco” Deus, falam “pouco” do evangelho, enquanto eu achei que até exagerei numa certa parte, risos. Não entendem que não é uma obra teológica, não é um livro de morais da história. É uma boa história. E tem valores cristãos. E só.

Por que você escolheu escrever para o público juvenil?
Primeiro porque eu, nos meados da minha quarta década de vida, amo esse tipo de literatura. Segundo, porque na minha pré-adolescência tive o curso da minha vida mudado através de uma série de livros juvenis. Eu estava tendo minha primeira crise existencial após mudar de cidade pela segunda vez em dois anos. Comecei a estudar numa escola com mais de seis mil alunos, onde eu não conhecia ninguém, e estava começando a questionar a fé dos meus pais que sempre tomei como minha. Não sei nem calcular todas as formas que essa série de romances cristãos juvenis mudaram a minha vida.

Você já recebeu algum relato sobre a leitura do seu livro, por um(a) jovem, que te marcou?
Já, muitos! Choro lendo e relendo alguns deles. Mas um que sempre me volta à memória foi de uma jovem relatando todas as formas que o livro se assemelhava à vida dela, até por detalhes insignificantes, mas, principalmente, nas questões dos dramas familiares vividos pela protagonista. Essa jovem disse que cresceu num lar cristão, mas tinha praticamente “perdido” a fé, por conta desses acontecimentos terríveis. E ela encerrou a mensagem com a pergunta “é estranho demais se sentir perdida e achar que se encontrou em um livro?” (Choro toda vez que lembro, inclusive agora). A minha resposta foi que não. Deus já usou métodos muito mais estranhos pra falar com alguém. E que eu não tinha a menor dúvida de que Deus a tinha levado até esse livro porque Ele a ama e quis usar essa forma para alcançá-la.

Disse que, aliás, não duvidaria nada se Ele tivesse me guiado desde 2012 no processo de escrita dessa história até janeiro de 2022 (quando concluí a versão final, publicada pela Pilgrim e pela Thomas Nelson), só com esse único propósito. De alcançá-la. Pensar no valor de uma única pessoa que provavelmente jamais iria atrás de uma pregação ou de um livro teológico, mas que foi alcançada, por acaso, através de um romance fofo juvenil. É um valor incalculável. Eterno. Que privilégio!

Quais outras obras de romance cristão você recomendaria para os jovens?
Na minha época só tínhamos praticamente os livros da autora Robin Jones Gunn para os jovens, mas, graças a Deus, nos últimos anos houve um despertar e temos muitos autores escrevendo para a juventude. A minha autora nacional favorita, Camila Antunes, não escreve propriamente para adolescentes, mas tem histórias fofas que servem para todas as idades. Nas editoras tradicionais cristãs, temos, por exemplo, os livros do Mauricio Zagari, o romance da Francine Walsh, da Gabriela Costa. Mas no mercado independente temos autoras excelentes como a Queren Ane, Arlene Diniz e a Becca Mackenzie.

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