Na reta final das eleições, os ânimos estão aflorados com posicionamentos políticos divergentes. A quebra de comunhão está acontecendo entre familiares, amigos de longa data e membros da igreja.
Lilia Barros
A alegria ou revolta estão vindo à tona, fazendo com que muitas pessoas, ao explicitar suas escolhas políticas, discutam e até rompam relações. A igreja também está dividida em torno de preferências políticas e princípios cristãos dos quais não abrem mão.
Até que ponto a amizade antiga resiste a uma opinião diferente? O que será dos relacionamentos quebrados após as eleições? O que vai sobrar da comunhão da igreja no dia 31 de outubro?
O Comunhão Debate discutiu esse assunto dando voz aos pastores Gilson Bifano, palestrante e coach de casais e família (RJ); Usiel Carneiro, da Igreja Batista da Praia do Canto, Vitória (ES) e José Ernesto Conti, da Igreja Presbiteriana Àgua Viva, em Vitória (ES).
O pastor e coach de família Gilson Bifano apontou alguns casos de divergências em relatos bíblicos.
“Divergir não é o problema, por exemplo: Paulo teve uma divergência com Barnabé; Evódia e Síntique tiveram uma divergência dentro da igreja, nós não sabemos qual foi a essência dessa discussão, mas Paulo cita lá em Filipenses o problema entre essas duas mulheres. Há vários relatos bíblicos, mas a história entre Abraão e Ló quando poderia escolher a direção do caminho a tomar, mas Abraão deixou Ló escolher e disse: “Não vamos brigar por causa de terras, gados, nós somos irmãos”. Isso mostra a importância de colocar o vínculo acima de tudo, somos irmãos em Cristo, ou irmãos de sangue, família e amigos.”
Na noite do dia 30/10, quando o nome do presidente estiver definido, o que sobrará dos relacionamentos na igreja?
O pastor Usiel Carneiro acredita que “será preciso esperar o tempo mostrar até que ponto as mágoas poderão ser desfeitas. É necessário que nós, como igreja, aproveitemos esse histórico para trabalhar maturidade cristã e maturidade relacional nas igrejas e será um tempo rico. Alguém pode se perder nesse caminho? Alguém pode estar ferido a um grau de precisar de mais tempo e mais cuidado? Acredito que sim porque as falas e as agressões tem atingido muitas pessoas e nem todos reagem da mesma forma.”
O pastor José Ernesto Conti defende a importância dessa discussão na igreja. “Tudo isso está permitindo que a Igreja amadureça na sua fé, temos que suportar, somos chamados a viver essas diversidades, não estávamos preparados. Eu não estou insatisfeito com essa situação não, estou achando boa essa situação que a igreja está passando porque vamos amadurecer”.