Entender os conceitos bíblicos de preguiça e descanso é fundamental para viver de acordo com a Palavra e usufruir de todos os genuínos ensinamentos que provêm dela
Por Patrícia Esteves
Entender a diferença entre o ócio criativo e a preguiça pode trazer uma nova perspectiva sobre a importância do descanso, do equilíbrio e da criatividade na vida espiritual. Embora a Bíblia advirta contra a preguiça, também se encontram nela passagens que incentivam o descanso e o tempo de contemplação, aspectos próximos ao conceito de “ócio criativo”, que pode ser visto como um tempo de renovação mental e emocional para fins produtivos e reflexivos.
A Bíblia ensina a importância do descanso, especialmente com o exemplo do sétimo dia da criação. Deus descansou após seis dias de trabalho (Gênesis 2:2-3), instituindo o sábado como um dia sagrado de descanso. Esse princípio reflete o valor de pausar para renovar forças e, ao mesmo tempo, realinha as prioridades. O descanso, nesse sentido, não é preguiça, mas uma pausa intencional e necessária para o bem-estar físico e espiritual.
O conceito de “ócio criativo” envolve um descanso ativo e produtivo que permite a reflexão e a criatividade. Esse tipo de descanso tem ressonância com versículos como Romanos 12:2, onde Paulo incentiva a renovação da mente: “Não vos conformeis com este mundo, mas transformai-vos pela renovação da vossa mente”. Pausas para contemplação, como as promovidas pelo ócio criativo, podem ser uma forma de renovar a mente e buscar novas perspectivas para problemas e decisões.
Entretanto, a Bíblia claramente reprova a preguiça — definida como inatividade sem propósito. Em Provérbios, há várias advertências sobre o perigo da preguiça, como “A preguiça leva ao profundo sono, e o preguiçoso passa fome” (Provérbios 19:15). Essa “inércia” é considerada negativa porque resulta em perda de propósito e produtividade, além de levar ao desperdício de dons e oportunidades. Diferentemente do ócio criativo, que busca inspiração e crescimento, a preguiça é um estado de estagnação e ausência de direção.
“O senso de preguiça hoje, como no passado, tem múltiplas causas, mas destacam-se atualmente alguns fatores como a sensação do distanciamento da realidade, pois o virtual é o prato do momento que traz tudo pronto e a inteligência artificial me parece está piorando isso”, explica o teólogo Lourenço Stelio Rega. “Aliado a isso temos também a sensação do entretenimento que encanta a cada ‘virada de posts’ e que consome inutilmente o tempo de cada pessoa. Aí, a preguiça toma conta do coração da pessoa”, complementa. O equilíbrio para ele entre trabalho e descanso é, portanto, uma virtude essencial.
O ócio criativo, quando compreendido à luz da Bíblia, pode ser um momento de pausa frutífera e alinhado com a vida cristã. Enquanto a preguiça leva ao vazio, o descanso intencional permite ao cristão refletir, criar e renovar forças para continuar sua jornada com propósito e direção.
A Bíblia é clara ao abordar a questão da preguiça, destacando que a falta de atividade produtiva não é uma virtude e pode gerar consequências negativas tanto pessoais quanto sociais. A preguiça não deve ser tolerada na vida cristã. Trabalhar com dedicação e ser produtivo são atitudes que refletem a fé e a responsabilidade com os dons que Deus concede.