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quinta-feira, 18 abril 2024

Como ser mais semelhantes a Cristo

Ser parecidos, ser imitadores, seguir o exemplo de Jesus hoje é algo muito radical em nossa sociedade. É sentar-se aos pés de Jesus e ouvir sua palavra”

 Por Erní Walter Seibert

 Em 1 Coríntios 11.1, a tradução Nova Almeida Atualizada diz: “Sejam meus imitadores, como também eu sou imitador de Cristo.” No texto original, a palavra traduzida como  “imitadores” é  “mimetaí”. Em português, a palavra “mímica” tem sua raiz nessa palavra grega.

No entanto, não faria muito sentido dizer em português que devemos fazer mímica do apóstolo Paulo assim como ele faz mímica de Cristo. A Nova Tradução na Linguagem de Hoje expressa este texto da seguinte forma: : “Sigam o meu exemplo como eu sigo o exemplo de Cristo.” O texto de 1 Coríntios nos anima a sermos imitadores, seguir o exemplo, de Cristo. Como vemos nesse exemplo, a tradução bíblica é uma ciência e uma arte.

Mas esse texto tem uma mensagem para nós. Ele fala que devemos seguir bons exemplos. O exemplo maior a seguir é Jesus Cristo. Quando falamos isso nos dias de hoje, surge um outro pensamento incômodo. O ideal de nosso tempo não seria cada um ser dono de seu próprio nariz? O ideal que as pessoas buscam não é cada um ser o senhor sobre sua própria história? Seguir o exemplo de outros não é algo negativo? Temos de reconhecer, que a cultura atual acrescentou uma conotação negativa à ideia da imitação. Um imitador não é alguém autêntico.

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 Mas há uma contradição em nossa cultura. A moda parece contrariar a ideia de cada um seguir seus próprios pensamentos. Quando a indústria da moda lança um novo estilo, milhões de pessoas copiam o exemplo.        

Em nossos dias muito se fala  em “influenciadores sociais” e “youtubers” como sendo pessoas que, com suas opiniões, levam consigo milhares de seguidores. Os formadores de opinião são elementos importantes no funcionamento da sociedade contemporânea. Ou seja, a ação de alguns tem influência no comportamento de muitos — dizendo ao revés, muitos seguem o exemplo e são imitadores de poucos.

 O tema da imitação de Cristo sempre esteve presente na vida da igreja cristã. As epístolas paulinas falam diversas vezes na imitação de Cristo. Grandes nomes da fé cristã, como Agostinho e Tomás de Aquino, falaram do ideal da imitação de Cristo. Entre 1380 e 1471 viveu um homem chamado Thomas de Kempis. Ele se tornou monge e deixou uma obra que até hoje é muito lida e traduzida: “Da Imitação de Cristo”. Essa obra é considerada, depois da Bíblia, uma das mais importantes fontes de inspiração para o exercício da vida cristã.

O tema da imitação de Cristo estava presente entre os Reformadores. Lutero e Calvino, com ênfases diferentes, falaram do ideal da vida cristã de ser semelhante a Cristo. Até os dias de hoje, nas mais diferentes expressões da fé cristã, a busca pela semelhança a Cristo é assunto para pregações e livros.

Uma pergunta básica que o tema nos propõe é a seguinte: Quem seria um bom exemplo que as pessoas poderiam seguir? Os meios de comunicação procuram influenciar o ser humano desde a infância. Músicas são ensinadas, filmes são lançados, todos querendo mostrar exemplos de vida e comportamento para as pessoas. Jovens seguem os exemplos de seus professores. Adultos olham para a sociedade e procuram  exemplos de uma vida que faça sentido.

Para os cristãos, ser semelhante a Cristo é um ideal. E o que seria isso na prática? O resumo do ensino e da prática de Cristo era o amor. Na lei de Deus, o resumo é amar a Deus e amar ao próximo. Mas o amor de Cristo vai além. Na prática, Jesus vai além do que a lei ensina. Ele oferece novas oportunidades, perdoa e muda o sentido da existência das pessoas. Jesus se entrega até a morte em favor daqueles que ele ama. E ele vence a morte. Ele ensina que é possível viver assim. É preciso crer nele para viver assim.

Ser parecidos, ser imitadores, seguir o exemplo de Jesus hoje é algo muito radical em nossa sociedade. É sentar-se aos pés de Jesus e ouvir sua palavra. Na prática, é ler a Bíblia e absorver seus ensinamentos. É confiar em Jesus e dedicar a vida a servir a Deus e ao próximo. É reconhecer os erros e pedir perdão. É corrigir a vida voltando novamente ao ensino de Jesus. Certamente não é um caminho fácil o da imitação de Jesus. Mas é um caminho bom, que muda a vida de quem segue a Jesus e muda a própria sociedade à medida que a influência como sal e luz.

Erní Walter Seibert é diretor executivo da Sociedade Bíblica do Brasil.

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