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sábado, 20 abril 2024

Menos é mais! como reorganizar as finanças em tempos de pandemia

Muitas pessoas estão com medo do futuro e, economicamente falando, vivem inseguras. Mas economistas apontam para o lado bom do caos

Por Cris Beloni

“Quando os dias forem bons, aproveite-os bem; mas, quando forem ruins, considere: Deus fez tanto um quanto o outro, para evitar que o homem descubra qualquer coisa sobre o seu futuro” (Eclesiastes 7:14).

De acordo com a Bíblia, tentar prever o futuro olhando para o presente pode ser inútil. Isso porque “não se sabe o que este ou aquele dia poderá trazer” (Provérbios 27:1). O medo,
as incertezas e a insegurança sempre fizeram parte da vida do ser humano, mas a fé em Deus substitui esses sentimentos por coragem, convicção e perseverança.

Conforme o pastor e empreendedor Josué Campanhã, conhecido nacionalmente por seu olhar inovador e idealista, quem adotar uma nova postura neste tempo não vai naufragar na crise.

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“As crises causam disrupturas [interrompem os processos normais], ou seja, não há continuidade das coisas como eram antes”, explica, citando uma máxima de Joel Barker, pesquisador futurista e autor de vários livros sobre mudanças de paradigmas – “Quando surge uma disruptura, tudo volta ao zero”.

Para Campanhã, o novo coronavírus vem, em todo o mundo, zerando tudo o que estava acontecendo em todos os tipos de organizações, inclusive nas igrejas. “A disruptura vai exigir uma nova postura por parte de todos”, sentenciou, em entrevista exclusiva à revista Comunhão.

Como inovar a partir de agora?

“O que precisamos parar (ou matar)? O que precisamos manter e reinventar? O que precisamos desenvolver (iniciar)? Do ponto de vista financeiro, é necessário revisar todos os custos”, ensina Campanhã.

O expert em liderança e planejamento disse que é necessário avaliar como a crise econômica irá impactar as receitas. “É tempo de eliminar todos os desperdícios e todas as coisas supérfluas.

Além disso, avaliar o quanto das receitas está indo para o foco e o quanto está sendo desperdiçado com atividades que não produzem nada”, alertou.

Mantenha um único foco

É necessário continuar mantendo todas as atividades? Campanhã afirma que, quando o desnecessário e o supérfluo são eliminados, a agenda e o orçamento ficam mais leves. “Se a pessoa tem dívidas, deve pedir ajuda para solucionar esse problema, renegociando e alongando prazos. Além disso, deve rever todos os contratos e pedir descontos ou carência”, indica.

Menos é mais! como reorganizar as finanças em tempos de pandemia
“As crises causam disrupturas [interrompem os processos normais],ou seja, não há continuidade das coisas como eram antes” – Josué Campanhã, pastor e empreendedor
Estabelecer um alvo de redução do orçamento e prioridade de investimentos também é decisão importante. Mas manter um foco definido é essencial. “Você sabe em que atividade concentrará sua vida daqui para a frente? Escolha apenas uma, tenha um único foco. Essa atividade produz recursos? Se não produz ou não contribui para isso, é hora de se reinventar”, sublinha.

Campanhã também lembra que o tempo e o dinheiro investidos nessa atividade precisa produzir um resultado proporcional. “Se não produz ou se há dúvidas, também é hora de repensar”, advertiu. “Não importa em quantas atividades você esteja envolvido, agora é tempo de se concentrar em seu foco”, completou.

Cenário da economia global

Embora as expectativas não pareçam boas e tudo aponte para uma recessão mundial, é preciso lembrar que Deus continua no controle de tudo o que acontece, mesmo que o caos pareça grande demais.

“Deus é o nosso refúgio e a nossa fortaleza, auxílio sempre presente na adversidade. Por isso não temeremos, embora a terra trema e os montes afundem no coração do mar, embora estrondem as suas águas turbulentas e os montes sejam sacudidos pela
sua fúria” (Salmos 46:1-3).

Menos é mais! como reorganizar as finanças em tempos de pandemia
“O Brasil é um dos poucos países que têm condição de fazer a recuperação em ‘V’. O país estava começando a decolar quando o mundo estava em desaceleração sincronizada. Não sou eu falando isso, mas eram as maiores economias do mundo reunidas em Davos, depois da reunião do FMI” – Paulo Guedes, ministro da Economia

O atual cenário está praticamente sendo organizado pela quarentena, que interrompeu o fluxo comercial normal. Para Rafael Bumbeers, que é economista e professor universitário, a economia, uma vez sendo “cadeia produtiva”, vai apresentar suas consequências.

“Autoridades médicas e cientistas dizem que o isolamento social é a ação mais indicada para o momento. Entendemos pelo lado da saúde, mas para a economia não tem sido bom. Se as pessoas não consomem, então os fornecedores de matéria-prima também não vão vender. As indústrias já foram afetadas e, com isso, muitos estão perdendo seus empregos”, aponta.

O economista alerta para a fragilidade da situação. Por outro lado, alguns países já estão se movimentando, “Suécia, Alemanha e Coreia do Sul, por exemplo”. “Precisamos entender que os cuidados realmente precisam ser tomados, mas não é possível parar totalmente.
Faltam propostas concretas entre o isolamento social e a retomada da economia, com responsabilidade por parte dos governantes. A ‘roda da economia’ precisa continuar girando, mesmo com as suas imperfeições”, menciona.

E o Brasil?

Bumbeers lembra que o Brasil já vive uma crise. “É verdade que veremos muitas pequenas e médias empresas fechando as portas e encerrando as suas atividades. Mas já existia esse histórico por aqui.Segundo o Sebrae, cerca de 50% das empresas abertas não sobrevivem mais de dois anos”, observa.

Os motivos para isso são falta de gestão, fluxo financeiro e até educação na área da economia. “Se a pessoa não consegue cuidar nem da própria vida, economicamente falando, como vai cuidar de uma empresa? No Brasil temos outros gaps estruturais, seja em educação, seja em logística, seja em segurança”, considera.

E o jeitinho brasileiro?

Menos é mais? Essa expressão é muito utilizada para pregar um estilo de vida sem desperdícios, no qual o essencial é o que realmente importa. A criatividade do povo brasileiro é incrível, quando o assunto é economia. E a pandemia, esse evento histórico mundial, pode ser a grande oportunidade de espalhar essa ideia.

É possível viver com menos e ter mais qualidade de vida substituindo muitas ações e decisões. Seguem algumas: No supermercado – Compre apenas o necessário, de preferência leve uma lista pronta. Saia de casa alimentado, assim você evita comprar alimentos de consumo imediato. Priorize uma alimentação saudável. Substitua os congelados por legumes, verduras e frutas frescas.

Menos é mais! como reorganizar as finanças em tempos de pandemia
“É claro que nem todos os casos serão positivos, mas veremos muitas pessoas se reinventando. Infelizmente, algumas camadas da sociedade sofrerão demais, principalmente as que já viviam no limite” – Ricardo Paixão, economista e ex-presidente do Conselho Regional de Economia do Espírito Santo

Não leve as crianças, dessa forma economiza e evita que elas fiquem expostas ao risco de contrair o coronavírus.

Delivery – Não caia na tentação de comprar todas as refeições prontas. Você pode preparar muitos pratos deliciosos, mais saudáveis e econômicos em casa mesmo.
Na cozinha – Evite os alimentos processados (enlatados, conservados, industrializados) e os ultraprocessados (óleos, gorduras hidrogenadas, açúcares). Esse tipo de alimentação pode ser mais rápida, mas pode ocasionar muitos problemas de saúde. Dê preferência aos pratos simples e fáceis de preparar, mas que utilizem alimentos in natura. E lembre-se: cozinhar faz bem para o emocional e une a família.
Faça uma planilha – Comece a anotar o quanto entra e o quanto sai de dinheiro. Procure respeitar o seu limite. Se possível, não compre no crédito e não faça dívidas nesse momento.
Aprenda a substituir – Se não tem academia, faça uma caminhada.
Substitua o carboidrato excedente por frutas e sucos naturais. Em vez de refrigerante, beba água. Em vez de ler notícias ruins, leia a Bíblia e edifique seu lado espiritual.
Seja luz – Muitos estão apagando a luz da esperança das pessoas com más notícias. Seja você o portador de boas notícias. Substitua o medo pela esperança, o pessimismo por novas ideias e a incerteza pela fé.

Mudança de hábito

Para Ricardo Paixão, outro economista entrevistado, com a retomada do comércio, o consumidor vai apresentar mudanças de hábitos de consumo. “É claro que nem todos os casos serão positivos, mas veremos muitas pessoas se reinventando. Infelizmente, algumas camadas da sociedade sofrerão demais, principalmente as que já viviam no limite”, pontuou o ex-presidente do Conselho Regional de Economia do Espírito Santo.

“Quem tem alguma renda e fácil acesso à tecnologia está priorizando as compras via internet e delivery [serviços de entrega]. Para esse estrato, há essa nova possibilidade de consumo.

Após a pandemia, esses hábitos que foram bem desenvolvidos podem continuar”, disse. O economista lamenta, porém, pelas camadas mais pobres, que, além de não contar com o benefício desse “novo padrão de consumo”, terão de lidar com mais privações do que
antes da pandemia.

Opinião do ministro da Economia

O economista Paulo Guedes, doutor pela Universidade de Chicago e atual ministro da Economia, acredita que o país é um dos poucos que podem se recuperar rapidamente desse impacto causado pela pandemia. Em entrevistas concedidas à imprensa, por ocasião do balanço dos “500 dias de governo Bolsonaro”, ele afirmou que tudo depende do posicionamento das lideranças políticas.

“O Brasil é um dos poucos países que têm condição de fazer a recuperação em ‘V’. O país estava começando a decolar quando o mundo estava em desaceleração sincronizada. Não sou eu falando isso, mas eram as maiores economias do mundo reunidas em Davos, depois da reunião do FMI”, pontuou. “Se continuarmos brigando a bordo, vai virar um ‘U’. Em vez de bater e voltar rápido [indicando com as mãos um ‘V’], ela vai afundar e ficar um bom tempo antes de voltar. Isso só vai agravar a crise da saúde.

E, se brigarmos bastante, podemos fazer um ‘L’: você bate, afunda e fica”, explicou.
Depois, Guedes fez uma comparação entre os dois problemas: coronavírus e crise econômica. Para ele, ambos são como “organismos vivos”. A diferença está na solução do problema.

Para manter a economia viva, é preciso que as pessoas permaneçam de mãos dadas [simbolicamente] e, para preservar as vidas, é necessário o distanciamento. Para o ministro, nos próximos dois ou três meses, o país vai disparar “duas ondas”, uma de produção de emprego e outra de investimentos.

Críticas e apontamentos

Guedes falou da preocupação com os pedidos de policiais e médicos quanto ao aumento salarial no momento da pandemia. “Nós queremos saber o sacrifício que podemos fazer pelo Brasil neste momento, e não o que o Brasil pode fazer por nós. As medalhas vêm depois da guerra, depois da luta. Nossos heróis não são mercenários. Que história é essa de pedir aumento de salário para policial que vai à rua exercer sua função ou porque um médico vai à rua exercer sua função?”, disse.

Sem especificar, o ministro cobrou uma redução nas brigas políticas. “A população vai punir quem usar cadáveres como palanque (…). Temos que atravessar essa primeira onda juntos para impedir que o Brasil colapse também financeiramente”, frisou. “Estamos em um barco afundando e lutando a bordo. Vamos salvar o barco. Quando chegar a terra firme, nós brigamos de novo”, finalizou.

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