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quarta-feira, 11 DE setembro DE 2024

Como identificar situações de violência doméstica?

Violência sofrida por mulheres em seus lares ainda é um assunto pouco abordado nas igrejas. Foto: Freepik.

Ausência frequente nos cultos e a recusa de visitas em casa podem ser indícios de que a mulher vive uma relação abusiva

Por Michelli de Souza

A violência doméstica que acomete sobretudo as mulheres ainda é um assunto pouco abordado nas igrejas. Uma pesquisa norte-americana já apontava, em 2010, que mais de 40% dos pastores entrevistados admitiram que raramente falavam sobre o assunto durante as pregações.

Quando mulheres que frequentam uma comunidade religiosa sofrem violência em seus lares, há alguns sinais dessa ocorrência, como a ausência periódica e recorrente aos cultos e a recusa em aceitar visitas. Nesse contexto, os líderes espirituais devem estar atentos para oferecer a ajuda necessária.

A líder ministerial Andreia Bolzan, que já atende casos de mulheres cristãs em situação de violência doméstica há 15 anos, afirmou que esses sinais são mais perceptíveis pelas lideranças em igrejas menores. Ela faz parte da Igreja Evangélica Esperança, em Imperatriz, no Maranhão, que possui cerca de 3.500 membros. “Em igrejas maiores, essa identificação é mais difícil”, ressaltou.
Para facilitar o trabalho mais individualizado com os irmãos, a Igreja Esperança se organiza em células, com cultos semanais voltados a grupos menores, que geralmente ocorrem na casa de algum irmão. Segundo Bolzan, nessas reuniões, se a mulher vivencia algum tipo de violência, isso acaba aparecendo de alguma forma.

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“Eu tive uma liderada que até participava da reunião de mulheres, mas o marido a buscava e a trazia e ela não fazia nada sem perguntar ao marido primeiro. Não havia uma violência explícita, mas tinha essa submissão e um controle excessivos, o que não deixa de ser quase um assédio moral”, explicou.

Prevenção

O pastor da Igreja Comunidade em Vila Velha, Gilvam Fonseca Junior, alerta as jovens de sua igreja para que elas identifiquem sinais de abuso ainda no namoro, a fim de prevenir que se tornem vítimas. “Identificar desde cedo é importante para evitar se casar com uma pessoa que precisa se curar primeiro”, salientou.

Fonseca afirmou que o seu papel como pastor é aconselhar, mas a decisão de seguir as orientações é da mulher. Ele contou, inclusive, o caso de uma jovem que começou a frequentar a igreja e apresentou indícios de que algo poderia estar errado: ela passou alguns dias sem aparecer nos cultos. Quando retornou ao templo, o pastor conversou com ela e soube que o motivo era um relacionamento em que a moça estava, no qual o rapaz a controlava. “Eu a orientei a se separar dele, porque poderia ser perigoso, mas ela optou por continuar o namoro. Algum tempo depois, eu vi no noticiário que ela havia sido assassinada pelo namorado”, lamentou.

O pastor Fonseca ressaltou que o papel da igreja é muito mais no sentido da prevenção, por meio do acompanhamento e aconselhamento do casal. No entanto, quando o caso de violência doméstica oferece risco à mulher e envolve denúncia, as possibilidades de se restaurar aquela relação ficam limitadas. Nesses casos, se o agressor for da igreja, as primeiras medidas serão a exclusão do rol de membros, além de reuniões para que ele seja disciplinado.

Já com relação à vítima, Fonseca orienta que ela procure as autoridades e busque acolhimento. “Como pastor, eu trabalho com misericórdia, com perdão. Quando a violência é verbal, ainda existe uma possibilidade de restauração. Mas o pastor não toma a decisão pelas pessoas. Ele é um conselheiro”, frisou.

Denúncia

Atualmente, há vários canais de denúncias aos quais as mulheres podem recorrer em casos de violência doméstica: alguns municípios têm a Patrulha ou Ronda Maria da Penha, que atende via telefone ou WhatsApp e aquelas que não conseguem ligar podem utilizar o “botão do pânico” por meio de um aplicativo.

As vítimas também podem recorrer a uma delegacia especializada da mulher, presente em vários estados, e registrar um boletim de ocorrência. O Disque Denúncia funciona 24 horas, sendo que o 180 é o número da Central de Atendimento à Mulher. Já o 100 é o número voltado para denúncias de abusos contra crianças e adolescentes.

É possível acessar o canal 180 pelo WhatsApp, é só enviar uma mensagem para o número (61) 9610-0180. O Conselho Nacional do Ministério Público possui a Ouvidoria das Mulheres para receber denúncias referentes à violência contra a mulher. O telefone é (61) 3315-9476 (WhatsApp) e o e-mail é [email protected].

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