Essa atuação profética e comunitária visa conscientizar o povo de Deus sobre sua dupla cidadania — terrena e celestial
Por Gilberto Garcia
A Constituição Federal estabelece que “Todo poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição”. Isso reforça que nossa democracia é popular e representativa, fundamentada no governo do povo, pelo povo e para o povo.
É importante destacar que as igrejas e seus líderes possuem o direito constitucional de manifestar seus posicionamentos ideológicos, fundamentados no legado judaico-cristão, eis que, direcionados para o espectro social conservador.
Aproveitemos a chance de promover debates construtivos sobre os programas partidários e projetos de poder, especialmente sob a perspectiva das diferentes ideologias políticas — direita, centro ou esquerda.
Utilizar a Bíblia Sagrada como referência nesses debates, seja em cultos públicos, escolas bíblicas, reuniões de oração, grupos de estudo, células nos lares etc, pode enriquecer a aplicação dos princípios cristãos no cenário político.
A liberdade de expressão assegurada pela Constituição de 1988 pode abranger manifestações ideológicas, filosóficas, religiosas e políticas, tanto nos púlpitos quanto nas redes sociais.


Orientar os fiéis sobre crenças, princípios e valores cristãos, e como esses elementos influenciam na escolha de candidaturas e partidos, é uma responsabilidade das lideranças religiosas.
Discutir projetos, propostas e programas partidários, promovendo debates que visem à implementação de políticas públicas alinhadas à ética cristã, contribui para o bem-estar da sociedade.
Além disso, incentivar a formação ou participação ativa em grupos que promovam encontros, debates, seminários e estudos sobre ideologias partidárias é um desafio relevante.
O período eleitoral deve ser uma oportunidade para que cada indivíduo ou grupo expresse sua visão de mundo, seja ela conservadora ou progressista, garantindo o respeito às diversas posições.
Durante as eleições não se pode privilegiar uma candidatura em detrimento a outras, proporcionando tratamento desigual entre os pretendentes a cargos eletivos dentro do processo das eleições.
Por isso, durante a campanha é proibido pela Lei a indicação de candidatos, pedido de votos, fazer ou deixar que se faça propaganda eletiva, no Espaço do Templo ou Dependências.
As igrejas têm uma oportunidade ímpar de capacitar seus membros sobre temas que afetam a comunidade, seguindo o exemplo de diversos grupos sociais que já exercem significativa influência nas mídias sociais e nos parlamentos.
Essa atuação profética e comunitária visa conscientizar o povo de Deus sobre sua dupla cidadania — terrena e celestial. Isso inclui engajamento em áreas como educação, assistência social, saúde, habitação, mobilidade urbana, tributação, segurança pública, saneamento básico etc.
Como alerta o Profeta Oseias: “Meu povo perece por falta de conhecimento” (Oseias 4:6). Portanto, é imperativo buscar e disseminar o conhecimento para promover uma sociedade mais justa e alinhada aos valores do Reino de Deus.
Gilberto Garcia é advogado, professor universitário, pós-graduado e mestre em direito. Presidente da Comissão de Direito e Liberdade Religiosa-IAB/Nacional (Instituto dos Advogados Brasileiros).