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quinta-feira, 28 março 2024

A ceia da Páscoa e os nossos dias difíceis

As instruções sobre a Páscoa são muito claras e úteis para os dias atuais. Elas livraram os israelitas dos terrores da visitação e da consequência final dela, a morte! Confira!

430 anos de escravidão e sofrimento. Gerações e gerações gemendo e sofrendo debaixo do jugo de Faraó. Lá estavam os descendentes de Abraão, Isaque e Jacó, no entanto a aflição não estava apenas sobre eles, muitos eram os povos dominados pelo Egito àquela época da história. O sofrimento era igual para todos os escravos, a esperança, porém, habitava somente no coração daqueles que criam nas promessas de Deus, mesmo que não fossem da linhagem de Israel.

Esse sofrimento de séculos não incomodava aos que se beneficiavam da escravidão, ao contrário, dores, gemidos, orações e cânticos de livramento noturnos entoados pelos enclausurados e acorrentados nutriam e acentuavam a indiferença dos algozes para com suas vítimas. A situação só mudou quando o sofrimento passou a ser comum a todos, ainda assim os encantadores da corte faziam seus truques para cauterizar as consciências palacianas à medida que as pragas enviadas pelo Senhor eram anunciadas e perpetradas pelas mãos de Moisés. É aqui que a história muda de rumo. A décima praga não poupou ninguém. Até os aposentos de Faraó foram visitados pela mortandade.

A situação que vivenciamos nos nivela enquanto humanidade frágil e suscetível às mesmas pragas. Não há lugar seguro, exceto na estrita observância aos preceitos das autoridades sanitárias e da nossa dependência do Senhor acima de todas as coisas. Que essa realidade nos conceda corações sensíveis e ouvidos apurados para discernir o lamento que ecoa das senzalas sociais do nosso tempo.

Aos israelitas no cativeiro egípcio foram entregues instruções que os livraria não dos terrores da visitação da mortandade, mas da consequência final dela. Ela não teria entrada nas casas internamente alimentadas pelo mesmo cordeiro que externamente as marcava com seu sangue, estabelecendo os limites da praga.

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Observando a instituição da Páscoa percebemos instruções que podem nos ensinar e inspirar nesse tempo de sofrimento em que fronteiras, classes sociais e poder econômico nada podem fazer para nos proteger.

A ordem era trancar a casa, juntar os seus e deixá-los a par do perigo que se avizinhava e também da realidade dos acontecimentos e livramento que viriam. As instruções sobre a Páscoa são muito claras e úteis para os dias que estamos vivendo. Cada uma delas nos ajudará a descansar nosso coração e transmitirmos aos nossos amigos que não creem a razão da esperança que há em nós. Veja se elas não se aplicam perfeitamente aos nossos dias:

Não precisa estocar comida. Deveriam preparar o suficiente para aquela noite. O que sobrasse seria queimado. Eles precisavam aprender o sentido de confiar no Senhor para a provisão diária. Isso seria relembrado por 40 anos ao colherem o maná. Algumas lições demoram para serem assimiladas. Ninguém precisa comprar além do costume. Essa noite vai passar e não podemos correr o risco de sermos maus mordomos por conta de uma situação transitória.

Pense no que você pode compartilhar. Convide seu vizinho e reparta sua refeição com ele, era a ordem. Se você tem mais do que o necessário, que tal compartilhar com alguém? Estamos todos no mesmo barco. Essa é uma boa oportunidade de exercitarmos a generosidade e demonstrar a bondade de Deus para com os que tem menos recursos. No final das contas, quando tudo passar, vocês irão para as ruas novamente e as relações precisam estar melhores do que antes. E há uma razão para isso, e vou mostra-la daqui a pouco.

Livrem-se das coisas contaminadas. Ao mandar comer a carne com pães asmos, o ensino era de que a massa tinha que ser nova, sem misturar com a massa velha que era guardada para fermentar. Era necessário se livrar da massa velha. Todos sabemos dos cuidados com a higiene que devemos ter nesse período, além do que se recomenda em períodos de normalidade sanitária. Mas que tal aproveitarmos essa “noite” que passaremos em casa para nos livrarmos de coisas que podem ser massa velha e começarmos um novo processo em nossa família.

Comam ervas amargas. Certa vez distribui uma folha de boldo para cada família da igreja na hora da santa ceia, pedi que dessem um pedaço para cada membro da família. As crianças não queriam de jeito nenhum, os adolescentes se recusaram terminantemente a mastigar o boldo. Alguns, como a Norma, nem fizeram cara feia. Precisamos deixar claro o porquê destes dias difíceis. Ouvi certa vez que sempre que quebramos uma lei a lei nos quebra lá na frente. Estamos passando por isso por conta das transgressões cometidas por nós e nossos antepassados, não como punição de Deus, jamais, mas como consequências naturais de todo desprezo e desobediência às leis naturais e espirituais que regem o bem viver. Seus filhos não vão gostar de ficarem presos em casa, talvez os pais sintam mais que os filhos. Não sabemos quanto tempo durará essa “noite”, mas ela vai passar. É necessário entender e interpretar o amargor dos tempos ruins para poder valorizar os tempos que virão.

A Páscoa é para todos. Eu falei anteriormente sobre ser generoso com os menos favorecidos. E disse que havia uma razão para essa atitude. Quando os israelitas saíram do Egito, diz a Bíblia que um misto de gente saiu junto com eles. Estes foram influenciados por aqueles. E ainda foi dito que eles também poderiam comer da Páscoa a cada celebração, se sujeitariam às mesmas leis e desfrutariam dos mesmos privilégios, uma vez que creram e foram circuncidados, fazendo aliança com o Deus de Israel.

Estejam preparados para o amanhecer. Quero mesmo encorajá-los com essa palavra: Isso tudo vai passar! Não se prostrem, não fiquem perplexos, nem desanimados achando que é o fim. A sua atitude deve ser como a que eu tinha quando criança, na véspera de ir à praia: Era o primeiro a acordar e já saia de casa pronto para entrar na água! Cingir os lombos significava estar pronto para ir pra rua, sandálias nos pés e cajado na mão era pra saber que não era uma ida ao mercado, era uma viagem que começaria ao amanhecer. Creio que a nossa jornada está apenas começando, temos trabalhado muito duro, mas é para o Egito e Faraó. Começaremos um novo ciclo histórico depois dessa noite. Estejam prontos, a jornada está para começar. Animem seus familiares, ensinem seus filhos, não soneguem a eles estas coisas, compartilhem as boas-novas com seus vizinhos.

As escolas voltarão a receber seus alunos, trabalhadores formais e informais voltarão às suas atividades, pode ser que demore um bom tempo até tudo se normalizar. Também foi assim para os israelitas. Levaram 40 anos para chegar em Canaã.

O importante é, findada a “noite”, pôr os pés no caminho, trabalhar duro e confiar que o Senhor cuidará de todos nós!

O Senhor está agindo para nos dar grande livramento!


Dinart Barradas é pastor e diretor do ministério de Educação de Filhos (GFI) da Universidade da Família (UDF) de São Paulo.

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