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sexta-feira, 19 abril 2024

“Mãe poderia ter evitado a tragédia”, diz promotoria

Foto: Reprodução

Para a Justiça, Juliana Salles sabia dos abusos sofridos pelos filhos e foi omissa. George teria tramado o crime para obter uma ascensão religiosa

Caso Linhares – Juliana Salles foi presa na madrugada desta quarta-feira (20), no município de Teófilo Otoni, em Minas Gerais. Ela é mãe dos irmãos Joaquim Alves, de 3 anos, e Kauã Salles Burkovsky, de 6 anos, mortos no incêndio em Linhares (ES) e esposa de Geogerval Alves. Ambos lideravam a Igreja Batista Vida e Paz, instituição não reconhecida pela Convenção Batista Brasileira (CBB).

Na última segunda-feira (18), o juiz André Bijos Dadalto, da 1ª Vara Criminal de Linhares, expediu o mandado de prisão para a Juliana, que se apresenta como pastora, por homicídio qualificado. A ação foi cumprida pela Polícia Civil de Minas Gerais. Para a Justiça, Juliana sabia que os filhos eram abusados e foi omissa.

Acusação

De acordo a polícia mineira, Juliana Salles estava na casa de um pastor no momento da prisão, no bairro São Francisco, em Teófilo Otoni. O município é o mesmo em que Juliana Salles participou de um congresso religioso no dia 21 de abril, data em que ocorreu o incêndio na residência onde morava com o marido, popularmente conhecido como George Alves e os filhos.

O Ministério Público do Espírito Santo pediu a prisão preventiva de Juliana Salles, por prazo indeterminado, pelos crimes de duplo homicídio, estupros de vulneráveis e fraude processual, por alteração da cena do crime. O acusado Georgeval responderá ainda pelo crime de torturas.

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“Após inúmeras diligências temos provas contundentes de que a mulher conhecia o desvio de conduta do marido, assim como os problemas com sua sexualidade e mesmo assim deixou os filhos com ele. A omissão de uma mãe nesse caso tem valor equivalente ao crime”
Promotora de Justiça, Rachel Tannenbaum

Em entrevista coletiva concedida nesta quarta-feira na 1ª Vara Criminal de Linhares, o Ministério Público do Espírito Santo informou que Georgeval Alves e Juliana Salles serão levados a júri popular pelas mortes dos irmãos Kauã Salles Butkovsky e Joaquim Salles Alves, assim que se esgotarem as etapas do processo aberto contra os dois.

Na decisão, o juiz relata que Georgeval Alves buscava, em parceria com a esposa, uma ascensão religiosa e aumento expressivo na arrecadação de valores por fiéis. Por essa finalidade, segundo a decisão do magistrado, Georgeval ceifou a vida dos menores Kauã e Joaquim para se utilizar da tragédia em seu favor.

O CASO

No dia 21 de abril, um incêndio matou os irmãos Kauã, de 6 anos, e Joaquim, de 3, em Linhares, norte do Espírito Santo. As crianças estavam dentro de casa e o quarto deles pegou fogo durante a madrugada. Georgeval Alves, pai de Joaquim e padrasto de Kauã, era o único que estava em casa com as crianças. Mas disse que não conseguiu salvá-los.

Geogerval foi preso uma semana depois para não atrapalhar as investigações. O então conhecido como pastor George cumpre prisão temporária no Centro de Detenção Provisória de Viana II.

Proteção à criança

Diante da prisão de Juliana Salles, o filho mais novo dela, de 2 anos, está sob custódia do Conselho Tutelar de Linhares (ES). O pedido foi feito pela Promotoria da Infância e da Juventude do município.

O menino vai passar por um exame e o Conselho Tutelar. O juiz da 1ª Vara Especializada da Infância e da Juventude, Gideon Drescher, entendeu que a guarda não poderá ir para a avó materna do menor. Ele justificou a decisão alegando o risco que a criança pode enfrentar, já que a mãe enfrenta denúncias criminais.


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