back to top
22.7 C
Vitória
quinta-feira, 12 DE dezembro DE 2024

Câmara dos Deputados convoca Ministro da Educação para esclarecer resolução que aborda igualdade de gênero

O deputado Nikolas Ferreira (PL-MG) justificou que a Resolução do Conselho Nacional de Educação é inconstitucional - Mário Agra/Câmara dos Deputados

Requerimento, de autoria do deputado Nikolas Ferreira, foi aprovado na Comissão de Educação na última quarta-feira (30)

Por Michelli de Souza

A polêmica em torno da Resolução do Conselho Nacional de Educação (CNE)/CEB nº 1/2024 também chegou na Câmara dos Deputados. O documento, que inclui a igualdade de gênero nas novas diretrizes no âmbito da educação infantil, causou insatisfação no deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG). Ele é autor do Requerimento nº 218/2024, que convoca o Ministro da Educação, Camilo Santana, a comparecer em Plenário para prestar esclarecimentos acerca da Resolução. 

A proposição de Nikolas Ferreira foi aprovada na Comissão de Educação, na última quarta-feira (30), e transformada em convite. A Resolução prevê, em alguns trechos, o respeito à diversidade de gênero, o combate à discriminação de gênero e a valorização da igualdade de gênero. Conforme a publicação no Diário Oficial da União (DOU), o documento entrou em vigor na data de hoje (01) e é válido em todo o território nacional.

- Publicidade -

De acordo com o requerimento feito pelo deputado, o documento do CNE apresenta vício de motivação, de constitucionalidade e de legalidade, além de contrariar o interesse
público. Na justificativa, Ferreira afirma que a normativa “extrapola o poder regulamentar ao introduzir conceitos sobre arranjos familiares que divergem das definições constitucionais e do Código Civil, que estabelece as entidades familiares reconhecidas pelo Estado”, diz o texto. Nesse sentido, o deputado justifica que o Poder Legislativo é o único que tem competência para criar normativas que versam sobre a estrutura familiar, o que tornaria esta resolução inconstitucional.

LEIA MAIS
Cristãos enfrentam "futuro incerto" com a queda de al-Assad na Síria Cristãos enfrentam “futuro incerto” com a queda de al-Assad na Síria - Desde que o grupo terrorista HTS assumiu o poder em Alepo, muitos cristãos fugiram, deixando para trás um grupo pequeno, mas decidido, tentando manter a…
STF declara inconstitucional lei que proíbe linguagem neutra em escolas STF declara inconstitucional lei que proíbe linguagem neutra em escolas - A ministra Cármen Lúcia destacou que os municípios não têm autoridade para legislar sobre currículos, conteúdos programáticos ou metodologias de ensino

Proposição prevê sustação da normativa

A deputada Missionária Michele Collins (PP-PE) apresentou, na última quarta-feira (30), o Projeto de Decreto Legislativo (PDL), que susta parcialmente a Resolução CNE/CEB nº 1/2024. A proposição suspende o inciso VI do parágrafo 1º do artigo 10: “o reconhecimento e a valorização da igualdade de gênero e o combate às diferentes formas
de discriminação e manifestações de preconceito que hierarquizam meninas e meninos, homens e mulheres”. O trecho se refere às diretrizes e ações que irão nortear as práticas cotidianas e os documentos institucionais no âmbito da educação infantil.

Na proposição, a deputada justifica que a Resolução quer instituir a ideologia de
gênero nas atividades educacionais de crianças com menos de 5 anos de idade. Para ela, esse assunto é inadequado nessa fase da vida, “visto que a infância é uma fase essencial para o seu desenvolvimento, podendo ir de encontro à ordem jurídica que garante o direito constitucional da família de criar e educar os filhos de acordo com as suas convicções”, consta no texto. 

Câmara dos Deputados convoca Ministro da Educação para esclarecer resolução que aborda igualdade de gênero
A deputada federal Missionária Michele Collins defende no projeto que a abordagem sobre igualdade de gênero é inadequada para crianças menores de 5 anos – Foto: Divulgação

Collins reitera que a palavra “gênero” foi excluída da Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014, que aprovou o Plano Nacional da Educação (PNE), além de também ter sido retirada da Lei nº 13.415/2017, que regulamentou a Base Nacional Comum Curricular (BNCC).

Advogada afirma que normativa invade competência familiar e legislativa

A advogada Danielle Gonçalves Maria Leão Gomes, que integra o Instituto Brasileiro de Direito e Religião (IBDR), avalia que, embora a Resolução busque criar um ambiente educacional e inclusivo, ela interfere em questões que são de competência familiar e também legislativa, e não do poder executivo.

“A Constituição Federal assegura a proteção da família como base da sociedade e estabelece o direito e dever dos pais na criação e educação dos filhos, estabelecendo o papel central da família no desenvolvimento moral e educacional das crianças, atribuindo aos pais a responsabilidade pela condução dos valores familiares na educação dos filhos”, ressaltou Gomes.

Ainda segundo a jurista, “diante do estabelecido pela norma jurídica brasileira, caso ocorra uma discussão sobre a inclusão de um tema tão sensível no currículo educacional, tal deve ocorrer nas casas legislativas, com a devida participação e representação da sociedade, e não em mera resolução do poder executivo”, acrescentou. 

Câmara dos Deputados convoca Ministro da Educação para esclarecer resolução que aborda igualdade de gênero
A advogada do IBDR Danielle Maria afirma que a resolução do CNE é inconstitucional – Foto: Divulgação

Nesse sentido, a advogada acredita que a Resolução deve ser revista, visto que, conforme foi abordado, tanto no requerimento de Nikolas Ferreira quanto no PDL de Michele Collins, a normativa fere princípios constitucionais e vai de encontro ao que está ratificado na Convenção Americana de Direitos Humanos e no Código Civil, que estabelecem o direito dos pais sobre a educação moral e religiosa dos filhos. 

“Quando o texto [da Resolução] fala ‘com o intuito de evitar práticas discriminatórias, práticas antirracistas’, ainda que, eventualmente, tais práticas venham a ocorrer, os pais já são responsáveis pelos atos dos seus filhos menores, logo, isso não pode ser uma justificativa. Então esse conjunto de normas vai impor aos pais o dever jurídico de assistência e orientação moral que não justifica a intervenção do Estado em questões sensíveis na educação dos filhos”, pontuou Danielle Maria.

Leia mais:

Parlamentares requerem alteração em resolução do MEC que menciona igualdade de gênero

Moção de repúdio contra Resolução do MEC é aprovada na Câmara de vereadores de Curitiba

 

Receba notícias no seu WhatsApp

Receba as novidades no seu e-mail

Acompanhe nosso canal no Google news

- Publicidade -

Matérias relacionadas

Publicidade

Comunhão Digital

Publicidade

Fique por dentro

RÁDIO COMUNHÃO

VIDA E FAMÍLIA

- Publicidade -