Apesar da comemoração do Natal começar mais cedo cada ano, a causa, o motivo e a razão do Natal estão ficando em um passado cada vez mais longe
Por José Ernesto Conti
Cada ano que passa, parece que estamos trocando a importância pela festa no Natal. A sensação que temos é que, apesar da comemoração do Natal começar mais cedo cada ano, a causa, o motivo e a razão do Natal estão ficando em um passado cada vez mais longe.
Lembro da grande expectativa que acalentava nossos corações pelo dia de Natal, não só pelos presentes, mas havia uma certa magia pela “noite de Natal”. Hoje em dia, talvez pela dureza da vida, da luta pela sobrevivência ou talvez pelo advento da internet onde tudo acontece imediatamente, não dá nem para ter expectativa. As empresas de tecnologia, deixam para lançar seus produtos nessa época, criando muito mais expectativa nos produtos do que de fato pelo Natal.
Mas qual a importância da expectativa no Natal? É que o Natal é a história sendo contada, permitindo a cada pessoa sentir a expectativa da chegada do Messias que os libertaria e os levaria de volta ao nosso criador. É a expectativa sendo narrada das mais diversas formas, de acordo com cada cultura e fé, da forma como é sentida por cada ser humano, ou seja, algo muito pessoal e intrasferível. É a vida tomando forma e adquirindo sentido em um mundo que luta para não querer mais ter essa expectativa.
O nascimento de Cristo naquela manjedoura na cidade de Belém, pequena demais para figurar como um dos orgulhos de Judá, foi o coroamento de toda essa expectativa, pois dali sairia o que há de reinar em Israel, cujas origens são desde os tempos antigos, ou melhor, desde a eternidade (Mq 5:2).
Quer expectativa maior? Quer razão maior para cantar glória a Deus nas maiores altura e paz na terra aos homens a quem ele quer bem? Talvez maior que isso só o anúncio do anjo: “Não temais; eis aqui vos trago boa nova de grande alegria, que o será para todo o povo: é que hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o SALVADOR, que é CRISTO, o SENHOR.” (Lc 2:10..).
Natal sem este sentimento não é natal. É apenas uma lembrança, mas sem celebração. Daí a razão pela qual estamos vendo, ano após ano, que o natal perdendo seu sentido e sua importância, que tinha anos atrás. Só nos preocupamos com o “aqui e agora”. Mas ainda temos muitos olhando para o mesmo natal que nossos antepassados viram, sem tirar os olhos de um natal que vai chegar. Se não tivermos, todo ano, aquela manjedoura na cidade de Belém, os anjos cantando, os pastores vigiando… Nunca mais saberemos o que é o natal. Se não ouvirmos nossos corais cantando, nossas igrejas em festa, nunca entenderemos o que Deus fez por nós. Se não chorarmos de emoção, de expectativa por esta noite, nunca sentiremos o que é natal. Será que estamos perdendo o verdadeiro Natal para sempre?
José Ernesto Conti é pastor da Igreja Congregação Presbiteriana Água Viva e engenheiro mecânico