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sábado, 20 abril 2024

Brasileira cria projeto que conecta pacientes isolados

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Foto: Reprodução

Em 15 dias, iniciativa distribuiu 700 tablets com acesso à internet por toda a Espanha. O país é um dos mais atingidos com a pandemia do coronavírus

A brasileira Giovanna Angiolillo, 44 anos, que mora em Madri, na Espanha, pôs em prática sua experiência de diretora comercial. E montou o “Acortando la Distancia”. Uma ação que em menos de 15 dias levantou 2 mil dispositivos com conexão de internet. E já distribuiu 700 deles por toda a Espanha.

“A empresa me mandou para casa. E depois de uma semana estava subindo pelas paredes. Meu trabalho é de porta a porta. Era impossível me reunir com clientes. Li o post de uma enfermeira que contava como era triste ver os pacientes isolados morrerem sozinhos, sem poder dar adeus à família. Queria reproduzir na Espanha uma iniciativa que tinha visto na Itália, chamada ‘O direito de se despedir'”, contou.

A ideia

Segundo Giovanna, a enfermeira se desdobrava para colocar, sozinha, depois da jornada no hospital, com seu próprio celular, pessoas para se despedir dos pais.

“Eu estava pensando o que poderia fazer com meu conhecimento e o tempo que agora sobrava. Abri o e-mail e escrevi para a enfermeira: ‘Não sou empresária, não posso doar tablets ou smartphones, mas conheço muita gente e posso dar forma ao projeto’. Na segunda-feira pela manhã ela me telefonou do hospital. Meu projeto era ir além da morte, não servir apenas para despedidas, mas para conectar as pessoas”, afirmou.

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Alcance de todos

Giovanna mora em Madri desde 2001. A cidade é uma mais atingidas pela pandemia de coronavírus. Assim que conversou com a enfermeira, a publicitária brasileira comprou um domínio na internet, criou o site, fez o primeiro vídeo e soltou nas redes. E então nasceu o projeto.

“A essa altura precisávamos de três coisas: dispositivos, conexão de internet e uma organização social, para a parte jurídica. Naquele mesmo dia, uma empresa de telefonia comprou 2 mil dispositivos e doou toda a conexão de que precisássemos. Não adianta sair correndo pela rua, um punhado de aficionados. Chamei um amigo para ajudar com a organização, e o apoio do município de Madri deu respaldo institucional”, revelou.

A intenção com o projeto era atingir o máximo de pessoas possíveis. Em 72 horas foram mais de 10 mil seguidores. Mais de 700 aparelhos foram distribuídos em menos de uma quinzena.

“Levamos também para os asilos, porque lá os idosos já estavam sem contatos uma semana antes da quarenta. São pessoas afastadas da tecnologia, já muito sozinhas, e que se desorientam”.

Resultados

Segundo a publicitária, o projeto alcançou grandes resultados em proporções gigantescas. Foi uma cadeia de generosidade entre as pessoas. Muitos escrevem para doar, dar dinheiro. Outras mensagens são de tristeza porque morreram antes, mas de felicidade também.

“Gente agradecendo, outros dizendo que, infelizmente, não chegou a tempo porque a pessoa querida morreu antes. Gente contando como foi fundamental poder se despedir. Mandam vídeos, até entubadas as pessoas falam com os filhos”, diz.

Giovanna pretende manter o projeto nos asilos e nos hospitais, na oncologia infantil. Ou onde a internação é mais longa. Mas ela se sente feliz e realizada por ter feito algo em um momento tão difícil.

“Posso dizer que salvei muita gente. Mas esse projeto também me salvou. Se a gente para e pensa, no meio de tanta dor, há muito aprendizado. Estou aqui longe do meu país, da minha mãe, e com o dilema sobre qual o limite de sair de casa para ajudar aos outros, qual o risco.

A cada vez que uma enfermeira agradece eu penso ‘meu Deus, como pode uma delas agradecer para mim, que não sou nada. Elas é que estão se expondo, limpando muco contaminado’. Mas sinto muito orgulho do que fui capaz de fazer com minha formação, minha rede de contatos. Baseado naquilo em que acredito, criatividade, solidariedade e tecnologia. Numa hora de tanta dor e distância, a gente conseguiu se juntar”, declarou.

Brasil

Giovanna está pensando se leva o projeto para o Brasil. “Porque o bem não tem fronteira. A solução veio acelerada e provocada por essa crise, mas fazer contatos é uma necessidade que existe sempre. Com apoio, poderíamos espalhar no Brasil rapidamente”, concluiu.

*Com informações de Folhapress 

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