Mais da metade dos brasileiros declarou se sentir sozinho e que o sentimento aumentou nos últimos seis meses
Por Marlon Max
A solidão tem sido um sentimento recorrente para metade da população do Brasil. De acordo com o levantamento “Perceptions of the Impact of Covid-19” (Percepção do Impacto da Covid-19 — em português), o número de brasileiros que se sentem sozinhos passa a média mundial. A pesquisa foi realizada pela Ipsos com pessoas de 28 países, sendo mil brasileiros. 52% afirmaram que sentem solidão, sendo a média mundial 48%.
A sensação de solidão aumentou no primeiro semestre de 2021, segundo 52% dos brasileiros. Para 43% das pessoas que responderam a pesquisa no Brasil, o último semestre gerou impacto negativo em sua saúde mental. Especialistas em saúde mental entrevistados pela Comunhão explicaram que esse sentimento de solidão não é próprio do isolamento da pandemia, mas é algo estrutural com origem na infância.
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“Se na infância não houve uma separação adequada dos pais com o filho, essas crianças crescem inseguras, sem se sentir pertencentes a nenhum ambiente e com dúvidas se são amadas. Por isso a infância é tão importante para a formação da identidade, porque uma pessoa que cresceu em um lar saudável não terá problemas com a solidão em algum momento da vida adulta”, esclarece o médico.
Para o pastor, escritor e psicanalista Fabio Tristão, dado ao isolamento, as pessoas estão ficando com menos amigos. De acordo com o pastor, há uma diferença entre solidão e solitude, ele explica que um é prejudicial, mas o outro é um tempo de crescimento. “Uma pessoa em solitude está com o propósito de buscar intimidade, de se autoconhecer e reflexão”, esclarece.
Tristão ainda lembra do profeta Elias que a Bíblia narra um momento de isolamento. “Quando Elias entra na caverna, ele está em um lugar que não tem conforto, com perigos e escuro. Assim acontece com a pessoa que vive em solidão. Ela está em um lugar que pode apresentar perigos, às vezes até desencadear um quadro de depressão, onde a pessoa não se sente amada (…) Nesse estágio, a pessoa começa a se esconder, achando que só na solidão ela está protegida”, explica o psicanalista Fabio Tristão.