“É preciso resiliência para se posicionar contra a participação na disseminação de mentiras”, avaliam os autores do relatório da UFRJ
Por Patricia Scott
“Caminhos da desinformação: evangélicos, fake news e WhatsApp no Brasil”. Este é o título da pesquisa realizada, no segundo semestre de 2021, pelo o Instituto Nutes de Educação em Ciência e Saúde da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). O relatório, divulgado recentemente, expõe os dados sobre a desinformação relacionada à expansão das mídias digitais. Dessa forma, o foco é analisar as atitudes dos evangélicos em relação às ‘fake news’ e seu impacto nos grupos religiosos do WhatsApp.
Os dados levantados pela pesquisa revelam que 49% dos evangélicos brasileiros afirmam ter recebido ‘fake news’ em alguns de seus grupos de contato religioso. Outros 29,7% dos evangélicos reconheceram que compartilharam informações mesmo sabendo que não eram verdadeiras. “É preciso resiliência para se posicionar contra a participação na disseminação de mentiras”, avaliam os autores do relatório.
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Segundo o levantamento, mais de 61% dos entrevistados afirmaram que a política é “tema recorrente” nas notícias falsas que viram circular em grupos religiosos do WhatsApp. Por outro lado, 33% admitem recorrer mais a “conhecidos” do que à mídia para obter informações. Já pouco mais de 13% dos entrevistados pensam em pastores e líderes de igreja como a “fonte de informação mais confiável” .
Os estudiosos advertem que “o sistema de circulação de fake news faz parte dos meios digitais e tem uma forte componente emocional e de confiança, o que gera a necessidade de “uma leitura crítica ”. Os pesquisadores da UFRJ alertam para o “uso intenso de grupos religiosos de WhatsApp, que é difundido entre os evangélicos”.
De acordo com os estudiosos, até 90,4% dos evangélicos, no Brasil, participam desse tipo de grupos. Já entre os católicos, o percentual cai para 71%. “Talvez isso explique em grande parte a maior percepção da circulação de desinformação entre as pessoas desse segmento [evangélicos]”, concluem os autores.