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sábado, 20 abril 2024

Biólogos tentam salvar espécies na Reserva de Comboios antes de chegar a lama de barragens

Analistas e biólogos da Reserva Biológica de Comboios, localizada em Regência estão recolhendo peixes e outras espécies na foz do Rio Doce antes que a lama de rejeitos chegue a Linhares. 

A intenção é manter as espécies vivas em cativeiro para repovoar o rio quando a água estiver em condições normais, segundo informou o analista do Instituto Chico Mendes e coordenador da Reserva de Comboios, Antônio de Pádua. “Depois que isso tudo passar precisamos ter espécies para distribuir no rio quando a água ficar em condições normais. Estamos coletando também amostras do solo agora, faremos durante a passagem da mancha e depois. Assim poderemos monitorar quando as espécies poderão voltar a seu habitat. É o que podemos fazer diante da situação”, explicou Antônio.

Uma barragem foi levantada na foz para tentar diminuir o impacto da chegada da lama, mas ainda assim, os rejeitos devem chegar ao mar. A previsão e de que este final de semana ou no máximo no início da próxima semana, a mancha esteja no litoral capixaba. E ainda existe a possibilidade das marés espalharem os rejeitos por outras praias do litoral Norte.
Uma comissão da Assembleia Legislativa esteve em Regência, fazendo uma reunião com todos os órgãos ambientais no Projeto Tamar. A comissão foi composta dos deputados Theodorico Ferraço, Da Vitória, Guerino Zanon e Eliana Dadalto, além do secretário chefe da Casa Civil, Paulo Roberto, discutindo como o Legislativo pode ajudar, mas nada foi deliberado da reunião.
A presidente Dilma Roussef está passando pela região do Rio Doce hoje (12), uma semana depois da tragédia. Acompanham ainda a presidente, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, e o ministro das Cidades, Gilberto Occhi.
Em Minas Gerais, acompanha a delegação o governador Fernando Pimentel e o prefeito de Mariana, Duarte Júnior. Ela sobrevoou os distritos de Bento Rodrigues e Paracatu, na região de Mariana.
Logo depois, se encaminhou a Governador Valadares, onde a captação de água para o abastecimento da população está suspensa por causa da onda de lama que inundou o Rio Doce. Em seguida, chegará a Colatina, no Espírito Santo, onde se reunirá com o governador Paulo Hartung.

Biólogos tentam salvar espécies na Reserva de Comboios antes de chegar a lama de barragens

Valadares em desespero
A situação em Governador Valadares é grave e a população está disputando água. Foi preciso a intervenção da polícia em alguns pontos da cidade por conta do desespero para conseguir água potável.
De acordo com prefeitura do município mineiro, as análises da água do Rio Doce no local apresentaram altas concentrações de ferro, alumínio e manganês. As amostras apontaram uma concentração de alumínio de 64,5 mg, enquanto o aceitável máximo é de 0,01 mg; e a quantidade de manganês que poderia ser de até 0,1mg, estava em 118 mg.
A gravidade da situação ainda é maior com a confirmação de uma trinca em uma terceira barragem, a de Germano, em Mariana, que está deixando a população mineira e dos municípios capixabas de Baixo Guandu, Colatina e Linhares ainda mais preocupadas com os impactos ambientais, principalmente, com a qualidade da água do rio Doce.
Na manhã desta quarta-feira (11), moradores que seguiriam para o distrito de Bento Rodrigues foram impedidos de passar pela Polícia Militar (PM). Em um vídeo, que rapidamente se espalhou nas redes sociais, o tenente Sebastião Nogueira, do Batalhão de Choque da 3ª Companhia de Missões Especiais de Lagoa Santa, responsável por restringir o acesso, explicou aos moradores que a distância do bloqueio foi estendida de três quilômetros para 10 quilômetros, a fim de aumentar a segurança da população, em consequência das intervenções que já estavam sendo realizadas na mina de Germano.
À tarde, em entrevista coletiva na sede da Samarco, em Mariana (MG), o presidente da mineradora, Ricardo Vescovi, confirmou que estão sendo realizadas obras na barragem de Germano. “As estruturas estão estáveis, mas é preciso reforçar a segurança das paredes. Isso está sendo feito com apoio dos bombeiros para garantir a segurança das pessoas”, declarou. Segundo Vescovi, a situação da barragem de Germano está sendo avaliada desde quando as minas de Fundão e Santarém se romperam, na última semana, “Estamos monitorando, instalamos radares. Identificamos a necessidade de reparos”, disse o presidente da Samarco.
O Superintendente da Defesa Civil de Minas Gerais minimizou os riscos do rompimento. “Teve lá (em Germano) um tremor de terra de 2.1 graus ontem (terça-feira), por isso foram retiradas as pessoas que estavam na frente. Engenheiros estão avaliando as rachaduras e providenciando reforço. As possibilidades de rompimento são mínimas, mas mesmo assim, já está feito o reparo desta estrutura.”. Em consequência do reparo, a estratégia de busca foi alterada por causa do risco do rompimento da maior represa da Samarco na região, informou o Corpo de Bombeiros.

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Biólogos tentam salvar espécies na Reserva de Comboios antes de chegar a lama de barragens

O Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) divulgou um relatório informando que foram 50 milhões de metros cúbicos de lama jogados na bacia hidrográfica do Rio Doce.
Diferente do que se esperava e chegou a ser noticiado na segunda-feira (9), somente na manhã desta quinta-feira (12) a onda de lama está chegando ao município mineiro de Resplendor, a 45 quilômetros de Baixo Guandu. Segundo o boletim emitido pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM), a onda de lama deve chegar a Baixo Guandu, nesta sexta-feira (13). Já em Colatina, a previsão é que chegue entre o sábado (14) e o domingo (15). Em Linhares, última cidade até que a onda atinja o mar, expectativa de que aconteça entre segunda (16) e terça-feira (17).
Presidente do Comitê da Bacia Hidrográfica do Rio Doce e também prefeito de Colatina, Leonardo Deptulski, garantiu que até agora a água está em condição de consumo. Segundo ele, normalmente é realizada uma análise mais completa da água a cada três meses, incluindo indicadores como mercúrio, arsênio, ferro e manganês. “Antecipamos essa análise que seria em dezembro e o resultado aponta os mesmos padrões registrados nas análises anteriores de julho e setembro”, explicou.

Ações na Justiça
Na tarde de ontem (11), O Governo do Estado ajuizou uma ação cautelar contra a Samarco pelo não cumprimento de alguns autos da intimação enviada à empresa pelo Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Iema) no último domingo (8). De acordo com o Procurador Geral do Estado, Rodrigo Rabello, a mineradora deveria apresentar, em caráter emergencial, um plano de fornecimento de água potável às áreas atingidas e um plano de mitigação dos efeitos à fauna e à flora nas regiões afetadas, o que não foi feito. Por conta disso, a Samarco deverá ser multada. A ação foi protocolada na Vara dos Feitos da Fazenda Pública Estadual, de Registros Públicos e do Meio Ambiente da Comarca de Colatina.
Na ação protocolada na Justiça, o governo pede que a mineradora cumpra as seguintes exigências: distribuição de água para consumo humano e animal em caso de desabastecimento das cidades; elaboração de um plano de comunicação; promoção de todo apoio ao município e à população capixaba atingida pela lama e resgate e remanejamento da fauna aquática por meio de equipes especializadas.
O secretário de Meio Ambiente do Estado, Rodrigo Júdice, destacou que o pedido de remanejamento da fauna aquática foi definido após a situação verificada em Governador Valadares em que os peixes do Rio Doce foram mortos, asfixiados pela onda de lama.
Também nesta quarta, a ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, declarou que o governo federal irá analisar eventuais punições às empresas responsáveis pelas duas barragens. Segundo ela, caso fique comprovado o descumprimento de alguma norma legal, o governo irá, sim, punir as empresas. Apesar disso, Izabella Teixeira adiantou que, neste momento, todos os esforços estão no socorro das vítimas e na avaliação do acidente.

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