Livro “Enfin Libre” (Enfim Livre), que conta a biografia de Asia Bibi seria lançado em setembro. Mas a cristã negou sua participação em entrevista à Voice of America Urdu. Atitude pode ser consequência de estresse e ameaças de extremistas
Em entrevista à Voice of America Urdu em 31 de agosto, Asia Bibi se dissociou da biografia dela, que será lançada no fim de setembro. A atitude da cristã causou espanto em vários ativistas de Direitos Humanos. O livro estava sendo escrito pela jornalista francesa Anne-Isabelle Tollet.
“Eu não estava envolvida na elaboração da obra. Não sei quando ela escreveu, de quem é a história e quem a guiou para o livro. Não concordo absolutamente, porque não é minha autobiografia”, afirmou ao programa televisivo.
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Em fevereiro, a cristã paquistanesa deu uma entrevista coletiva na França para divulgar a biografia “Enfim Livre” (tradução livre). Na ocasião, ela respondeu algumas perguntas sobre os anos no corredor da morte e agradeceu a todos que oraram por ela.
Os parceiros locais da Portas Abertas lamentaram as polêmicas que surgiram em nível internacional. “Estamos tristes com a confusão que foi criada na semana passada sobre os eventos em torno da conhecida história de Asia Bibi. Houve momentos em que sentimos a derrota, mas talvez nenhum foi como o sentimento de agora”, explicou um colaborador.
Ele acredita que a decisão da cristã foi uma resposta ao assédio que enfrentou desde que foi absolvida. “Ela também foi lançada em uma guerra entre organizações seculares e missionárias, o que teria sido extremamente estressante e desorientador para alguém de origem rural como ela”, justifica.
Tempo de parar
Para o missionário colaboradora de Portas Abertas, Asia Bibi precisa de um tempo em anonimato para se recuperar e curar dos traumas causados pelos nove anos de prisão.
“Isso exigirá tempo, esforço e um trabalho consistente. Ela ainda é um alvo para extremistas. Nossa esperança é que Asia receba tempo e apoio, e que os governos e as pessoas em posições de autoridade reconheçam que ela está sob ameaça e precisa mais do que nunca ser protegida, equipada e ajudada para ser integrada a uma vida privada e funcional”, afirma.
Ele ainda lembra que a saúde mental, espiritual e física da cristã é prioridade. “Contar a história dela é algo secundário em relação à segurança, saúde e testemunho cristão dela”.
Asia Bibi passou nove anos no corredor da morte, acusada de blasfemar contra o islã. Em 2018, a denúncia contra ela foi rejeitada pela Suprema Corte do Paquistão, mas ela precisou permanecer mais sete meses sob proteção judicial. No ano seguinte, ela conseguiu reencontrar o marido e as filhas no Canadá e, desde então, vive no país.
*Com informações de Portas Abertas