Deus disponibilizou uma armadura completa para a defesa dos cristãos durante a batalha contra o inimigo. Vesti-la adequadamente é a garantia da vitória
A armadura de Deus se divide em seis partes: [1] cinto da verdade, [2] couraça da justiça, [3] sandálias da paz, [4] escudo da fé, [5] capacete da salvação e [6] espada do Espírito. Há cinco elementos de defesa e apenas um de contra-ataque. Todos, no entanto, completam-se para que o cristão vença as batalhas desta vida.
O estabelecimento de uma boa defesa é uma das estratégias de batalha mais antigas da história. Temos um registro disso no livro “A Arte da Guerra”, do famoso general Sun Tzu. Especialista no assunto, ele diz que “a invencibilidade está na defesa”. A descoberta do autor reconhece a legitimidade da advertência bíblica a respeito da necessidade de uma proteção assertiva aos ataques frequentes do diabo.
Na epístola aos Efésios, escrita durante sua primeira prisão em Roma, Paulo usou a figura de um soldado romano, vestido de uma armadura forte (Efésios 6:10-18), porque era um cenário daquela época que todos conheciam bem. Sua intenção foi instruir e preparar os crentes acerca do uso correto de cada uma das seis partes da armadura de Deus.
Ao destacar sua finalidade, o apóstolo revelou a arte de ser invencível numa guerra espiritual. Todo bom combate envolve a capacidade de defesa e ataque do soldado. Concentrar toda energia em apenas uma dessas ações abrirá uma brecha enorme para o adversário lançar seus dardos. Utilizando uma figura mais atual, muitos boxeadores são defensivamente bons porque adquiriram uma capacidade subconsciente de prever os golpes que virão do oponente.
Esse “domínio” da imprevisibilidade é fundamental para vencer adversários porque trabalha a defesa rápida do lutador. Por exemplo: as esquivas são movimentos para se desviar dos golpes e fazem parte dos fundamentos básicos do boxe. Voltando à carta de Paulo, ele recomenda colocarmos em Deus a nossa força – “Sermos fortalecidos no Senhor”. Trata-se de um instrumento que nos leva a uma relação de dependência de Deus. E a expressão “na força de Seu poder” serve-nos como atitude de confronto.
Veja os elementos da armadura
Por isso é tão importante o cristão entender o significado que há por trás de cada parte da vestimenta espiritual e crer que isso vai gerar em nós uma total dependência de Deus.
Na edição anterior, a revista Comunhão destacou os três primeiros itens da armadura de Deus contra os dardos inflamados do diabo e que auxiliam no resguardo pessoal: cinto da verdade, couraça da justiça e sandálias da paz. Nesta segunda parte da matéria, você vai saber mais sobre o escudo da fé, o capacete da salvação e a espada do Espírito.
Pronto para o combate?
O texto bíblico enfatiza que a nossa luta não é contra sangue e carne, ou seja, o conjunto das tendências humanas, mas sim contra a nefasta manifestação espiritual do mal, tais como principados (aqueles que se nomeiam príncipes); potestades (forças de combate) e dominadores deste mundo tenebroso (estrategistas do mal). É para esse combate que precisamos tomar a segurança de Deus para termos vitória no dia difícil.
Segundo o pastor Alcemir Pantaleão Sobrinho, da Comunidade Evangélica Peniel, em Vila Velha, ciente da importância da armadura de Deus, o crente deve notar que é impossível acontecer o revestimento sem que certos padrões de santidade (conduta) estejam expressos em nossa vida. “Vale perguntar: como acontece o revestimento? Não apenas no ato de fé, ao dizer: ‘Tomo posse do cinto da verdade’, por exemplo. Se você não aprendeu a viver a verdade e a expressar a verdade e não conhece o Senhor da Verdade, não adianta apenas verbalizar da boca para fora. Você só estará revestido quando aprender a viver aquilo que aquela parte da armadura expressa”, explicou.
“Você só estará revestido quando aprender a viver aquilo que aquela peça da armadura expressa” – Pastor Alcemir Pantaleão
Paulo era um combatente. “Em II Timóteo 4:7, ele nos prova isso: ‘Combati o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé’. O apóstolo tinha uma atitude de combate na relação ministerial. Podemos entender através disso que, no exercício de seu ministério, Paulo lutava crendo nos princípios por ele ensinados, ou seja, usando as armas espirituais. Se a nossa luta tem se dado na mesma esfera espiritual, não podemos vencer essa peleja crendo em nossas próprias forças. Estamos falando de uma batalha espiritual, portanto, o revestimento também é espiritual. Mas, da mesma forma, ele só vai acontecer como fruto de uma vida com Deus”, disse o pastor.
O pulo do gato
Essa expressão, normalmente utilizada para se referir a um segredo, truque ou explicação do sucesso ou da solução de alguma coisa, é revelada na atitude de Paulo ao fechar o texto falando de oração. Estar armado, mas não praticar uma comunicação com o comandante do batalhão de guerra pode nos enfraquecer e nos deixar desorientados na hora de tomar decisões contra o adversário.
De acordo com o pastor Isahias Silva Filho, da Igreja Batista em Dom João Batista, Vila Velha, Paulo foi um homem de oração. “Orar é a grande essência, o soldado bem armado deve ter comunicação com o comandante através da oração. Devemos orar em todo tempo, quando em lutas, quando tentado, quando perseguido, nisso está o núcleo deste texto. Sem oração, não se vencem batalhas. Paulo também fala de vários tipos de oração, ou seja, a de adoração, louvor, ações de graças, petição, intercessão, lembrando-nos de vigiar, pois o bom soldado sempre está em alerta.
O soldado bem armado deve ter comunicação com o comandante através da oração” – Pastor Isahias Silva Filho
Ao pedir que oremos por todos os santos, ele se refere aos missionários, aos que estão na frente de batalha, aos líderes, pastores etc. Para que a oração seja correta, deve ser no espírito, em total dependência de Deus, conforme Romanos 8:26-27”, descreveu.
Ainda segundo o pastor Isahias, o inimigo treme diante de um soldado preparado. “As armas nós já conhecemos, agora é só usar, fortalecidos e encorajados no Senhor. É o que Ele espera de nós”.
Escudo da fé
“Tomando sobretudo o escudo da fé, com o qual podereis apagar todos os dardos inflamados do maligno” (Efésios 6:16).
Um soldado romano usava dois tipos de escudo em um campo de guerra: um de grande porte com formato oval e retangular e outro menor e arredondado.
O escudo a que Paulo faz referência em Efésios 10 indica o escudo maior, com aproximadamente 1,20 metro de altura e 75 centímetros de largura, tamanho suficiente para proteger o corpo todo do soldado.
Uma curiosidade da história antiga é que era muito comum os soldados se posicionarem de maneira estratégica para que seus escudos ficassem juntos, formando um paredão de proteção contra os dardos inflamados utilizados naquele tempo. Eram flechas mergulhadas em uma mistura de piche altamente inflamável que ateavam fogo nelas tornando-as uma das armas mais letais. Eram lançadas em chamas e cravavam na superfície resistente do escudo, e o fogo era extinto.
Devemos destruir cada fortaleza que o diabo ergue para manter a humanidade em escravidão” – Rick Joyer, escritor
Os escudos eram feitos de madeira e cobertos de couro de animal, em alguns casos com revestimento em metal. Partindo para a linguagem espiritual, o mesmo podemos transpor para nossos dias, pois o diabo lança seus dardos inflamados, mas o cristão se defende com o escudo da fé. Quando temos convicções fundadas na Palavra de Deus, podemos resistir aos assaltos do inimigo (Romanos 10:17).
Dessa forma, cada vez que nos infligir, na verdade, o inimigo irá elevar nossa fé, fazendo com que fique cada vez mais difícil ele nos atingir. Um guerreiro que caminha com seu escudo voltado em apenas uma direção se tornaria um alvo fácil para ataques vindos de outras direções inesperadas: já um guerreiro habilidoso, como a Bíblia ensina, usa seu escudo com eficiência.
Se há em nós o desejo de ter nossa fé como alicerce, não podemos colocá-la em dúvida, não importam os problemas que apareçam. A chave é manter nossos escudos erguidos, não importa quais decepções venham. Quando os dardos começam a vir, não é tempo de baixar a guarda, mas de levantar nossos escudos até mesmo com mais resolução.
As flechas virão, e isso nunca deve nos desencorajar, mas sim fazer com que nos agarremos à nossa fé ainda mais e segurar nossos escudos com vigilância ainda maior.
Capacete da salvação
“Tomai também o capacete da salvação” (Efésios 6:17). Nos tempos antigos, o capacete era um equipamento de segurança amplamente usado por um soldado. Era feito geralmente de ferro, bronze e couro, pois a cabeça era um alvo muito procurado por seus inimigos, em campo de batalha.
Nesse cenário de ataques de Satanás, a mente do cristão é sempre seu alvo mais cobiçado para lançar dúvidas e maus pensamentos a fim de contaminar e corromper a mente do crente. Assim, ele é desencorajado acerca da segurança da salvação em Cristo Jesus.
Sem esse capacete espiritual, a mente se torna um alvo fácil do inimigo que nele inculcará informações confusas e duvidosas, na tentativa de fazer com que mude sua forma de pensar no que diz respeito à suficiência da salvação conquistada na cruz.
E não só isso. Os conceitos do mundo passam a substituir os princípios estabelecidos pela Palavra de Deus para uma conduta santa. “Pensai nas coisas que são de cima, não nas que estão sobre a terra” (Colossenses 3:2).
Não só no livro de Efésios, mas também em 1 Tessalonicenses 5:8, Paulo diz que os cristãos devem vestir o capacete da esperança da salvação. A certeza da salvação renova nossas mentes, e já não pensamos como antes. Mesmo que nossas mentes já tenham sido renovadas, elas precisam de proteção. É para isso que serve o capacete da salvação. É a salvação que recebemos que protege nossas mentes (Atos 4:12). Como nos é dito em Provérbios 23:7, “Assim como imagina em sua alma, assim ele é”.
“Pois quem conheceu a mente do Senhor, que o possa instruir? Nós, porém, temos a mente de Cristo” (1 Coríntios 2:16). Se voltarmos alguns versos, veremos que Paulo está contrapondo a sabedoria de Deus com a do mundo. Ele compartilhou o Evangelho não baseado em lógicas e métodos humanos, mas no poder de Deus.
A espada do Espírito
A maior parte da nossa guerra acontece na defensiva. A espada é o único elemento de contra-ataque. Entramos na batalha revestidos da armadura de Deus para enfrentar e vencer o inimigo. Um golpe certeiro é um dos principais recursos para as suas vitórias.
A espada do Espírito é a Palavra de Deus, tudo o que temos de fazer é usá-la. Não foi o que Jesus fez quando o diabo O tentou? Repetidamente Ele disse: “Está escrito!” Se aquele que era a própria Palavra usou a Palavra escrita, quanto mais nós deveríamos usá-la! “Porque a palavra de Deus é viva e eficaz, e mais cortante do que qualquer espada de dois gumes, e penetra até a divisão da alma e espírito, e de juntas e medulas, e é apta para discernir os pensamentos e intenções do coração” (Hebreus 4:12-13).
“Porque, embora, andando na carne, não militamos segundo a carne. Porque as armas da nossa milícia não são carnais, e sim poderosas em Deus, para destruir fortalezas, anulando sofismas, e toda altivez que se levante contra o conhecimento de Deus, e levando cativo todo pensamento à obediência de Cristo, e estando prontos para punir toda desobediência, uma vez completa a vossa submissão” (2 Coríntios 10:3-6). A nossa espada é a Palavra de Deus.
Para o escritor Rick Joyer, a última fortaleza do diabo sobre a terra será quebrada pela espada que virá da boca do Senhor quando Ele retornar. “Contudo, não devemos esperar até esse momento para usarmos a espada que Ele nos confiou.
Quais são as fortalezas do mal em sua família? Peça ao Senhor para lhe dar palavras ungidas para falar sobre a sua família. Encontre as Escrituras que tratam do problema e comece a dizê-las, orá-las, crendo nelas. Devemos destruir cada fortaleza que o diabo ergue para manter a humanidade em escravidão. Que sejamos encontrados fazendo isso quando o Senhor voltar”, alertou.
Dicas de leitura
Armadura de Deus
Marcos D. Motta
Ed. Vinha
Batalha Espiritual
Esequias Soares e Daniele Soares
Ed. CPAD