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segunda-feira, 18 março 2024

Anjos: Determinados a obedecer

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Da criação ao arrebatamento, eles são responsáveis por proteger os salvos e promover o bem-estar de acordo com as ordens do Criador - Foto: Reprodução

Da criação ao arrebatamento, eles são responsáveis por proteger os salvos e promover o bem-estar de acordo com as ordens do Criador

Por Sânnie Rocha

Seres celestiais que adoram a Deus por todo o sempre, os anjos atendem às ordens do Criador para abençoar aqueles que O servem aqui na terra. Muitas são as dúvidas que pairam sobre esse assunto no meio da Igreja. A certeza é de que a Bíblia traz em diversos momentos importantes relatos da atuação deles desde a criação até o momento do arrebatamento, de Gênesis a Apocalipse.

Na verdade, existe um grande fascínio do homem em relação ao tema, que acaba sendo objeto de muitos ensinamentos em desacordo com a Palavra, confundindo de adultos a crianças. Fato é que os anjos foram designados para louvor da glória do Pai e para executar todas as Suas vontades. Principalmente no que diz respeito aos salvos em Cristo, eles operam ininterruptamente, sem pestanejar, como um verdadeiro exército vitorioso.

É o que explica o Pr. Oswaldo Lôbo Junior, autor dos livros “Autoridade Sobre as Trevas” e “Blindagem Contra as Trevas” (Editora AD Santos), que abordam a atuação desses conservos sob a gestão do Eterno. “Deus tem um time que nunca perdeu, um esquadrão invicto que jamais experimentou a derrota, mas que se colocou no lado vencedor na história: os anjos poderosíssimos que compõem o contingente do Senhor dos Exércitos e que fazem parte do Reino. ‘Houve então uma guerra no céu. Miguel e seus anjos lutaram contra o dragão, e o dragão e os seus anjos revidaram. Mas estes não foram suficientemente fortes, e assim perderam o seu lugar no céu. O grande dragão foi lançado fora. Ele é a antiga serpente chamada Diabo ou Satanás, que engana o mundo todo. Ele e os seus anjos foram lançados à terra’ (Apocalipse 12:7-9)’”, afirma.

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No conflito entre o bem e o mal, conta o escritor, os anjos capitaneados pelo Arcanjo Miguel, que aparece como o guardião, venceram a batalha no céu porque juntos receberam um poder emanado diretamente do trono divino para triunfar sobre as trevas. “E isso também aconteceu porque os demônios nunca foram suficientemente fortes contra eles: ‘Guerrearão contra o Cordeiro, mas o Cordeiro os vencerá, pois é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis; e vencerão com Ele os Seus chamados, escolhidos e fiéis’ (Apocalipse 17:14)”, comenta.

A batalha é sempre travada desde então, quando os demônios nos atacam e os anjos, por ordem do Soberano, nos defendem. Com sua capacidade extraordinária de intervenção em assuntos que envolvem todos os filhos de Deus, essas criaturas espirituais têm autoridade e, por isso, guiam, consolam e cuidam do povo do Eterno em meio ao sofrimento e à perseguição, conforme diz o Pr. Lobo.

“Jesus ensinou que os anjos terão participação ativa nos últimos acontecimentos, agindo, por exemplo, para reunir os salvos” – Maurício Zágari, autor do livro “Na Jornada com Cristo”

“É muito importante salientar que os anjos não estão à nossa disposição. Estão à disposição de Deus, para servir conforme a ordem de Deus. Eles não servem qualquer um, mas apenas os salvos. São seres criados, caracterizados como espíritos que ministram a favor dos que herdarão a vida eterna, apresentados para cuidar de todos aqueles que guardam o testemunho de Cristo e de Sua Palavra, e, portanto, protetores a serviço dos filhos de Deus, sob as ordens de Deus, pois ‘o anjo do Senhor é sentinela ao redor daqueles que O temem, e os livra’ (Salmos 34:7). Toda a criação e seus seres foram feitos para o serviço e para a glória de Deus. Jesus, por exemplo, veio para servir, e não para ser servido (Marcos 10:45).

É significativo entender como o conceito do Reino também afeta a realidade dos anjos: sempre a ordem mais elevada dos seres é feita para ministrar aos inferiores; a mais forte para ajudar os mais fracos; os iluminados para instruir os ignorantes. Deus é profundamente interessado no bem-estar de cada um de Seus filhos e, apesar de sermos tantos, não se confunde nem nos esquece no meio da multidão. Ele cuida como se não tivesse mais ninguém para cuidar, dando ordem a cada anjo a respeito de cada homem”, ressalta.

Apenas um Deus

Com essa tarefa de trabalhar em prol das causas dos homens e da proteção, os anjos podem passar a ser vistos como deuses. Mas vai aqui um alerta, pois a própria Palavra descreve esse tratamento equivocado na época de Colossos, segundo o presidente da Associação Batista Capixaba de Diáconos, Josias Curvacho de Aguiar, um estudioso do assunto.

“Essa ‘adoração de anjos’ era uma das falsas doutrinas ensinadas em Colossos (Colossenses 2:18). Além disso, no livro de Apocalipse um anjo adverte João para que ele não o adore: ‘Não faça isso! Sou servo como você e como seus irmãos que se mantêm fiéis ao testemunho de Jesus. Adore a Deus!’ (Apocalipse 19:10). Ou seja, não devemos orar aos anjos, e sim a Deus, o único que é onipotente e onisciente, capaz de responder à prece de todo o Seu povo de uma só vez. Paulo nos adverte contra o pensamento de que outro intermediário pode estar entre nós e o Altíssimo: ‘Pois há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens: Jesus Cristo’ (I Timóteo 2:5)”, aponta.

Os anjos são classificados, segundo Curvacho, como serafins, querubins e arcanjos. Os primeiros são aqueles que aparecem na visão de Isaías, no capítulo 6, adorando a Deus, dotados de seis asas cada um – com duas cobriam o rosto; com outras duas, os pés; e com outras duas voavam. A passagem é tão grandiosa que relata o Senhor no trono e Suas vestes enchendo o templo, e um dos serafins traz uma brasa do altar para tocar os lábios do profeta, perdoando seus pecados.

“Não devemos orar aos anjos, devemos orar a Deus, o único que é onipotente e onisciente, assim capaz de responder à oração de todo o Seu povo de uma só vez” Josias Curvacho de Aguiar, presidente da Associação Batista Capixaba de Diáconos

Os querubins são a “tropa de choque”, responsáveis por proteger a árvore da vida (Gênesis 3:24). Já os arcanjos se encarregam das funções especiais, como seria o caso de Miguel, determinado como um anjo-chefe (Apocalipse 12:7, Daniel, Judas), e Gabriel, aquele que levou a mensagem de Deus de que Maria carregava em seu ventre o Salvador, e a José, que a aceitasse porque ela carregava o fruto do Espírito Santo (Lucas 1, Daniel 10).

Teofania é a manifestação dos anjos que surgem para os servos nas visões em forma de pessoas, assim como aconteceu por diversas vezes pela Bíblia, como já foi dito, de Gênesis a Apocalipse, e se ouvem vários relatos de crentes que se deparam com eles por aí.

Lutando pela bênção

Um caso de teofania em especial chama a atenção. Refere-se à batalha de Jacó com o anjo durante uma noite inteira na forma de um homem, sem o deixar ir até que o abençoasse (Gênesis 32: 22 – 30). Curioso foi ter conseguido a bênção, pois afinal esta teria sido uma determinação de Deus?

O Pr. Enoque de Castro Pereira, da igreja Metodista Wesleyana, vê nesse episódio a persistência de Jacó desde o início de sua luta pela primogenitura a fim de receber a bendição de seu pai, Isaque. E, sim, o anjo já teria ido ao encontro dele levando uma determinação do Senhor. “A bênção do patriarca representava um sinal forte de autoridade. Uma vez dada, não podia ser anulada. Deus conhecia o coração de Jacó, e, portanto, determinou abençoá-lo, cumprindo assim a promessa dada a Abraão. Por meio de Jacó, nasceria uma nação que teria a missão de evangelizar o mundo. As 12 tribos que vieram dessa linhagem formaram o povo de Israel, que significa: aquele que luta com Deus. A conquista vinha da convicção que Jacó tinha ao receber a bênção de Isaque. O anjo com certeza tinha a missão dada por Deus para transformar a vida de Jacó. O que aconteceu nessa luta travada no Vau de Jaboque foi a confirmação do seu desejo latente pela bênção. Ao final, Jacó chamou aquele lugar de Peniel, que significa ‘vi a Deus face a face, e a minha vida foi salva’”, detalha.

“Deus tem um time que nunca perdeu, um esquadrão invicto que jamais experimentou a derrota, mas que se colocou no lado vencedor na história” – Pr. Oswaldo Lôbo Jr., autor do livro “Blindagem Contra as Trevas”

E qual será o papel dos anjos no arrebatamento da Igreja? Maurício Zágari, autor do livro “Na Jornada com Cristo” (Editora Mundo Cristão), escreveu um capítulo especificamente sobre eles e a sua ligação com Jesus. “O Senhor virá acompanhado dos anjos em Sua segunda vinda, como Ele mesmo disse: ‘Quando o Filho do Homem vier em Sua glória, com todos os anjos, assentar-se-á em Seu trono na glória celestial. Todas as nações serão reunidas diante dEle, e Ele separará umas das outras como o pastor separa as ovelhas dos bodes. E colocará as ovelhas à sua direita e os bodes à sua esquerda’ (Mateus 25:31-33). Jesus ensinou que os anjos terão participação ativa nos últimos acontecimentos, agindo, por exemplo, para reunir os salvos. Ele disse: ‘Então aparecerá no céu o sinal do Filho do Homem, e todas as nações da terra se lamentarão e verão o Filho do Homem vindo nas nuvens do céu com poder e grande glória. E Ele enviará os Seus anjos com grande som de trombeta, e estes reunirão os seus eleitos dos quatro ventos, de uma a outra extremidade dos céus’ (Mateus 24:30-31)”, destaca.

Os anjos são aqueles que estão prontos para atender aquilo que determina o Deus Altíssimo e que, como frisa Josias Curvacho, é por meio das orações, sem vãs repetições, mas com um coração contrito e quebrantado, que eles são enviados para atender aquilo que é o desejo do servo e o projeto do Pai para sua vida.

Conheça os seres celestiais

  • Os anjos são reais: Não são como os fantasiosos e perniciosos gnomos, nem como os folclóricos Saci Pererê e Mula Sem Cabeça. São mencionados na Bíblia, a Palavra de Deus, em mais de 300 ocasiões. A primeira delas está em Gênesis 3:24, e a última citação é a de Apocalipse 22:16.
  • Jesus criou os anjos: A Bíblia ensina esta verdade em João 1:3 e Colossenses 1:16, além de outros textos.
  • Os anjos foram criados antes do homem: A Bíblia ensina que os anjos foram criados na Eternidade passada. (Jó 38:1-7)
  • Os anjos são numerosos e muito poderosos: Conforme o ensino da Bíblia, eles existem em grande quantidade. São miríades de miríades, isto é, são milhares de milhares, conforme Apocalipse 5:11. São também extremamente poderosos. O poder de um só anjo é imenso, segundo Isaías 37:36 e II Reis 19:35 (Ezequias x Rabsaqué & Senaqueribe). Também é o ensino do Salmo 103:20.
  • Os anjos podem ser visíveis ou invisíveis: Visíveis como aqueles que apareceram a Abraão e a seu sobrinho Ló (Gênesis 18 e 19) e aos pastores de Belém (Lucas 2); Invisíveis, como no episódio com o profeta Eliseu, em Dotã (II Reis 6:8-17); Visíveis e invisíveis, como no caso com Balaão e Balaque, relatado em Números 22: 21-35.
  • A “Hierarquia Angelical”: Que tipos de anjos existem? Tronos, dominações, principados e potestades citados em Romanos 8:38 seriam tipos de anjos?. Um “anjo-chefe”, que é o Arcanjo Miguel. Um “chefe do serviço de comunicações”, o anjo Gabriel. Uma “banda de música”, que são os serafins (Isaías 6). A “Infantaria”, os querubins. A “Tropa”, isto é, os anjos todos (Lucas 2). São, por exemplo, os casos citados em Gênesis 21:15-18 (a escrava Agar), Gênesis 22:11 e 12 (Abraão e Isaque), Êxodo 3:2,5 (Moisés) e Juízes 2:1-5.
  • Os anjos nos livram do mal: São citados casos e experiências bíblicas que apontam para a figura de um “Anjo da Guarda”. Exemplos: Gênesis 48:15,16 (Jacó, Efraim e Manassés); Salmo 91:11,12; Daniel 6:22.
  • Os anjos são agentes executores da vontade de Deus: Eles estão ligados à justiça divina. “O destruidor” no Egito – Hebreus 11: 28 Senaqueribe, rei da Assíria– 2 Reis 19:35 Herodes Agripa e os reis de Tiro e de Sidom – Atos 12:21-23 “O Caso Lázaro” – Lucas 16:22 A volta de Jesus e o juízo final – I Tessalonicenses 4:16, Mateus 13:41-43, Mateus 24:31 e Mateus 25:31.
  • A ação dos anjos e as nossas orações: Exemplo típico em Daniel 10.

Esta matéria foi publicada originalmente na edição 226 da Revista Comunhão, de Junho de 2016. As pessoas ouvidas e/ou citadas podem não estar mais nas situações, cargos e instituições que ocupavam na época, assim como suas opiniões e os fatos narrados referem-se às circunstâncias e ao contexto de então.

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