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sexta-feira, 19 abril 2024

Alejandro Bullon: “O homem precisa de um Deus pessoal”

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Foto: Reprodução

Um dos principais líderes da Igreja Adventista da América Latina exorta para sermos de fato igreja de Cristo na terra: “Cristo e a igreja são uma coisa só, estar em Cristo é estar na igreja”, declarou

Por Cândido Júnior 

Evangelista conhecido em todo o mundo, Alejandro Bullon é hoje um dos principais líderes da igreja Adventista na América Latina. Por onde passa, tem lotado estádios e ginásios. Em Cuba, por exemplo, mesmo com todos os problemas que ainda existem em termos de liberdade religiosa, cerca de 30 mil pessoas lotaram um estádio de futebol para ouvi-lo.

Suas pregações na rádio e TV são ouvidas religiosamente por milhares de pessoas, das mais diversas denominações religiosas, em todo o Brasil. Em entrevista exclusiva à Comunhão, Bullon fala do crescimento da igreja evangélica no Brasil, do uso da mídia pelas igrejas e até de temas polêmicos, como a própria aceitação da igreja Adventista no meio evangélico. Confira!

Comunhão: Como o Senhor está vendo a situação do crescimento da igreja evangélica no Brasil?

Alejandro Bullon – Em primeiro lugar, creio que o público não está indo para as igrejas evangélicas tanto pelo aspecto doutrinário. O ser humano precisa de um Deus pessoal, um Deus que atue na vida diária. Quais são os problemas que o brasileiro enfrenta? Enfermidade, desemprego, miséria, falta de moradia, etc. As igrejas evangélicas no Brasil têm acertado ao mostrar Cristo não somente como alguém que morreu para perdoar nossos pecados, mas como alguém que hoje se interessa pelo nosso cotidiano. De alguma maneira creio que a Igreja Católica falhou em mostrar esse Deus atuante. O Brasil nunca enfrentou momentos tão difíceis na sua história e isso está fazendo com que haja um mover-se do brasileiro em direção a Deus, Não creio que isso seja simplesmente número. A Igreja Universal do Reino de Deus, por exemplo, está apresentando um Deus que funciona, apenas acho que está faltando mais base bíblica, mais fundamento. Mas eles apresentam um Deus que funciona, um Deus que te cura, um Deus que te ajuda no desemprego, na miséria, que te tira das drogas. Esse é o Deus da Bíblia, o Deus do cristianismo.

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Mas isso não pode nos levar para o outro extremo, para um Deus essencialmente materialista?

É por isso que digo que falta fundamento bíblico e aí corremos o risco de cair no charlatanismo. A hora da pregação não é uma hora de promoção, mas é hora em que você deixa Deus falar aos seres humanos através da exposição bíblica. Portanto, para cada hora de prega co deve haver, no mínimo, dez horas de estudo e preparação por parte do pregador. Não é somente bla, bla, bla. A pregação é um assunto sério, porque a vida de Jesus é um assunto sério.

Outro fenômeno que ocorre no Brasil é uma maior unidade entre as igrejas. Como o Senhor vê isso?

Alejandro Bullon
Foto: Reprodução

A Igreja Adventista, por exemplo, durante muitos anos deu ênfase, na sua pregação aos resultados da salvação e não a causa da salvação. A causa da salvação é Cristo. O resultado da salvação é a obediência. Por isso, os adventistas foram considerados, muitas vezes, como uma solta, uma igreja não-evangélica.

O que ocorre hoje não é que a Igreja Adventista tenha mudado sua doutrina, porque ela sempre acreditou que a salvação vem unicamente de Cristo, mas o que mudou foi a ênfase na pregação. Primeiro o cristão precisa estar salvo. Aquele que está salvo naturalmente vai obedecer. Então eu creio que hoje todas as igrejas estão percebendo que o ponto central do evangelho é Cristo. E isso é o que está causando a união. Todas estão apresentando o evangelho salvador como a única solução para o ser humano.

Mas essa união é boa?

A vida do cristão tem duas dimensões. Estamos todos unidos no aspecto da causa da salvação, mas eu acho que precisamos pensar mais seriamente a cerca dos resultados da salvação. Se a pessoa foi salva por Cristo, ele não vai continuar sendo um mulherengo, um adúltero. Se foi salvo por Cristo a sua vida toda vai mudar. Eu acho que a grande diferença das igrejas evangélicas está sendo no resultado, no como vive o cristão. Após a conversão todos concordamos de que a causa da salvação é Cristo, no entanto, ha discrepâncias, a respeito do modo como vive o cristão após a conversão, nós temos que adaptar a nossa vida Aquilo que a Bíblia diz. No entanto, corremos o risco de querer adaptar a Bíblia a nossa vida.

Como o senhor vê essa aproximação da igreja com o poder público?

É bom que os homens públicos pensem mais em Deus, mas é perigoso quando a igreja procura o poder público porque tem que haver uma separação total e completa entre a igreja e o Estado. O Estado não pode Intervir na fé dos seres humanos. Fé é algo muito pessoal, individual, não acontece por decreto, mas por convicção individual. A força da Igreja cristã vem de Deus e somente D’Ele. Agora, tudo que a Igreja possa fazer, em favor dos homens públicos para levá-los a uma experiência viva com Deus deve fazê-lo porque quando o poder público é exercido por homens que temem a Deus então ele será exercido com mais justiça, pureza e clareza. Não haverá lugar para a corrupção.

O que acha do uso da mídia na evangelização?

As igrejas evangélicas que não despertarem para o uso da mídia estão condenadas ao retrocesso evangelístico. A pregação corpo a corpo hoje, sem o uso da mídia, não tom muito fôlego, O Diabo está usando a mídia para colocar a sua mensagem na criança, no homem, na mulher. Se o Diabo faz isso, elo sabe porque ele faz. Então hoje temos que despertar o usar com mais força a mídia e quando falo de mídia me refiro á comunicação de rádio, TV e impressa.

O senhor acha viável uma TV com programação evangélica 24 horas por dia?

Do ponto de vista financeiro eu diria que não é viável. O que ajuda a manter financeiramente um canal de televisão são os comerciais e para que acha esses comerciais tem que haver audiência. Sermão e hino o dia todo não conseguem audiência. Então um canal de 24 horas teria que colocar um pouco de lixo, o menos tóxico possível, a fim de conquistar a audiência e, entre isso, colocar a mensagem de Deus. Por exemplo, o pescador não come a minhoca, mas para pescar tem que colocar minhoca no anzol. Isso não quer dizer que o pescador gosta de minhoca, mas o peixe gosta de minhoca. É o único jeito de pescar ele. Então hoje, numa provável TV evangélica de 24 horas, teríamos que colocar algo para atrair a audiência e então pregar o evangelho.

Qual a sua mensagem para a igreja?

Devemos lembrar que o cristianismo é relacionamento com Cristo. Se o cristianismo fosse somente relacionamento com a igreja, não seria cristianismo, mas sim, igrejismo. Mas o cristianismo é, acima de tudo, relacionamento pessoal com Cristo. Isso não quer dizer que a igreja não é importante porque Cristo disse que Ele era a cabeça e a igreja o corpo. Se você ama a cabeça terá que amar o corpo porque nosso simbolismo Cristo e a igreja são uma coisa só. Estar em Cristo é estar na igreja. Você não pode dizer estou bem com Cristo, mas não quero nada com a igreja.

Esta matéria é uma republicação exibida na Revista Comunhão – Fevereiro/2000 produzido pela jornalista Cândido Júnior e atualizada em 2021 (Priscilla Cerqueira). Fatos, comentários e opiniões contidos no texto se referem à época em que a matéria foi originalmente escrita.

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