No Brasil, há muito mais pretendentes na lista de espera do que crianças e adolescentes para serem adotados
Por Patricia Scott
No Brasil, há 4.806 mil crianças e adolescentes disponíveis para adoção no Cadastro Nacional de Adoção, que é gerido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). No entanto, existem 36.359 pretendentes na lista de espera para adotar.
Sendo assim, é perceptível que a adoção, no país, enfrenta entraves. Por isso, neste sábado (25), Dia Nacional da Adoção, é o momento oportuno para chamar atenção da sociedade sobre essa realidade.
“Infelizmente, apesar de haver muito mais pretendentes cadastrados do que menores disponíveis para adoção, o perfil indicado pelos interessados muitas vezes não é compatível. A preferência é por crianças de tenra idade, brancas e sem doenças graves ou deficiências”, destaca o vice-diretor da Faculdade Milton Campos, o advogado Paulo Tadeu Righetti Barcelos, que é ainda professor de Direito da Criança e do Adolescente.
Por isso, na visão de Barcelos, a data conscientiza sobre o real papel da adoção, que deve ter o enfoque em trazer reais vantagens para crianças e adolescentes, e, principalmente, tornar efetiva a necessidade de dar uma família para quem não tem. Assim, “a adoção deve ser compreendida como uma verdadeira proteção e garantia de direitos aos menores de idade”.
Os interessados em adotar precisam comparecer à Vara da Infância e da Juventude da Comarca do domicílio, ser maior de 18 anos e capaz – ou seja, tenha independência e que exerça plenamente os direitos e deveres como cidadão, como também ser, no mínimo, 16 anos mais velho que o menor de idade. Além disso, estar previamente inscrito no Cadastro Nacional de Adoção, que é gerido pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), observando a ordem cronológica de inscrição.
Grupos de apoio
Após o encontro de pais, mães e filhos ser oficializado, é hora de buscar referências para a família. A Associação Nacional de Grupos de Apoio à Adoção (Angaad) possui regionais em todo Brasil.
“É essencial compreender a adoção do ponto de vista da criança e do adolescente. Para construírem seu futuro de maneira segura, necessitam de um sistema ágil e eficiente de preparação dos futuros pais e mães,”, afirma Jussara Marra, presidente da Angaad (Associação Nacional de Grupos de Apoio à Adoção).
Apesar dos avanços, ainda existem dilemas quanto à adoção. “Entre os mais comuns está as preferências por adoções de bebês e crianças pequenas, sob a premissa equivocada de que seria mais fácil ‘moldar o caráter’”, pontua Jussara. Além disso, há o mito de que a burocracia e a demora injustificada no processo de adoção sejam um dos entraves que ainda afastam os pretendentes. “Não há como negar que a adoção e o sistema Jurídico ainda são vistos como um tabu no Brasil, porém, muitas vezes, isso diz mais sobre a falta de preparação dos adotantes”.
Os Grupos de Apoio à Adoção (GAAs) desempenham um papel crucial na quebra de barreiras. De acordo com José Wilson de Souza, diretor financeiro e de Relações Institucionais em exercício na Angaad, os GAAs oferecem suporte às famílias adotivas, fornecendo informações, orientações e preparação, além de promoverem trocas de experiências e assistência pós-Adoção. Realizam projetos em áreas específicas, como Psicologia, Serviço Social, Pedagogia e Direito.
“Dois importantes desafios para a adoção no Brasil ainda são a idealização e o imediatismo por parte das famílias, além da falta de estrutura e equipes técnicas especializadas para trabalho exclusivo na solução da situação de crianças e adolescentes acolhidos”, ressalta Souza.
Se você já adotou ou ainda está pensando na possibilidade, acesse o site e localize um grupo de apoio.
Adoção na Bíblia
As Sagradas Escrituras afirmam que o próprio Deus a partir de Jesus Cristo adota a cada um como filho. O apóstolo Paulo destaca: “Em amor nos predestinou para sermos adotados como filhos por meio de Jesus Cristo , conforme o bom propósito da sua vontade” (Efésios 1.5).
Jesus foi adotado por José para o cumprimento do propósito do Senhor (Mateus 1.18). Como marido de Maria, ele assumiu a paternidade do Messias, cuidando, educando e protegendo.
Outro exemplo de adoção é o de Moisés. Ele foi adotado por uma das filhas de faraó, que o encontrou em um cesto às margens do rio. Filho de uma hebreia, Joquebede, o libertador do povo de Deus do Egito nasceu na época do decreto de que todos os bebês machos deveriam morrer (Êxodo 2.1-10).
Já Ester foi adotada pelo primo após a morte dos pais. Ela se tornou rainha e foi abençoada por Deus, tendo a missão de livrar o povo de Deus da morte.