Uma das principais razões para Deus ter feito uma aliança com Abraão foi para revelar-se como Ele realmente era
Por José Ernesto
Outro dia em um estudo, afirmei que quando Deus chamou Abraão, ele era um pagão. Quando terminei, algumas pessoas vieram e questionaram minha afirmação, pois as referências de Abraão na Bíblia o chamam do Pai da Fé.
Abraão era um caldeu que possuía um sistema religioso politeísta e como a maioria das religiões antigas tinham suas divindades ligadas às forças da natureza. Eram deuses criados pelo próprio ser humano e que “exigiam” ser agradados e bajulados, sob risco de trazer maldições.
Desde Abraão até hoje, passaram vários milênios, mas o ser humano continua agindo da mesma maneira, ou seja, criando deuses conforme suas necessidades, afinal precisamos culpar alguém pelos nossos fracassos, ou, creditar nossas vitórias inesperadas a bênção de um deus. Os “deuses” criados por nós (geralmente individuais e exclusivos) ainda hoje justificam os acontecimentos que estão fora de nosso controle.
Uma das principais razões para Deus ter feito uma aliança com Abraão foi para revelar-se como Ele realmente era, corrigindo assim a falsa visão que os homens tinham de uma divindade. Por isso quando Deus se revela a Abraão ele não oferece uma explicação doutrinária, não exige um tipo de adoração, não faz qualquer exigência de exclusividade, não pede para Abraão jogar fora seus deuses, não promete algo irreal ou uma fé cega, mas lhe faz uma proposta que se ele tivesse interesse de renunciar a uma única coisa (ir para um lugar que Ele lhe mostraria), estava aberto um canal de comunicação direta.


Irracionalmente falando, Abraão topou e iniciou ali um processo revelacional que dura até nossos dias. Deus, desde o chamado de Abraão fez uma aliança com aqueles que voluntariamente o seguem, por isso vem paulatinamente se revelando, sem estresse, sem forçar a barra, mas sem renunciar a uma única coisa: O Deus que se revelou a Abraão exigia obediência sincera. Aquilo que faltou a Adão no Éden, Deus tenta novamente, de forma mais pessoal e íntima, receber daqueles que o aceitam. Diferente das outras divindades conhecidas, Deus não queria “bugigangas”, mas que apresentássemos nossas vidas em “sacrifício” vivo, santo e racional.
Resta uma última pergunta: Deus fez tudo isso pra quê? Resposta: Trazer de volta o ser humano para junto de si. Esse é o único desejo de Deus. E na verdade, todo ser humano sente falta de Deus. Por isso enquanto não conhecemos o verdadeiro Deus, criamos nossos deuses a nossa imagem.
Ainda hoje, Deus continua chamando os “abraãos” a deixar tudo e ir para um outro lugar. Muitos não aceitam, talvez a maioria. Deus compreende. Mas, a todos que aceitam, Deus lhe promete uma aliança eterna para serem outra vez, filhos de Deus, a saber, aos que creem no seu Nome.
José Ernesto Conti é pastor da Igreja Congregação Presbiteriana Água Viva e engenheiro mecânico