Em 1989 assisti com muito interesse ao filme “A Última Fronteira”, de George Lucas. Na trama, a nave estelar Enterprise tem o objetivo de, no lugar mais longe desta galáxia, encontrar Deus.
Para quem nasceu na metade do século passado, quando não existia computador, telefone celular e internet, e para aqueles que leram desde crianças e com avidez as “20 Léguas Submarinas”, de Julio Verne, sonhar com a conquista do espaço era o máximo que poderíamos imaginar. O tempo passou, as conquistas tecnológicas chegaram e mudaram o mundo que vivemos, mas veio a frustração: os avanços não levaram a humanidade para a “última fronteira estelar” para encontrar Deus, mas para outras bem mais perto, só que muito mais preocupantes.
Depois de tantos avanços, qual seria hoje a última fronteira em nossos dias? Não é nem ser “homo” ou “hétero”, mas “trans”. Não é a verdade ou a mentira, mas a “pós-verdade”. Não é nem ter opinião sobre determinado assunto, mas simplesmente “discordar” (que legal, né?). E também não é simplesmente concordar ou discordar, mas ser tolerante, mesmo que agrida sua própria consciência ou seus valores.
Estou chegando à conclusão que, para o homem, a última fronteira é não ter fronteira, e se ela der o ar de sua graça, vamos declarar que não existe. Talvez a nova fronteira seja destruir qualquer absoluto (de preferência os relacionados a Deus) e tornar tudo relativo. Paulo, escrevendo à igreja de Roma, diz que “por isso tais homens não conseguem se explicar”, ou seja, mesmo que toda essa luta para destruir os absolutos seja algo inexplicável, a humanidade vai continuar, cada vez mais, na sua busca desenfreada por algo que não existe, pois está indo em direção contrária de onde Deus se encontra. Não existe mais fronteiras!