Microfones modernos, mesas de som de última geração e projetores inteligentes são alguns exemplos de recursos que elevaram os cultos a outro nível
Por Cristiano Stefenoni
Quando a intenção era pregar para uma multidão, Jesus sempre escolhia um lugar estratégico para que Sua voz abrangesse a maior área possível. O famoso Sermão da Montanha, descrito no capítulo 5 de Mateus, por exemplo, era um dos locais preferidos do Messias, pois ficava às margens do Mar da Galileia, região com ótima acústica.
Hoje, dois mil anos depois, a tecnologia permite um longo alcance, com qualidade e um esforço mínimo. Microfones modernos, mesas de som de última geração e projetores inteligentes são alguns exemplos desses recursos que elevaram as programações das igrejas a outro nível.
“É fundamental que usemos a tecnologia para adoração. Antigamente, a gente empunhava um instrumento, subia no altar e adorava a Deus. Hoje, há muitos recursos tecnológicos que ajudam a melhorar o desempenho e a performance geral, principalmente, da equipe de louvor”, ressalta o produtor musical Ruben de Souza.
E se há um assunto que ele entende é sobre a utilização de tecnologia para melhorar a performance. Com mais de 30 anos de experiência na área, Ruben já ganhou dois Grammys pelo seu trabalho com a cantora Aline Barros. Além dela, ele já participou em cerca de 100 álbuns de grandes nomes da música gospel como Thales Roberto e Fernandinho.
O produtor afirma que atualmente existem várias ferramentas que são muito úteis para melhorar a qualidade das programações da igreja. Entre eles está o telão de LED. “Ele não é só para enfeitar, mas pode passar conteúdos, letras, imagens que sincronizam com o que você está ministrando e isso facilita para as pessoas verem e fica mais bonito também, esteticamente falando”, justifica Souza.
Outro produto que Ruben considera muito importante, em especial para os cantores, são os fones de ouvido intra-auriculares in ear. Ele diz que, além deles permitirem uma boa monitoração dos instrumentos, também podem ajudar os músicos a receberem informações, como por exemplo, uma regência do diretor musical da igreja ou lembrar detalhes das canções.
O produtor também cita o metrônomo, que marca o andamento das músicas, para ninguém correr ou atrasar. E ainda há os instrumentos pré-gravados nos samples, equipamento que consegue armazenar sons em diferentes formatos, que podem ser reproduzidos um a um ou de forma conjunta.
“O tecladista tem mais partes de teclado que ele não consegue tocar, como coral, backing vocal, orquestra, entre outros sons. Com o samples, cada um ouve em seu fone o que precisa ouvir, enquanto que as pessoas na igreja ouvem apenas o que sai das caixas de som. É muito útil”, justifica Ruben.
A versatilidade dos aplicativos
O produtor Ruben lembra que os aplicativos e as redes sociais oferecem um universo inesgotável de possibilidades para adoração. Como exemplo ele cita o MultiTracks, um site onde há um repertório vasto de canções, baixado por meio de um aplicativo. “Nele é possível usar a guitarra, o contrabaixo, a bateria, enfim, você toca junto e isso ajuda a performar, a melhorar os arranjos. É como uma partitura digital. Lá ainda é possível agendar o ensaio com a equipe de louvor, exibir a escala das ministrações da igreja, entre outras funcionalidades”, afirma.
Tecnologia não substitui a verdadeira adoração
Para o pastor Pedro Braconnot, que é produtor musical, engenheiro de som e empresário de marketing e streaming digital, a adoração não depende de tecnologia, mas é algo que, segundo Jesus, deve ser feito de coração. “Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem” (João 4:23).
Mesmo assim, ele acredita que a tecnologia oferece ferramentas de grande importância para os momentos de comunhão com Deus, principalmente, na igreja. “A tecnologia ajuda como meio de comunicação, com ferramentas de difusão da música e da palavra cantada. Isso é muito importante porque você pode chegar ao mundo todo em alguns segundos por meio da internet”, enfatiza o pastor.
Outras vantagens da tecnologia para os cristãos apontadas por Braconnot estão: o acesso às aulas de músicas on-line, o uso da inteligência artificial pelos pregadores no preparo das mensagens, pesquisas bíblicas online, sistemas para transmissão de letra de músicas nas igrejas, mesas de som automatizadas que facilitam a vida dos técnicos, telões customizados enormes e conectados, iluminação profissional, entre outras ferramentas.
“É preciso pensar em prioridades, para que não haja um gasto excessivo e desnecessário. No que a igreja deveria realmente investir? Qual é o core business da igreja? Amar a Deus e ao próximo, eu creio. Alegrar-se é muito bom, mas o culto não deve ser apenas entretenimento”, alerta.