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sábado, 20 abril 2024

A síndrome do distanciamento vai passar

A síndrome do distanciamento vai passar

A maioria de nossas inquietações decorre de uma percepção equivocada sobre os eventos da vida

Por Clovis Rosa Nery

Eu gostaria de caminhar um pouco com você no centro da sua cidade. Supondo que eu lhe tenha feito um convite que fora aceito, estamos agora no meio da multidão turbulenta.

Cada pessoa, de tão absorta, parece um fantoche modelado com sua máscara. Você tem a impressão de que ninguém o está notando. Sente-se sozinho na multidão, tal qual um andarilho qualquer. Experimenta o peso do isolamento não por ausência de pessoas ao seu redor, mas por causa do distanciamento social.

Responda com sinceridade: ─ Por quem você seria capaz de chorar, pela morte das pessoas que compõem a multidão, ou por seu gatinho de estimação? Aqui, também, a recíproca é verdadeira. Elas também, provavelmente, não chorariam por você!

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Fato é que, se de um lado vemos “vencedores” aos milhares que, racionalmente, brigam por coisas que não trouxeram, nem levarão daqui; de outro, emergem “perdedores” aos milhões que, sem identidade, perambulam com a alma ferida, dorida e fria no labirinto de suas subjetividades, embriagando-se nos shoppings de ilusão das esquinas da vida.

É óbvio que o deprimente clima pandêmico potencializa quadros psicopatológicos na população. Contudo, o isolamento desperta a possibilidade de escutarmos a voz interior que pode vislumbrar diamantes escondidos em nosso ser e, quem sabe, dissipar a escuridão do horizonte? Com isso, não faltarão motivos para respeitarmos um pouco mais a nós mesmos, e valorizarmos o templo do Espírito que é o nosso corpo (1 Coríntios 3:16), aquecendo nosso coração com esperança.

Se entendermos dessa forma, compreenderemos a essência do dom da vida, e tudo será diferente. Veremos a beleza que existe na alma de cada pessoa. Pensaremos duas vezes antes proferir palavras que poderiam feri-la. Não discriminaremos as que estão em caminhos diferentes dos nossos. Não falaremos o que não é para falar, nem deixaremos de falar o que deve ser dito. Sem esquecermo-nos de que ouvir é mais importante, valorizando a voz do silêncio, irradiaremos a luz do Céu, por onde andarmos.

Com certeza, a existência será mais radiante, e menos nostálgica. Viveremos, e não sobreviveremos, mesmo havendo adversidades mortais, porque é no fim da vida física que se abre as portas da completa libertação do espírito, livre das amarras tentadoras da carne. Ver o outro feliz seria uma meta, porque, como nós, ele também é morador desse paraíso caído que um dia já foi chamado de Éden, mas a desobediência o maculou (Gênesis 3).

Creia nisto: ainda há esperança. Você pode apreciar a beleza das flores, sentir seu perfume, voltar-se para Deus, e fazer a diferença em sua vida, e na vida de seu próximo. Mesmo havendo pandemias, experimentaremos uma aventura radiante. Consciente de que você não é perfeito, e que seu melhor amigo deve ser você mesmo, compreenderá que “tudo mudará se você mudar”. Nós não estamos perdidos neste ex-paraíso. O Espírito de Deus está aqui dizendo “Filho meu, dá-me o teu coração?”  (Provérbios 23: 26).

Então, caminhe sensível ao chamado de Deus. O Pai de amor está olhando para você agora, querendo mostrar-lhe que, diante das maiores atrocidades, nós não somos perdedores, porque nada trouxemos e nada levaremos daqui. A maioria de nossas inquietações decorre de uma percepção equivocada sobre os eventos da vida. De repente, tudo passa. Uma nova atitude marcará o início de um tempo especial que norteará os rumos de nossa existência aqui, e  na eternidade.

Clovis Rosa Nery é Psicólogo, administrador de empresa e escritor

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