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quinta-feira, 18 abril 2024

A relação entre Deus e as religiões

O teste definitivo para qualquer religião, deve ser o quanto ela nos aproxima de Jesus Cristo. Religiões são vias de acesso e não um fim em si mesmas

Por Joarês Mendes de Freitas

O filme A CABANA, baseado no “best-seller” do escritor canadense William P. Young, foi lançado nos EUA em 2017. Quando esteve em cartaz no Brasil atraiu milhares de pessoas pela sua proposta bastante inusitada – mostrar uma face de Deus bem diferente daquela construída pelas religiões ao longo dos séculos. A ficção elaborada por Young suscita a seguinte questão: Qual a relação entre Deus e as religiões?

Podemos dizer que as religiões são tentativas humanas de alcançar e manter contato com o Ser divino. São vias de acesso e não um fim em si mesmas. Deus não pode ser identificado ou confundido com as manifestações religiosas. Ele não está vinculado a lugares, rituais e fórmulas, pois transcende a todas as experiências humanas, inclusive as de cunho religioso. Deus pode ser encontrado por todo aquele que o procura com um coração sincero, seja numa catedral famosa, num leito de hospital ou nas sombras de uma árvore qualquer.

Então, qual o lugar das expressões religiosas? Elas devem ser vistas como placas que apontam na direção de Deus.  Naturalmente fazem isso de formas diferentes, uma vez que revelam as percepções que o ser humano tem a respeito da suprema divindade. Mahatma Gandhi afirmou que “As religiões são caminhos diferentes convergindo para o mesmo ponto. Que importância faz se seguimos por caminhos diferentes, desde que alcancemos o mesmo objetivo?” No entanto, tudo isso seria muito confuso, caso não houvesse algum referencial que nos desse segurança, mas ele existe. 

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O fato de que as religiões são uma criação humana gera alguns dilemas. Por exemplo, Agostinho, o maior teólogo cristão depois de Paulo lidou com isso. Ele questiona: “Como alcançar a verdade eterna a partir da mente humana que é mutável e falível?” Uma das maneiras que encontrou de responder à questão foi a seguinte: “A verdadeira sabedoria, fonte da verdadeira felicidade, encontra-se tão somente em Deus. Para alcançá-la(…), é preciso entregar -se na busca da face incompreensível ou inefável de Deus.”

Assim, encontrar Deus se torna uma experiência que cada um de nós precisa empreender por si mesmo e ninguém ou nada pode substituir a busca pessoal. Nesse sentido, a religião pode ajudar ou, às vezes, atrapalhar. Falando aos sábios atenienses, Paulo, o apóstolo, disse que “O propósito de Deus na criação era que as pessoas o buscassem e, tateando, talvez viessem a encontrá-lo, embora ele não esteja longe de nenhum de nós” (Atos 17.27). O próprio Deus tomou a iniciativa de se revelar ao ser humano e ele fez isso de maneira concreta, objetiva, quando entrou na história através da encarnação de Jesus Cristo. 

Nos evangelhos vemos que o Filho de Deus não se identificou com as tradições religiosas do seu tempo, pelo contrário, por elas foi rejeitado e condenado. Assim, o teste definitivo para qualquer religião, deve ser o quanto ela nos aproxima de Jesus Cristo. Uma vez que somente através dele podemos identificar plenamente a verdadeira face de Deus.

Joarês Mendes de Freitas é Pastor emérito da Primeira Igreja Batista em Jardim Camburi e ex-presidente da Convenção Batista do Espírito Santo. 

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