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quarta-feira, 15 DE janeiro DE 2025

A política e a igreja

Legitimo ou não, o envolvimento da igreja com a política

Por José Ernesto Conti

Nossos dias são caracterizados pela “dualidade à flor da pele”, do nós e eles, da direita e esquerda, comunismo e capitalismo, ditadura, democracia, e a “ditaducracia” … e por mais que não queira, a igreja está inserida dentro da comunidade, sofrendo todas as consequências deste momento. Mas creio que concordamos com uma coisa: a maioria de nós, cristãos, acreditamos que a igreja não pode se envolver em política partidária, mas isso não quer dizer que ela é apolítica, ou que a política seja um pecado.

A história mostrou que a Reforma Protestante trouxe a Bíblia para o centro da Igreja e, por outro lado, como consequência social, a Bíblia introduziu na sociedade vários princípios e padrões absolutos e inegociáveis, que lenta e gradualmente foi transformando a sociedade bárbara em uma sociedade mais justa e equilibrada – e, como contrapartida, começaram a receber as bênçãos de Deus.

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Dessa forma, a Igreja tomou para si uma grande responsabilidade, por ser aquela que conhece e entende o que está ali escrito: assumiu, querendo ou não, a primazia em divulgar para a sociedade em geral quais são esses princípios que devem norteá-la.

É importante entender que a Igreja não pode alterar esses princípios. Os princípios não são da Igreja, ela não pode negociá-los nem mesmo negligenciá-los, é apenas a “transmissora” desses princípios para uma sociedade que, sem esses valores, volta rapidamente para o caos total, dando vazão a toda a pecaminosidade latente na humanidade, tornando o mundo um lugar impossível de se viver em paz.

Consciente ou não, nas últimas décadas a Igreja Evangélica tem falhado na sua função de guardiã dos princípios éticos, daí a alternativa foi criar alguns tabus como forma de representar um certo falso moralismo. Esse falso moralismo acabou por tornar alguns assuntos “proibidos” no meio da igreja. Não há opção para os cristãos: temos que ser sal e luz DO MUNDO. Como estamos abrindo mão desse ministério, o que tem crescido em nossa sociedade são os desvios, os erros, as falhas de caráter e, principalmente, os desvios comportamentais que têm cooperado para que caminhemos para uma nova Sodoma.

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Creio mesmo que a dualidade que tomou conta de nossa sociedade é a oportunidade que a igreja precisava para recuperar seu ministério. De uma hora para outra, tomamos consciência do que é “certo” e “errado”, do que é doce e do que é amargo. Creio que, a despeito da maioria dos cristãos ainda não conseguir enxergar a “nuvenzinha”, a Igreja não pode perder essa oportunidade de expor claramente para a sociedade esses princípios que devem nortear nossos relacionamentos.
A Igreja Evangélica precisa finalmente ser sal e luz “do mundo”.

E a política talvez seja um dos piores covis onde aqueles que desconhecem os padrões bíblicos se aninham e convivem. Aqui está o desafio do cristão: ser um político nesse ambiente tremendamente hostil. Temos que ser sábios em escolher, pelo voto, pessoas que conhecem e vivem os princípios bíblicos. Participar da política é entender que precisamos influenciar cada dia mais nossa sociedade com os valores que Deus determinou para o homem.

Só a Igreja tem essa autoridade de tornar-se irrepreensível e sincera, filhos de Deus inculpáveis no meio de uma geração pervertida e corrupta, na qual resplandecemos como luzeiros no mundo. Paulo acrescenta que isso é só o começo, pois precisamos também, “preservar a palavra da vida, para que no dia de Cristo, eu me glorie de que não corri em vão” (Fl 2:15,16).

A Igreja não precisa se meter na política, não precisa fazer passeatas nem protestos. A Igreja precisa ser exemplo para o mundo. É dessa forma que ela transforma o mundo. Mas ela não se furta de mostrar ao mundo, com autoridade, qual deve ser o padrão que todo ser humano deve viver: isso é política!

José Ernesto Conti é pastor da Igreja Presbiteriana Água Viva no bairro Estrelinha

*Artigo publicado originalmente na revista Comunhão 319, de outubro de 2024. Leia a edição completa aqui.

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