Toda vez que uma revisão de uma tradução existente é feita, ela é contada como uma nova tradução ou revisão para língua existente
Por Erní Walter Seibert
Nas últimas semanas saiu o relatório sobre a tradução da Bíblia referente ao ano de 2023. A cada ano, as Sociedades Bíblicas Unidas, junto com outras organizações que também atuam no âmbito da tradução do texto bíblico, preparam um relatório com informações sobre o andamento dos trabalhos realizados. O relatório de 2023 pode ser lido no site da SBB. O objetivo é permitir que todos os povos e nações possam ter a Bíblia Sagrada em sua própria língua.
Quando se fala de tradução da Bíblia, é importante entender que há duas classes de traduções. Uma é chamada de primeiras traduções, em que são contadas aquelas línguas para as quais nunca havia sido traduzido nenhum texto da Bíblia. Nesses casos, é normal que se comece traduzindo um livro da Bíblia. Quando se tem a tradução de, pelo menos, um livro da Bíblia, considera-se que uma porção do texto bíblico foi traduzida. Quando se conclui a tradução de um dos Testamentos (o Antigo ou o Novo), considera-se que há a tradução de um Testamento. Em geral, o primeiro Testamento a ser traduzido completamente é o Novo. E, finalmente, quando se traduz a Bíblia toda, então considera-se que há uma nova tradução da Bíblia completa. Nesse sentido, no ano de 2023, foram realizadas novas traduções para 72 línguas. Essas estão divididas em 39 Porções Bíblicas, 17 Novos Testamentos e 16 Bíblias completas. Essas novas traduções têm a capacidade de alcançar mais 100 Milhões de pessoas.
Existe, também, o caso de revisões ou novas traduções para línguas que já tinham uma tradução bíblica. Imaginemos o caso da língua portuguesa. Já existem várias traduções da Bíblia para o português. Algumas dessas traduções, como o caso da tradução de João Ferreira de Almeida, já passaram por várias revisões. Toda vez que uma revisão de uma tradução existente é feita, ela é contada como uma nova tradução ou revisão para língua existente. Nova tradução ocorre quando uma tradução bíblica é feita para uma língua que já tinha tradução, mas ela é realizada sem levar em conta a base de uma tradução existente. Em 2023, foram realizadas 34 revisões ou novas traduções para línguas existentes, com a capacidade de alcançar mais de 1,15 bilhão de pessoas.
Somando o número de usuários de línguas (que segundo as melhores fontes são 7,4 bilhões de pessoas), temos uma informação importante. Alguma parte do texto bíblico (porção, Testamento ou a Bíblia completa) já está disponível para 7,23 bilhões de pessoas, ou seja, as traduções da Bíblias existentes já alcançam mais de 90% da população no mundo.
Como a Bíblia é fundamental para o trabalho de evangelização e educação na fé cristã, a distribuição dessas Escrituras Sagradas precisa seguir o mesmo ritmo para alcançar os olhos, ouvidos e o coração de todas essas pessoas. Esse é outro desafio enorme que cabe às Igrejas e aos cristãos realizarem.
Cada vez que uma dessas Escrituras Sagradas alcança uma pessoa que não conhece o amor de Deus em Jesus Cristo, a evangelização é realizada. Que desafio a tradução da Bíblia coloca diante de nós: evangelizar. Que Deus continue abençoado a obra ainda não terminada de tradução, para que a obra ainda não terminada da evangelização possa ser levada adiante.
Erní Walter Seibert é Diretor Executivo da Sociedade Bíblica do Brasil e Vice-Presidente das Sociedades Bíblicas Unidas.
A SBB
Desde 1948, a Sociedade Bíblica do Brasil (SBB) tem a missão de “semear a Palavra que transforma vidas”. Trata-se de uma organização beneficente, sem fins lucrativos, assistencial, educativa e cultural. Sua finalidade é divulgar a Bíblia e a sua mensagem, tornando-a relevante para todas as pessoas. Para isso, traduz, produz e distribui a Bíblia — além de incentivar sua leitura e estudo — e desenvolve programas sociais que atendem a populações em situação de risco e vulnerabilidade social.