A forma como as pessoas são tratadas é fundamental para determinar se ela continuará indo lá ou não
Por Cristiano Stefenoni
“Acolher é a arte de transformar estranhos em amigos e amigos em família”. A frase, de autor desconhecido, define bem a importância do acolhimento. Essa prática – comum em abrigos, casas de apoio e em alguns serviços de Atenção Básica oferecidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) – tem provado a sua eficácia, também, quando aplicada dentro das igrejas. Nesse caso, vai muito além de fazer alguém se sentir bem durante um culto. É conquistar essa alma para o Reino de Deus.
De acordo com o pastor Ricardo Costa, da Comunidade Presbiteriana Vinhedo (SP), que é diretor de Treinamento da MPC Brasil e coordenador da Escola de Jesus, o acolhimento tem a ver com o cumprimento do mandamento de sermos hospitaleiros e acolhedores uns para com os outros. “É uma postura de receptividade, sem acepção de pessoas, demonstrando com isso o amor acolhedor de Jesus”, justifica.
O pastor explica que esse acolhimento precisa ser feito de forma inteligente, sem pressão e respeitando a privacidade e a individualidade de cada um. “É preciso haver uma postura amigável por parte das pessoas da igreja, dando aos visitantes a liberdade para determinarem o nível de abordagem que estão dispostos a se expor em um primeiro contato. Ter um espaço para eles tomarem um café, receberem um presente e uma ficha para preencherem se quiserem manter contato são ações viáveis”, afirma Costa.
Para ele, apesar do acolhimento ser uma prática necessária a todos os irmãos da igreja, alguns casos específicos precisam ser atendidos por pessoas treinadas para isso, principalmente em situações que envolvem aquele sofrimento velado, em que a pessoa não consegue demonstrar.
“Seria bom a igreja ser treinada, principalmente os que fazem parte do ministério de acolhimento, nos dons espirituais, para que usem o dom de discernimento e, assim, possam ajudar aqueles que desejarem”, afirma.
Atenção especial aos afastados da igreja
Segundo o pastor Ricardo, um outro grupo que merece um acolhimento especial são os que um dia saíram da igreja, mas agora resolveram voltar. Muitos retornam com medo de serem julgados, constrangidos, sentem-se um “peixe fora d’água’. Nessas horas, é fundamental acolher com carinho, respeito e sem preconceito.
“O acolhimento àqueles que um da saíram da igreja e agora estão voltando deve ser feito com a máxima alegria pelo retorno, pois é o que Jesus ensina com a parábola do Filho Pródigo. Receber com amor, satisfação, mas, ao mesmo tempo, dando a eles a liberdade de mostrar até onde querem ser abordados”, conclui.
7 dicas para incentivar o acolhimento na igreja:
- Oriente a igreja para que todos sejam educados e gentis com os outros;
- Trate todos bem sem discriminação ou preconceito;
- Tenha uma equipe treinada em recepção e acolhimento;
- Encontre um lugar para o visitante sentar;
- Tenha um formulário para pegar os dados da pessoa, caso ela concorde em fornecê-los;
- Cumprimente, abrace e ore com a pessoa;
- Caso seja alguém que estava afastado e está retornando, nada de perguntar do passado ou ser indiscreto. Respeite o momento da pessoa, não discrimine e trate com amor e carinho, assim como Jesus orientou na parábola do Filho Pródigo.