Gerar e gerir recursos para multiplicar discípulos de todas as nações evita que missionários deixem o campo e voltem para suas casas por falta de apoio
Por Lilia Barros
Enquanto os missionários cumprem o Ide de Jesus em várias partes do mundo, a igreja local precisa providenciar recursos necessários para mantê-los nessa obra, para a qual eles se doam todos os dias. Há uma declaração missionária que diz: “Missões se faz com os pés dos que vão, com os joelhos dos que oram e com as mãos dos que contribuem”. Esse movimento participativo depende do envolvimento de todos os que são chamados para uma missão de Deus na terra.
No Novo Testamento, a expansão missionária da Igreja promovida pelos seguidores de Jesus acontecia com base no estilo de vida do compartilhar bens e tudo o que tinham, e assim a igreja crescia poderosamente. Eles não ficavam apenas orando ou pregando, mas doavam o que tinham para quem se doava também. Em Atos 4:32-35 está escrito: “Da multidão dos que creram, uma era a mente e um o coração. Ninguém considerava unicamente sua coisa alguma que possuísse, mas compartilhavam tudo o que tinham…”
A resposta à convocação divina se dá mediante o uso dos dons, patrimônio e possibilidades de cada um, incluindo as condições materiais e econômicas, para o sustento das pessoas enviadas a todos os povos e nações. Por isso as instituições missionárias trabalham com as igrejas, ajudando-as a promover o dever missional de alcançar todos os povos e dar-lhes acesso à salvação prometida por Jesus.
O discípulo Lucas escreveu no capítulo 16 sobre a decisão de servir a Deus ou ao dinheiro e à riqueza. A lição que ele traz é que o crente deve ser mais sábio em gerar e gerir recursos, multiplicando discípulos em todas as nações. O apóstolo e missionário Paulo dá instruções referentes à coleta na igreja de Corinto para que cada um separasse uma quantia, de acordo com a sua renda, reservando-a para que não fosse preciso fazer coletas quando ele chegasse (I Co 16:1-5).
Um exemplo de contribuição dos crentes do século XXI para a obra missionária é o da Igreja Renascer Zona Sul, do Rio de Janeiro, pastoreada por Antônio Abbud. Por causa da generosidade dos membros, 100 famílias na Rocinha recebem o amor e o cuidado de Deus através do Expresso da Salvação e do Projeto Fé com Obras.
“Além das cestas básicas, o engajamento das famílias surpreende a cada dia, atendendo as diferentes necessidades, completamente conscientes de que uma única vida vale mais do que o mundo todo” diz o pastor.
Mas, infelizmente, muitos missionários deixam o campo e voltam para casa por falta de recursos materiais, e várias frentes missionárias são interrompidas e até encerradas precocemente, por não haver estabilidade de recursos.
O mesmo Paulo que orientou a Igreja a contribuir em outro momento testemunha aos filipenses suas lutas no campo missionário: “Alegro-me grandemente no Senhor porque vocês renovaram o seu interesse por mim. Não estou dizendo isso porque esteja necessitado, pois aprendi a adaptar-me a toda e qualquer circunstância. Sei o que é passar necessidade e sei o que é ter fartura. Aprendi o segredo de viver contente em toda e qualquer situação, seja bem alimentado, seja com fome, tendo muito, ou passando necessidade” (Fp 4:10-12).
Abençoados para abençoar
A Bíblia é enfática ao falar sobre a importância do investimento pessoal e monetário para abençoar a obra evangelizadora. Mais uma vez é o apóstolo Paulo quem adverte sobre a importância de doar. “Assim como tendes transbordado em tudo, em fé, em palavra, em conhecimento, em toda a dedicação e no amor que temos despertado em vós, vede que igualmente transbordeis nesse privilégio de contribuir” (II Co. 8:7).
Deus dá uma orientação ao povo para doar. “Dê-lhe generosamente, e sem relutância no coração; pois, por isso, o Senhor, o seu Deus, o abençoará em todo o seu trabalho e em tudo o que você fizer” (Dt 15.10).

Abrir a carteira, fazer um saque da conta bancária ou transferir a titularidade de um imóvel para a plantação de uma nova igreja não deve soar como um ato invasivo. É preciso lembrar que, em algum lugar, alguém espera e depende desse gesto solidário.
O gerente de Mobilização da Visão Mundial, Kess Jones, de São Paulo, conta que durante a pandemia, estando à frente de um projeto missionário na cidade do Recife, ouviu repetidas vezes de diferentes famílias: “Se nós não tivéssemos recebido essa cesta básica hoje, amanhã passaríamos fome’. Essa experiência missionária demonstra que “o envio de missionários para fazer discípulos em outros lugares sempre é feito com investimento pessoal, como relata Paulo em Atos 18.1-5, ou com o investimento de igrejas ou agências missionárias”, afirma Kess Jones.
A Grande Comissão
Uma mistura de obediência e liberalidade tomou conta da multidão dos discípulos comissionados por Jesus e que se expandiram até os dias de hoje. Muitos missionários se doam a ponto de sacrificar a companhia de sua família enquanto cumprem o Ide (Mc 16:15).
Muitos séculos se passaram, mas é possível ver a continuidade dessa corrente de comissionados em diversos lugares.
O pastor Daniel Ramos, do Ministério Libertadores, desenvolve um trabalho missionário no Rio de Janeiro, a exemplo do que Jesus ensinou.
“Nós somos uma igreja missional, focada em missões urbanas para os que estão próximos de nós, mas muitas vezes são esquecidos pela sociedade. Fazemos evangelismo em locais de grande movimento, como semáforos, praças e portas de shoppings, e com parceiros em creches e instituições beneficentes sem apoio do governo. Nesse trabalho arrecadamos alimentos, materiais escolares, de higiene, roupas e tudo que for necessário para a instituição”, ele narra.
Para Ramos, “aqueles que buscam ser iguais a Jesus entendem a importância de levar a Palavra para aquele que necessita. Então, auxilia a obra de todas as formas, tanto financeiramente quanto de forma participativa. Cristo era missionário, estava todos os dias na rua auxiliando aqueles que precisavam da materialização do reino dos céus aqui na terra”, afirma.
O pastor explica que em Mateus 25, Jesus deixa claro que quando tomamos atitudes pelo nosso próximo estamos fazendo também por Ele.
Manter o fluxo
Várias iniciativas missionárias dão certo porque o fluxo financeiro não para de chegar onde é preciso. Kess Jones explica que a Visão Mundial atua em diferentes fontes de captação de recursos, desde ações de sensibilização em igrejas até eventos para adesão aos programas de apadrinhamento e doações para causas.
“Nosso trabalho passa por negociações com empresas ou institutos privados para diferentes perfis de ação. Trabalhamos fortemente com empresas privadas durante momentos de emergências humanitárias, como durante a pandemia de COVID-19, nas respostas a enchentes, na crise migratória venezuelana e outras. A Visão Mundial atua também com editais públicos e privados, submetendo propostas de curto, médio e longo prazo.”
Gratidão

O relatório referente ao ano de 2022 da Portas Abertas teve grande impacto na vida das Igrejas espalhadas pelo mundo e que sofrem perseguição, mas não desistem das pessoas.
O documento mostra que foram realizadas 210.165 doações e o valor arrecadado foi de R$ 23.147.775,43. A Instituição distribuiu em 2022 um total de 1.695.244 Bíblias e literaturas cristãs; realizou 3.269.362 treinamentos bíblicos; forneceu ajuda econômica a 597.733 pessoas ou igrejas e contribuiu com assistência jurídica, presença e pesquisa com 1.513.265 ações institucionais.
“É com gratidão e alegria que constatamos, comparando o exercício de 2022 com o de 2021, que mesmo diante de um período com contínuas mudanças globais e desafios de crises políticas e econômicas, tivemos um decréscimo de apenas 0,36% no total das receitas. Buscamos estreitar nosso relacionamento com todos os parceiros, apresentando inovações que proporcionem mais segurança e agilidade”, afirmou o secretário-geral da Portas Abertas, Marco Cruz.
O decréscimo quase insignificante nas receitas gerou contentamento e foi possível graças aos parceiros e voluntários que contribuem. Mesmo não estando em campo, muitos sentem-se cooperadores da obra por ajudarem a financiar o sustento de quem vai. É o caso de Rebeca Rocha, de uma localização não informada por motivos de segurança. “Amo ser parceira do Portas Abertas.
Ver cada publicação de noticias da obra de apoio às igrejas e missões, receber cada carta e revista na minha casa, me aproximam muito mais da Igreja”.
Descobrir onde podem estar novas fontes de recursos e como acessá-las pode ser uma boa estratégia para missionários que querem incrementar as doações dos irmãos na fé. Um bom exemplo disso é o do Zion Hostel and Coffee, localizado em Chiang Mai, na Tailândia.
O estabelecimento foi comprado em 2018 por iniciativa de um grupo de missionários no campo social que atuam naquele país.
O empreendimento representa uma estratégia pioneira que usa um negócio secular para financiar missões, segundo relata a emissora Christian Broadcasting Network (CBN).
Através do emprego no Zion Coffee, uma residente de Chiang Mai, identificada como Hope, ouviu a mensagem do Evangelho pela primeira vez.
Como doar para quem se doa?
Visão Mundial
No site institucional existem as opções de doar com qualquer valor, pontual ou recorrente; apadrinhando uma criança, a partir de R$ 80 por mês – neste modelo, a Visão Mundial proporciona uma experiência de transformação mútua em que os padrinhos são escolhidos pelas crianças e, a partir desta conexão, toda a comunidade que ela vive é impactada por iniciativas locais; e ainda, por meio de parcerias, caso uma empresa queira atuar diretamente com os projetos. Confira em: https://visaomundial.org.br/como-ajudar.
Portas Abertas
Ao doar para qualquer campanha, realizar uma compra ou assinar a revista Portas Abertas, a pessoa passa a ser parceira, tornando-se mantenedora do trabalho do Portas Abertas. Para se tornar um Parceiro, basta clicar em https://portasabertas.org.br/doe e realizar uma doação. A parceria tem validade de um ano a partir de cada doação e se renova automaticamente sempre que se fizer uma nova contribuição financeira.
Junta de Missões Nacionais
A agência missionária da Convenção Batista Brasileira (CBB), por meio de projetos de plantação de igrejas, compaixão e graça, e evangelismo, conta com missionários que atuam nos 26 estados e no Distrito Federal. Eles são sustentados por ofertas de parceiros fiéis e de parceiros pontuais. Para apoiar esses projetos, basta clicar em https://missoesnacionais.org.br/contribuir/projeto/junta-demissoes-nacionais-cbb.