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sexta-feira, 19 abril 2024

A difícil situação dos cristãos ucranianos em meio ao ataque russo

Pastores orem na fronteira da Ucrânia com a Rússia - Foto: Reprodução

“Tivemos essa experiência com a União Soviética. A igreja não esqueceu o que é ser perseguida. Vamos continuar pregando o Evangelho”

Por Patricia Scott

Nas primeiras horas da madrugada desta quinta=feira (14), a Rússia atacou a Ucrânia, o que gerou reações de líderes mundiais e da Otan. Explosões e sirenes foram ouvidas em várias cidades do país devido a uma operação militar na região.

Pelo menos 50 pessoas morreram e seis aviões russos teriam sido destruídos, segundo informações de autoridades da Ucrânia. Longas filas se formaram nas principais avenidas de Kiev, na manhã desta quinta-feira (24), com moradores tentando deixar a região. O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, convocou a população para proteger o país e ressaltou que “cidadãos podem utilizar armas para defender o território”.

Antes do ataque, em pronunciamento, Vladimir Putin justificou a ação ao afirmar que a Rússia não poderia “tolerar ameaças da Ucrânia”. O presidente russo recomendou aos soldados ucranianos que “larguem suas armas e voltem para casa”. O líder russo afirmou ainda que não aceitará nenhum tipo de interferência estrangeira.
A igreja

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Em meio ao conflito, os evangélicos ucranianos se preparam. “As igrejas já concordaram. Aqueles que estão na parte ocidental da Ucrânia disseram que, se algo acontecer, abriremos nossas casas e nossas igrejas para os cristãos de outras partes do país”, afirmou o presidente do Seminário Teológico Batista Ucraniano, Yarsolov “Slavik” Pyzh.

As igrejas no leste da Ucrânia se tornarão clandestinas caso a Rússia assuma o controle dessa parte do país, afirmou Pyzh. “Historicamente, tivemos essa experiência com a União Soviética. A igreja não esqueceu o que significa ser perseguida. Vamos reorganizar e continuar pregando o Evangelho”.

Atividades cristãs ilegais
Desde 2014, as igrejas na região de Donbass, no leste da Ucrânia, sofrem crescente pressão. Isso começou depois que protestos contra o governo levaram a uma revolta apoiada pelo governo russo nas províncias de Donetsk e Luhansk. Os rebeldes autoproclamaram repúblicas independentes essas localidades.

A Aliança Evangélica Europeia declarou, em novembro, que Donbas é a área da Europa “onde a Igreja mais sofre”, justamente por conta de conflitos e violações da liberdade religiosa.

As autoridades de Donetsk e Luhansk impuseram regras e exigem o registro de organizações religiosas. Uma lista, de dezembro de 2019, mostra que das 195 organizações religiosas registradas pelas autoridades de Luhansk nenhuma permissão foi concedida à comunidade protestante.

“Como nos velhos tempos da União Soviética, a obrigação de se registrar junto às autoridades está sendo usada para tornar ilegais certas atividades cristãs. Nenhum registro significa que não há acesso a gás, eletricidade ou água – tornando as atividades da igreja praticamente impossíveis”, avaliou um analista de perseguição da Portas Abertas.

Em junho de 2021, três igrejas protestantes foram proibidas pelas autoridades da autodeclarada República Popular de Donetsk e outras tiveram seus prédios confiscados. Em agosto, livros dos teólogos Charles Spurgeon e Billy Graham foram colocados em uma lista de literatura “extremista” proibida por um tribunal da República Popular de Luhansk.

As chamadas Repúblicas Populares de Donetsk e Luhansk não estão vinculadas ao direito internacional dos direitos humanos. Isto porque elas não são oficialmente reconhecidas pela comunidade internacional.

“O reconhecimento oficial russo das repúblicas de Luhansk e Donetsk apenas estimulará os rebeldes a continuarem suas práticas”, segundo Portas Abertas, então a legislação oficial russa será implementada, como no caso da Crimeia.

Perseguição aos cristãos
A Rússia era um dos países entre os 50 que mais perseguiam cristãos no mundo até o ano passado, de acordo com Portas Abertas. Atualmente, o país está em 62º posição, configurando entre os países em observação e ainda apresenta casos de perseguição.

Os cristãos, na Rússia, enfrentam a perseguição de familiares e líderes muçulmanos. Amigos e aldeões muçulmanos pressionam particularmente sobre os convertidos nas regiões, especialmente no norte do Cáucaso. Em todo o país, o governo impõe restrições às atividades da igreja ortodoxa não russa.

A aprovação da legislação antiterrorismo, em julho de 2016, resultou em uma proibição total de algumas denominações cristãs no início de 2017. As restrições trazidas por essa legislação afetam cada vez mais os cristãos que não são da Igreja Ortodoxa Russa. Quaisquer conexões que os cristãos na Rússia tenham com igrejas e organizações no exterior, segundo Portas Abertas, estão sendo vigiadas e com crescentes limitações.

 

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