Como uma visão cristã de responsabilidade e mordomia pode ajudar a garantir segurança e qualidade de vida na terceira idade
Por Patrícia Esteves
A crescente expectativa de vida da população brasileira trouxe à tona a necessidade de se pensar no futuro com mais seriedade, especialmente quando o assunto é planejamento financeiro. Dados recentes mostram que a maioria dos aposentados no Brasil depende quase exclusivamente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), o que expõe a vulnerabilidade econômica de grande parte da população idosa.
De acordo com o Raio X do Investidor Brasileiro, divulgado pela Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), 92% dos aposentados no Brasil dependem do INSS como principal fonte de renda, evidenciando a fragilidade da preparação financeira para a aposentadoria. Apenas 3% conseguem sustentar-se com previdência privada ou salários, enquanto 2% dependem de apoio familiar e 1% vive de pensões ou investimentos.
Além disso, 70% da população não consegue poupar ao final do mês, e apenas 20% estão financeiramente preparados para a aposentadoria. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) os idosos – pessoas com mais de 60 anos – representam na atualidade 15,6% da população brasileira. As projeções indicam que até 2046, esse grupo corresponderá a 28% da população.
Fé e disciplina
Quando o assunto é finanças e fé, a disciplina surge como um ponto central. Assim como em Hebreus 12:11, que ensina que “toda correção, no momento, não parece ser motivo de alegria, mas de tristeza; depois, entretanto, produz um fruto pacífico de justiça”, a importância do autocontrole na vida financeira é destacada.
Segundo Tiago Tozzi, escritor especialista em finanças, “é essencial desenvolver o autocontrole de vontades e emoções para ter a disciplina financeira no dia a dia, que proporciona capacidade de poupança para a velhice”. Essa perspectiva bíblica sugere que o caminho para a estabilidade financeira está diretamente relacionado à prática de virtudes cristãs, como a disciplina, citada em Gálatas 5:22.
Outro ponto levantado por Tozzi é a necessidade de se preparar para tempos de escassez, conforme o exemplo de José no Egito, narrado em Gênesis 41:15-54. Durante os sete anos de fartura, José acumulou recursos para enfrentar os sete anos de crise que viriam, transformando o Egito no “celeiro do mundo”.
Tiago reforça essa analogia, afirmando que “ninguém precisaria de previdência pública ou privada caso seguisse a direção bíblica de autocontrole e disciplina nas contas pessoais”. Assim, o ensinamento da Bíblia sobre a prudência e o planejamento serve como um guia para os cristãos lidarem de forma responsável com seus recursos.
As igrejas, como agentes de transformação social e espiritual, também podem desempenhar um papel fundamental na educação financeira de seus membros. De acordo com Tiago, “a Bíblia nos chama para sermos o sal da terra, um exemplo de conduta para a humanidade” (Mateus 5:13-16).
Ele acredita que, ao oferecer orientações sobre gestão financeira, as igrejas podem ajudar a prevenir situações de vulnerabilidade econômica entre os idosos. Embora a prática da palavra nem sempre seja seguida por todos os fiéis, as igrejas têm o dever de incentivar a reflexão e a adoção de medidas que promovam a estabilidade financeira.
Por fim, a lei da semeadura, mencionada em Gálatas 6:7-8, lembra que todas as pessoas colhem aquilo que plantam ao longo da vida. Tiago destaca que “o que acontecerá na terceira idade depende do que fazemos hoje no dia a dia, seja na saúde, nas finanças, em tudo na vida”. Essa visão reforça a necessidade de ações conscientes e planejadas no presente para que o futuro, especialmente a aposentadoria, seja mais seguro e confortável.
“Longevidade financeira” é uma questão que envolve não apenas o planejamento estratégico, mas também uma vida de disciplina e responsabilidade, inspirada nos ensinamentos bíblicos. As pessoas precisam aprender a cuidar e gerir suas economias, mas a base de qualquer segurança futura está em uma vida financeira organizada e orientada por princípios de sabedoria e autocontrole. O exemplo de José, a correção de Hebreus e a lei da semeadura são apenas algumas das lições que o cristão pode aplicar em sua vida financeira para garantir uma aposentadoria tranquila e digna.
1. Criar um orçamento detalhado
Anote todas as suas despesas fixas (aluguel, contas) e variáveis (alimentação, transporte).
Identifique áreas onde você pode cortar gastos desnecessários. Direcione qualquer economia imediata para a poupança.
2. Definir metas financeiras claras
Estabeleça um valor mínimo que você deseja poupar e para quais objetivos (emergências, aposentadoria, educação).
Comece com uma meta realista, mesmo que seja pequena.
3. Estabelecer uma reserva de emergência
Priorize a criação de um fundo de emergência antes de pensar em outros investimentos.
Idealmente, este fundo deve cobrir de 3 a 6 meses de despesas básicas.
4. Poupar de forma automática
Configure transferências automáticas para uma conta poupança assim que receber sua renda.
Isso ajuda a evitar gastar o dinheiro antes de guardá-lo.
5. Evitar compras impulsivas
Planeje suas compras e evite gastos desnecessários.
Dê preferência ao que realmente é necessário e priorize o longo prazo.
6. Cortar dívidas com juros altos
Se você tem dívidas, priorize pagá-las, especialmente aquelas com juros altos, como cartões de crédito.
Negocie condições de pagamento mais favoráveis para quitar suas dívidas o quanto antes.
7. Adotar o hábito de poupar, mesmo que pouco
Mesmo com poucos recursos, poupe o que puder, regularmente.
O importante é a consistência, não o valor inicial.
8. Criar fontes de renda adicionais
Considere opções de renda extra, como trabalhos freelancer ou venda de produtos/serviços.
A renda extra pode ser direcionada exclusivamente para sua reserva financeira.
9. Investir em educação financeira
Busque conhecimento sobre finanças pessoais para aprender a administrar melhor seu dinheiro.
Existem muitas fontes gratuitas online, como vídeos, blogs e cursos de educação financeira.
10. Procurar programas de apoio financeiro
Verifique programas governamentais ou organizações que oferecem apoio financeiro, descontos, ou cursos gratuitos que possam melhorar suas condições econômicas.