Uma pessoa, ainda que bem intencionada, se não possuir uma base espiritual, não obterá êxito em querer ser um “esteio moral” na sociedade onde vive
Por Clovis Rosa Nery
Em princípio, a moralidade cristã tem a ver com o controle integral do ser. Ela envolve atitude. Todo empenho nesse sentido é prudente, porque desleixos prejudicam a nós mesmos, e o nosso próximo. Basicamente, ela tem uma questão individual e outra coletiva. Aquela assinala para um obedecer que implica numa transformação interior. Esta só será efetivada quando aquela estiver consolidada.
Exemplificando: pense numa apresentação da Esquadrilha da Fumaça. Os aviões fazem manobras bruscas e precisas. Infere-se de tal que há um controle eficaz envolvendo os pilotos e as máquinas.
Havendo uma falha, por menor que seja, será o prenúncio de uma tragédia. Semelhantemente ocorre com os princípios básicos da moralidade cristã, no que diz respeito à nossa conduta diária.
Assim, há duas condições sine qua non que devem ser consideradas. Primeiro, a capacitação dos pilotos das máquinas voadoras. Segundo, a revisão constante daquelas extraordinárias máquinas.
Essas condições guardam interdependências. Uma não funcionará bem sem a outra. Tentativas de levar adiante a apresentação da citada esquadrilha, sem observá-las, certamente, implicarão riscos.


Voltemos a pensar a respeito da moralidade cristã. Uma pessoa, ainda que bem intencionada, se não possuir uma base espiritual, não obterá êxito em querer ser um “esteio moral” na sociedade onde vive.
Por isso, para “consertar” um homem é indispensável primeiro ajustar o seu interior. De igual modo, para melhorar a sociedade em geral é mister que as pessoas que a compõem sejam íntegras.
Primeiramente cuida-se do individual para depois buscar o êxito coletivo. Nossa sociedade fracassa em muitos projetos, religiosos e seculares, porque investe no segundo elemento, mas nem tanto no primeiro.
Um dos entraves é que, nestes tempos sodomitas adornados de brumas e noites traiçoeiras, muitos atraídos por prazeres imediatos têm pouco ou nenhum interesse em abrir mão de suas lentilhas.
Nesses casos, a eficácia de uma profilaxia vai depender do objeto da ação, ou seja, a pessoa precisa ser virtuosa e humilde, a ponto de assumir o ônus da sua transformação. Quem desejar pode ser curado, mas é preciso querer.
Se o limiar da metamorfose ocorre individualmente ─ estamos tratando de correção de conduta ─, então o amor e o perdão não poderão ser relevados, a menos que comprometamos todo processo.
Em seus aspectos operacionais o perdão guarda certa semelhança com o amor. À luz dos ensinos de Jesus eu devo me amar, amar o meu próximo, e amar a Deus acima de todas as coisas.
Consequentemente, conscientizando-me de meu estado atual, eu experimento a uma mudança de vida, arrependendo de meus erros, perdoando o meu próximo, e sendo perdoado por Deus na mesma medida.
Há uma trindade espiritual, mas também há uma “trindade” relacional. A espiritual é constituída de Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo. A relacional baseia-se no amor a Deus, a mim mesmo, e ao próximo.
Mas não devemos cometer o equívoco de pensar que praticar essas ações é fácil. Não é! Amar a mim mesmo e a Deus pode ser, mas amar o meu próximo quando ele é meu inimigo declarado é difícil.
Perdoar também é um “calcanhar de Aquiles” nas nossas relações sociais. Se perdoar a mim mesmo, em muitas situações já é difícil; perdoar meus algozes vai exigir um esforço sobrenatural.
A transformação interior proposta envolve uma cirurgia feita pelo médico dos Médicos, Jesus Cristo. Ela equivale a uma troca de coração. Contudo, se você quiser, e crer n’Ele verá os resultados.
Clovis Rosa Nery é Psicólogo, pesquisador e escritor