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quinta-feira, 18 abril 2024

O mal que é bonzinho

O mal que é bonzinho

Por José Ernesto Conti

 

Palmas para a Globo. Eles conseguem fazer as coisas de tal forma que todo final de novela é esse frisson nacional!! Se a novela acabasse no domingo, teríamos que mudar o horário do culto, pois é possível que as igrejas ficassem vazias. Não sou de acompanhar novela. Primeiro porque não gosto. Percebo que a novela “emburrece” as pessoas. Quanto mais vemos novela, mais nos tornamos incapazes de pensar ou agir com sabedoria. Alguém já disse que novela é subcultura, pois uma cena que poderia ser descrita em poucos minutos e todo mundo entenderia com muita facilidade, é espichada em muitas e muitas horas, semanas, meses… Das duas, uma: ou eles acham que o público é burro e tem que falar bem devagar para entendermos, ou ficam nos enrolando mesmo. Segundo porque não tenho tempo para perder. Temos coisas mais importantes na vida. Por isso ver novelas é algo meio nojento misturado com fedorento.

Mas por pior que seja, lá no fundo (bem no fundo mesmo) há sempre algo que merece um pouco de nossa atenção. E nesta novela que acabou não foi a questão homossexual nem o bloco evangélico que me assustou. O que me assustou foi ver que o “bandido” não é mais bandido, nem o “mocinho (ou mocinha)” não é mais o bonzinho. Antigamente toda história tinha sempre 2 lados bem definidos: os bons e os maus. Você assistia a uma novela e sabia desde o princípio quem eram os “bons” e os “maus” e geralmente torcíamos para que os bons vencessem no final. Mas hoje isso acabou. Os bons podem ser maus e os maus de vez enquanto são bons, de tal forma que não se sabe mais quem é quem. Os “bons” usam as mesmas artimanhas dos maus para se dar bem e (o pior) torcemos para que eles vençam, mesmo usando meios antiéticos.

O profeta Isaías experimentou algo parecido no início de sua vida profética, quando percebeu que o povo de Israel estava sem rumo, sem direção. Deus então envia uma série de “ais” (alertas) e entre estes o 4º ai diz exatamente o seguinte: “Ai dos que ao mal chamam bem e ao bem, mal; que fazem da escuridão, luz e da luz, escuridão; põem o amargo por doce e o doce, por amargo!” (Is 5:20). Em outras palavras, invertem completamente os sentidos, deturpam os padrões; alteram a direção. Como isso não é novo não deveríamos nos assustar, mas o que assusta hoje não é a inversão, mas é a simbiose do mal com o bem.

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É ver que nossos referenciais estão cada dia mais maleáveis e sujeitos a muitas variações. Se podemos ser bons e maus ao mesmo tempo, pelo menos comportamentalmente não há absolutos. Passamos a definir o que é certo ou errado. Quais são os limites? Ninguém sabe, ou ninguém quer se preocupar com isso.Tenho até medo de perguntar onde vamos parar. Não sei. Me parece que o objetivo é confundir, desestabilizar, descaracterizar, tornar tudo relativo, deixar que cada um defina o que é certo ou errado. Cada pessoa está se tornando seu próprio deus com toda capacidade de dizer o que quer e como quer. Finalmente Nietzsche está com a razão, estamos conseguindo matar Deus! Vade retro!veitar o início de cada ano para pegar uma folha de papel em branco e responder a uma pergunta de maneira criativa: “O que é impossível eu fazer hoje, mas se fosse possível mudaria o que faço e ajudaria a cumprir minha missão de vida?”

Pastor da Igreja Congregação Presbiteriana Água Viva e engenheiro Mecânico

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