Uma pesquisa global revela preocupações crescentes das pessoas sobre o futuro financeiro dos seus filhos. Como as famílias podem reagir a esse cenário?
Por Patrícia Esteves
A instabilidade econômica mundial tem deixado muitas famílias inquietas sobre o futuro que aguarda a próxima geração. Dados recentes do Pew Research Center indicam que 57% dos adultos em 36 países acreditam que as crianças de hoje estarão em pior situação financeira do que seus pais. Esse cenário reflete a desigualdade crescente e os desafios que surgiram ou se intensificaram após a pandemia da COVID-19.
Na pesquisa, a preocupação com a lacuna entre ricos e pobres foi destacada como um “problema muito grande” por mais da metade dos entrevistados. Esse sentimento é particularmente forte na América Latina, onde cerca de 70% dos adultos apontam a influência dos ricos na política como um fator significativo para a desigualdade econômica. No Brasil, essa preocupação também é evidente, especialmente entre famílias de baixa renda, que enfrentam os impactos diretos da instabilidade financeira. Mas diante desta perspectiva, é possível preparar os pequenos para lidarem com as adversidades e não se tornarem parte deste contexto?
Ensinar sobre finanças
Uma reflexão sobre como abordar as questões financeiras com as crianças é fundamental. O escritor cristão, Tiago Tozzi, destaca que Provérbios 22:6 fala da responsabilidade dos pais de ensinar os filhos em tudo. E nesse processo as palavras devem estar conforme as atitudes. “O momento de ensinar é quando a criança já adquiriu uma certa consciência. Muitos pais e a mídia estão influenciando desde cedo os filhos com a cultura consumista”, de acordo com Tozzi, é importante criar uma mentalidade de controle financeiro e investimento desde cedo. “Eu sou do tempo do porquinho (risos) que era ensinar na prática a poupar com o que tem. É o que está em Mateus 25:23, fiel no pouco para ir para o muito. Os grandes investidores começaram com pouco”, destaca.
“Os pais fazendo bem irão influenciar para bem. Já os pais gastões, infelizmente criarão filhos gastões. Viva com o que tem, não se importando com a necessidade de imagem social. É necessário ensinar a obedecer aos pais, ser honesto, disciplinado, ter intenções certas. Não cobiçar o alheio. Temer a Deus que é o dono do ouro e da prata”, detalha sobre o exemplo decisivo dos pais.
Qual o futuro das suas crianças?
A pesquisa também revelou que 34% dos adultos acreditam que as crianças terão uma vida melhor do que seus pais. Esse grupo minoritário é composto, em grande parte, por pessoas que veem a educação e o progresso tecnológico como ferramentas para transformar o futuro.
Outro ponto levantado pelo estudo é a influência de fatores culturais e demográficos na percepção sobre o futuro. Mulheres tendem a estar mais preocupadas com a desigualdade de gênero, enquanto as minorias raciais e étnicas enfatizam a discriminação como uma barreira significativa. Esses aspectos mostram a importância de abordar o futuro das crianças de forma inclusiva, preparando-as para lidar com um mundo diverso e cheio de desafios.
Para as famílias cristãs, esses dados são um convite à reflexão. Como transformar a preocupação em ação? Uma sugestão é incluir as crianças em conversas sobre economia e valores desde cedo, ensinando princípios como o desapego ao materialismo e a confiança em Deus. “Quando mostramos a elas que a verdadeira riqueza está no relacionamento com Deus e com o próximo, ajudamos a formar adultos mais equilibrados e esperançosos”, reforça Tiago.
A pesquisa pode pintar um cenário desafiador, mas também aponta para oportunidades de crescimento e aprendizado. Confira 10 atitudes que podem transformar o futuro dos seus filhos:
- Use um cofrinho: Ensine sobre poupança, começando com um cofrinho para demonstrar a importância de guardar para o futuro.
- Ensine sobre dízimos e ofertas: Explique a prática do dízimo e a importância de dar a Deus, incorporando essa prática na rotina familiar.
- Fale sobre prioridades financeiras: Ajude a distinguir necessidades de desejos, ensinando a acumular tesouros no céu, não na terra.
- Estabeleça metas financeiras: Encoraje a poupar para alcançar objetivos, como comprar algo ou fazer uma doação.
- Seja um exemplo: Mostre, por meio de suas atitudes, como viver de maneira financeira responsável e honesta.
- Ensine sobre generosidade: Incentive-os a compartilhar com os outros, mostrando que a verdadeira riqueza está em dar.
- Use jogos educativos: Jogos de tabuleiro ou aplicativos financeiros podem ser uma maneira divertida de aprender sobre dinheiro.
- Fale sobre consumismo: Discuta o perigo de se deixar levar pelo consumismo e a importância de escolhas conscientes.
- Inclua as crianças no planejamento de compras: Ensine sobre orçamentos e prioridades ao fazer compras familiares.
- Ensine gratidão e contentamento: Ensine a serem gratos e contentes com o que têm, seguindo o exemplo de Paulo.

