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sexta-feira, 29 março 2024

Virando o jogo

No conhecido filme “O Auto da Compadecida”, um dos truques do escritor do texto é justamente virar o jogo nos diálogos – quem estava apanhando passa a bater e quem estava certo passa a estar errado. É um jogo de argumentações, mentiras, blefes, experimentações, que, por vezes, até confunde o expectador. O filme, na verdade, retrata a realidade na política, nos negócios, enfim, nas conversas diárias de qualquer um de nós.

Por exemplo: o assunto mais debatido atualmente diz respeito ao homossexualismo. Ora está ganhando o lado conservador, ora o lado liberal. A fobia por esse tema incendeia os governos. Pudera; o investimento para a liberação sexual está crescente e promete retorno alto. A população, entretanto, se divide. Até juízes estão tomando partido e se dividindo entre eles. A boa notícia, no entanto, é que os evangélicos estão acordando em nome da ética e da moral e tentando virar o jogo.

Estão virando o jogo também os fumantes, os alcoólatras, muitos viciados, compradores e jogadores compulsivos – só mesmo sendo um desinformado para entrar em qualquer desses times. São caminhos escuros cujo objetivo explícito é destruir pessoas. Curioso é que não só evangélicos estão defendendo a volta à sanidade. Governos declaradamente ateus têm defendido uma sociedade mais limpa e livre desses cânceres. É hora de virar o jogo, se não, nem jogadores teremos no futuro.

No mundo da música, no entanto, vê-se um adormecimento em “berço esplêndido”. Artistas e produtores, definitivamente, estão entregues aos modismos e às exigências de mercado, ou melhor, ao “se não der dinheiro não é bom”. Cederam ao pensamento de que arte virou produto e a pirataria não tem solução. Artistas seculares praticamente não vendem mais CDs, disponibilizam as músicas na Internet e vivem de cachês. E os evangélicos vão seguindo a mesma tendência.

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Não podemos nem devemos parar de lutar pela boa música; é nossa obrigação virarmos o jogo. Lutero não suportava mais ser enganado por seus superiores, então, provocou um reforma na Igreja Católica. Martin Luther King foi à luta pela liberdade dos negros norte-americanos. Atualmente, muitos países inconformados com seus governantes foram às ruas exigir mudanças. E nós, artistas, vamos ficar parados vendo a nossa música caminhar para o fundo do poço?

A música cristã brasileira está uma vergonha – pobre, fraca, sem expressão, repetitiva e centrada no homem. No passado, se queríamos ouvir boa música, íamos às igrejas. Hoje, não. Temos que fugir delas e, nem sempre, encontramos coisa boa fora. São raríssimas as igrejas onde se ouve boa música, e ungida. Cada vez mais, os músicos estão dependentes das tecnologias e sabendo menos de fato de música. Satisfazem-se repetindo três ou quatro acordes à exaustão. Santo Deus, será que não se enxergam, não se ouvem, não se analisam?

Como virar o jogo da música na Igreja? Simples: valorizando os verdadeiros músicos da igreja, criando escolas de música, incentivando composições com melhor conteúdo, promovendo concertos com artistas da igreja e da comunidade local nas dependências da igreja, apoiando novas bandas, coros e solistas, participando efetivamente das discussões e ações que visam à eliminação da pirataria, melhorando o nível de qualidade dos músicos e técnicos de som e por aí vai. O importante é não perdermos o entusiasmo e o sonho. Virar o jogo dá trabalho, exige oração, esforço, mas o sabor da vitória nos dará um prazer enorme, além de podermos oferecer a Deus um louvor de melhor qualidade.

Atilano Muradas é escritor, músico, jornalista, teólogo e pastor titular da Igreja Presbiteriana Brasileira em Houston, no Texas. Tem oito CDs gravados e três livros publicados e reside nos Estados Unidos com a esposa e filhos. Site: www.atilanomuradas.com

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