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quinta-feira, 28 março 2024

Qual a tragédia maior?

Por mais que a dureza da vida tenha nos tornado insensíveis

Por mais que não estejamos ligados no noticiário, o ato de Wellington Menezes de Oliveira na escola municipal Tasso da Silveira, no Rio de Janeiro, não pode, de forma nenhuma, ser desprezado ou ignorado pelas seguintes razões:

1 – apesar de acontecer em países como Estados Unidos ou da Europa, não havia registro desse tipo de atentado no Brasil;
2 – o criminoso, pelo relato das vítimas e por seu passado, fez o ato com total consciência do que e por que estava fazendo;
3 – a carta que deixou está recheada de citações religiosas (de todos os credos), o que, de certa forma, indica alguma influência externa;
4 – o seu passado, com frustrações e desprezo por parte da sociedade em que vivia, alimentou seu desejo de vingança; e
5 – por fim, ele se mostra mais misericordioso com os animais do que com as pessoas.

De todas essas razões, a carta recheada de citações religiosas é que mais me chama a atenção. Ela nos mostra que ele tinha consciência, por exemplo, de pureza e adultério (“fornicador”), de oração e perdão de Deus, da vinda de Cristo, do sono da morte (?) e até da vida eterna. A pergunta que faço é a seguinte: como alguém que conhece tantos conceitos religiosos poderia cometer esse ato bárbaro e absurdo?

Seria o ato do Wellington uma prova de que os conceitos religiosos de nosso tempo estão falidos ou falhando?

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Não estaria a religião destruindo conceitos em lugar de construí-los? Seria a religião de hoje mais um motivador das insatisfações do que um alimentador das almas? Não seria a dicotomia entre as igrejas e os líderes religiosos de hoje, muito mais interessados em ver atendidos seus desejos e ambições do que viver o ensino de Cristo deixado, por exemplo, no sermão do monte (Mt 5,6,7), o fator que está corroendo as entranhas da verdade e os pilares da moralidade? Seria esse ato o marco de que a história estava precisando para mos mostrar que de fato há um rompimento religioso entre a pregação e a prática?

O ato de Wellington causa repulsa e deve ser repudiado com veemência. Mas a forma de repudiar é vivendo de forma verdadeira aquilo que Cristo ensinou. É primeiro me transformando, para depois transformar o mundo. Agir sem negociar ou abrir mão de princípios ou referências absolutos. É ser primeiro o que gostaria que os outros fossem. Fazendo assim, nossa mensagem será mais eficaz e teremos menos Wellingtons cometendo tragédias em nossas escolas.

José Ernesto Conti

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