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sexta-feira, 19 abril 2024

“Sequestraram a liberdade do capixaba e querem resgate”, diz Hartung

Essa foi a afirmação feita nesta quarta-feira (8) pelo chefe do Executivo capixaba para classificar o movimento de tem mantido os policias militares fora das ruas.

Durante coletiva de imprensa realizada nesta terça-feira (8) na residência oficial na Praia da Costa, em Vila Velha., o governador Paulo Hartung, que está licenciado do governo do Estado desde a última sexta-feira (3), quando passou por cirurgia para retirada de um tumor da bexiga, criticou o movimento que começou na noite da última sexta-feira (3), impedindo a presença dos policiais militares nas ruas.

Hartung iniciou a fala desmentido a informação de que o secretário de Segurança Pùblica, André Garcia, poderia ser deposto do cargo. “O caminho é errado, ele rasga a Constituição de nosso país. É uma chantagem. Se nós brasileiros não enfrentarmos isso, será hoje aqui, amanhã no restante do Brasil. Isso é a mesma coisa que sequestrar a liberdade do capixaba e cobrar resgate. Não pode pagar resgate. Nem pelo aspecto ético, nem pela observância da Lei de Responsabilidade Fiscal”, afirmou Hartung.

PH fez um apelo: “Quem paga essa conta é o cidadão capixaba. Quem mantém os salários dos profissionais de segurança em dia é o capixaba, quem está permitindo que o nosso governo não atrase um dia sequer as promoções é o cidadão capixaba. Esse é o patrão, quem manda. Nosso governo é passageiro, daqui a pouco vamos embora, mas a instituição governamental fica, a instituição Polícia Militar fica e fica uma coisa muito mais importante, os verdadeiros donos dessa constituição. Pela história que eu tenho nesse Estado, pelo respeito que eu tenho ao nosso Estado, vamos voltar ao trabalho”.

Ele disse ainda que apesar de estar de licença e se recuperando da cirurgia ainda tinha energia para apoiar as decisões que vinham sendo tomadas. Tenho ainda energia para dizer a esses homens e mulheres de bem, que pertencem a uma instituição secular, que está sendo manchada por atitudes grotescas. Quero olhar nos olhos desses policiais e pedir a eles que respeitem a sua instituição, respeitem nosso Estado, respeitem o cidadão capixaba”.

Por fim, Ao ser questionado se o governo não tinha como evitar a situação atual e se não teria demorado para agir, Hartung questionou sobre o custo de atender ao percentual de ajuste salarial de 46%, que teria sido supostamente acordado em uma reunião na Assembleia Legislativa, coordenada por um grupo de deputados e a senadora Rose de Freitas. “Colocar isso na conta do governo é perguntar se queremos aumentar impostos, num país com uma carga tributária dessas. Sabem quanto custa um aumento desses? Vocês sabem? Apliquem o percentual que os políticos apontaram ontem, aonde vamos arranjar meio bilhão de reais? Aumentar o ICMS, como têm feito outros Estados.”, afirmou.

A mensagem do governador licenciado, que deve voltar ao comando do Estado na próxima semana, foi dada logo após o governador em exercício César Colnago e o secretário de Segurança Pública terem reiterado que, enquanto a PM não voltar às ruas e a situação estiver normalizada, não haveria nenhum tipo de negociação com representantes dos familiares.  Mas depois o secretário André Garcia disse que uma comissão ouviria as representantes do movimento.  “Nossa expectativa é que a PM volte as ruas e se retome a normalidade. Nós já havíamos marcado uma agenda para a próxima sexta-feira. E o governo se dispôs a formar uma comissão para ouvir essas mulheres hoje”, disse o secretário.

Colnago destacou ainda que já solicitou a vinda de mais 500 homens das Forças Federais ao Estado, além dos 1200 que já se encontram atuando na Grande Vitória. Segundo ele, esse efetivo complementar  será direcionado aos demais municípios capixabas. Apesar de não dar nomes, Colnago também afirmou que já havia ocorrido um acordo para a PM voltar as ruas e que muitos policiais já haviam assumido seus postos de trabalho, mas que após movimentação de um grupo político, houve retrocesso.  “Esse movimento é ilegal e nós vamos nos pautar pela Lei. Seria uma irresponsabilidade prometer um aumento salarial sem termos dinheiro. Vou repetir o exemplo que tenho dado, se você quer comprar uma geladeira e não em dinheiro, você busca um crédito. Se não tem dinheiro, nem crédito, adia a compra. É assim no orçamento doméstico, é assim no orçamento público. Não se pode gastar um dinheiro que não existe

O secretário de Segurança reiterou que quando ocorre interferência dessa natureza em um processo de negociação, causa descumprimento em um acordo. “Nós tivemos isso ontem, como foi dito aqui pelo governador em exercício. Nós havíamos fechado um acordo com representantes do movimento e no intervalo do cumprimento da execução, em que a tropa começou a sair para as ruas e a realização de outras intervenções, esse momento retornou e endureceu, em função dessa interferência  destacou também que o excesso de boatos tem prejudicado o trabalho do Governo. “, afirmou

“O governo não nega que há a queda do poder aquisitivo de todo trabalhador brasileiro, do conjunto de servidores do Estado. A questão é: temos capacidade hoje de honrar o compromisso de aumentar o salário dos policiais? Não, sob pena de desorganizarmos o Estado”, disse o secretário. Garcia destacou ainda que a onda de boatos que toma conta das redes sociais prejudica muito o trabalho.

Mesmo sem dados oficias confirmados pela Secretaria de Segurança Pública, as associações da Polícia Civil apontam que desde a última sexta-feira, foram assassinadas 92 pessoas

Na saída da coletiva, fomos abordada por uma mãe de policial militar que nos questionou se conhecíamos as condições de trabalho da PM. “O colete que meu filho usa para se proteger dos bandidos, eu comprei pra ele. Sabiam disso?”, questionou a muher que preferiu não se identificar, apegando que o filho sofreria represália.

Escolas publicas e privadas, bancos, postos de saúde e a maior parte do comércio permanecem fechados desde segunda-feira (6), quando também os ônibus pararam de circular.

Na segunda-feira à noite, 250 homens do Exército foram pras ruas, mas a onda de crimes continuou. Nesta quarta-feira, segundo o secretário André Garcia, são 1200 homens nas ruas. A noite, mais 200 chegaram e forma deslocados para Cachoeiro de Itapemirim, onde a situação está bastante crítica.  E hoje quem precisou ir ao trabalho, mais uma vez teve muita dificuldade, pois os terminais estavam completamente vazios, sem nenhum coletivo

O Movimento
Os policiais militares reivindicam aumento nos salários, pagamento de benefícios e adicionais e criticam as más condições de trabalho. Mas por serem impedidos pela Constituição Federal de fazer grave, as famílias foram para a frente dos batalhões em todo o Estado, impedir a saída das viaturas policiais.

A ausência da PM nas ruas gerou uma onda de violência que já inclui 92 assassinatos, mais de 350 lojas arrombadas e saqueadas e 200 veículos roubados, segundo o sindicato da Polícia Civil.

Na terça (7) a população foi para a frente de batalhões em Vitória, Guarapari e Cachoeiro de Itapemirim, exigindo a liberação dos portões para que os policiais coltassem as ruas. Em Vitória, o Exército precisou se dirigir ao Comando Central da PM, em Maruípe, para evitar o confronto entre moradores e familiares de policiais, além de estabelecer o trânsito.

Imagens: Jackson Gonçalves

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