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sexta-feira, 29 março 2024

Fortalecendo uma velha aliança

O que esperar da aproximação entre Brasil e Israel com o governo Bolsonaro? Vamos a um mapeamento das relações judaico-brasileiras

Desde a eleição de Jair Bolsonaro à presidência do Brasil, em outubro último, Israel passou a ser considerado aliado de primeira hora do novo presidente, ao ponto de seu primeiro ministro, Benjamin Netanyahu ter se tornado o primeiro mandatário israelense a comparecer à cerimônia de posse no Brasil. Isso se deu devido aos acenos claros de Bolsonaro e seus filhos em buscarem a aproximação com o Estado judeu, mesmo antes do início da campanha, propondo, inclusive, a transferência da embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém, o que tem por pano de fundo agradar à comunidade evangélica pró-Israel no Brasil.

As relações entre o Brasil e os judeus remontam ao período colonial. Devido às perseguições religiosas promovidas pelos reis católicos da Espanha (1478) e, posteriormente em Portugal (1497), os judeus residentes na península ibérica tinham três opções:  morrer nos tribunais da santa inquisição, fugir para países como Inglaterra e Holanda, onde havia certa tolerância religiosa ou que abdicar de sua religião para se manterem vivos. A estes foi dada a denominação de cristãos novos que, para evitar represálias adotaram novos sobrenomes, muitos derivados de plantas, frutas, animais, etc. – Logo, alguém com os sobrenomes Oliveira, Pereira, Coelho, Silva, Silveira tem alguma probabilidade de ter ascendência judia.  Muitos judeus fogem da metrópole e se instalam na colônia. É aqui que os caminhos do Brasil e dos judeus se cruzam.

Mesmo antes do início da campanha, Bolsonaro e seus filhos buscam a aproximação com o Estado judeu propondo, inclusive, a transferência da embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém, o que tem por pano de fundo agradar à comunidade evangélica pró-Israel no Brasil.

Durante mais de um século os judeus se integraram ao cotidiano da colônia, até que, a partir da segunda década do século XVII os holandeses invadem o nordeste brasileiro. Como citado anteriormente, a liberdade religiosa na Holanda atraiu muitos judeus para os Países Baixos. Esses, por sua vez, vieram para o Brasil a fim de participarem do lucrativo comércio açucareiro e de escravos. Em 1637 é fundada na cidade do Recife a primeira sinagoga do continente americano. Com a derrota holandesa (1654), os judeus foram obrigados a venderem suas propriedades e voltarem para a Holanda. Um grupo rumou para o norte e, na foz do rio Hudson, fundou
Nova Amsterdã, atualmente Nova York. Os que ficaram no Brasil, mais uma vez foram obrigados a se aculturar ou rumar mais para o interior da colônia, deixando vestígios preservados até hoje.

Com a proclamação da independência (1822) e com a promulgação da primeira constituição (1824) foi assegurada uma relativa liberdade religiosa. Na prática, não havia mais perseguições de cunho religioso e alguns judeus imigraram para o país, atraídos pelo ciclo da borracha no norte do séc. XIX. A partir do séc. XX, com o aumento do antissemitismo, levado ao extremo durante o governo nazista alemão, muitos judeus refugiaram-se no Brasil. Em 1947, sob o secretariado do brasileiro Osvaldo Aranha (1894-1960), as Nações Unidas promulgam uma resolução, que culminaria em 1948 na criação do moderno Estado de Israel.

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Nos anos mais recentes, sob os governos petistas, por razões ideológicas houve um distanciamento diplomático entre o Brasil e Israel com o governo brasileiro se alinhando à causa palestina. O que se espera com o governo Bolsonaro é que a antiga aliança entre o Brasil e o povo judeu caminhe para um patamar nunca antes atingido.


Rafael Simões é Coach Integral Sistêmico pela Febracis. Bacharelando em Teologia pela Faculdade Unida de Vitória (ES) e graduado em Comércio Exterior pela Faesa (ES).

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