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quinta-feira, 25 abril 2024

Quero pedir desculpa!

Recebi um e-mail de uma leitora assídua desta revista me falando algumas “verdades”. Uma dessas (na visão dela) é que meus escritos têm uma abordagem muito pessimista, derrotista ou quem sabe alarmista, pois, na maioria dos meus artigos, não mostro que a igreja evangélica dos nossos dias está conquistando “o mundo”, fazendo milagres, construindo grandes catedrais, derrotando o inimigo, subjulgando os demônios, enfim, onde este articulista vê uma igreja sofredora, ela (e muitos outros, como ela garante) vê uma igreja moderna, triunfante e conquistadora.
Acho que está na hora de pedir perdão aos meus leitores. Mas, como é praxe quando alguém é pego com a “boca na botija”, deixa eu arranjar uma boa desculpa porque sou assim tão alarmista quando o assunto é Igreja.


Gostaria de usar como desculpa o fato de que a igreja triunfante só a veremos na volta de Cristo e que, enquanto estivermos aqui, as aflições e lutas serão o “pão nosso de cada dia”, pois como Paulo disse “temos o privilégio de sofrer por Cristo e não só crer” (Fl 1:29) ou como Pedro, que devemos nos “alegrar na proporção de que somos solidários no sofrimento de Cristo” (1 Pe 4:13), ou quando Cristo disse que enquanto no mundo, passaríamos por aflições, isso mesmo, no plural (Jo 16:33), em outras palavras minha irmã, sofrer é o verdadeiro sinal dos tempos de que estamos no caminho certo. Logo, viver toda essa ufania evangélica de nossos dias mostra que a igreja está no caminho, mas do inferno (depois dessa acho que vou receber uma carta mais dura).

Gostaria de apenas pedir para minha amada leitora que visse a igreja de hoje pela ótica do profeta Oséias, quando diz que o “meu povo está sendo destruído, porque lhe falta conhecimento” (Os 4:6). Minha bronca é que cada dia mais percebo que os crentes trocaram seus ídolos de madeira por um de carne chamado de pastor, mas a idolatria, ou usando um jargão de hoje, o “espírito de prostituição” continua a mesmo. Como disse o Rev H. D. Lopes, na “perspectiva do tempo, quanto à santificação, nós ainda estamos sendo salvos” uma vez que o Senhor deu talentos aos seus servos para que eles o negociassem durante sua ausência. Quando retornasse, iria cobrar o resultado. Na falta do resultado, o faltoso seria lançado para as trevas, onde há choro e ranger de dentes.

Não é isso que está sendo pregado hoje. E qual é a mensagem? Tá doente? O milagre da cura vem na hora. Tá endividado? Basta dar milzinho que Deus devolve cem milzinho (se não ganhar é porque não tem fé). Tá sem emprego? É só fazer a corrente dos empresários e na semana seguinte é dono do seu negócio. Confesso que fico com uma inveja grande desses crentes. Só têm alegria, nunca sofrem, não partilham das canseiras dos mortais comuns.

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Minha amiga leitora, espero que perdoe esse seu articulista pessimista, mas a semelhança de Asafe (Sl 73), tenho muito medo, talvez até terror, quando atino para “o fim desses crentes”. Não queria estar na pele deles. Não quero trocar minha primogenitura por pratos de milagres, isso já deu errado no passado. Que quando o Senhor voltar, ele me encontre sofrendo, por amor a Cristo. Continue a escrever, reconheço que uns puxões de orelha não fazem mal.

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