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quinta-feira, 28 março 2024

Psicoadaptação, a Lepra Social

Rapaz armado em sala de cinema mata 42 pessoas a tiros. Homem entra em igreja armado dispara e mata mais de 20. Jovem é estuprada por vários homens. Submarino é interceptado com duas toneladas de cocaína. Avião cai no Oceano Pacífico, e 400 pessoas morrem. Políticos roubam R$ 15 milhões. Rio Doce é destruído por dejetos de lama, cidades inteiras são devastadas, pessoas perdem suas casas, e 20 morrem. Enchentes devastam bairros inteiros. Trezentas crianças morrem de fome por dia no Nordeste brasileiro…

As notícias relatadas acima são pingos no mar trágico que se tornou a realidade diária de nossa sociedade. Vivemos em um tempo de horrores. A cada dia multidões são varridas por violência, tragédias e desastres ecológicos. O mundo esta caótico.

Nossa mente é bombardeada de todos os lados. Lamentavelmente o terror vende; grande parte do universo da comunicação no planeta sobrevive do drama humano. Tudo isso tem construído um pensamento social refém da tragédia. Nossa geração se acostumou ao terror. Não percebemos a dor quando a ouvimos e a vemos; uma frieza assustadora tomou conta de nossa sociedade. Tenho certeza de que, quando você começou a ler este artigo, as notícias relatadas no primeiro parágrafo não o assustaram, não geraram dor na sua alma, não produziram lágrimas em seus olhos. Entretanto, o conteúdo de agrura humana presente nos acontecimentos descritos é suficiente para gerar esses sentimentos. Se tais notícias fossem lidas por duas gerações antes da sua, criariam todos essas sensações na alma de quem a esse conteúdo tivesse acesso.

Será que é menor hoje, em nossa geração, a dor de quem perde um ente querido em assalto, de quem sofre estupro, de quem perde familiar em assassinato em massa fruto de surto psicótico, de quem perde a casa e a vida de familiares em enxurrada, das mães que veem seus filhos morrerem por falta do que comer? Não! A dor é a mesma de sempre, e ela é terrível, só sabe quem é obrigado a senti-la.

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A pergunta é: por que nada sentimos diante de tanto terror? Porque nos psicoadaptamos socialmente a todas essas tragédias. Psicoadaptação é a incapacidade da emoção humana de reagir a exposição repetida ao mesmo estímulo. Esse fenômeno tenebroso é o que fez os soldados nazistas na Alemanha – a nação que mais ganhou prêmios Nobel da Paz até a década de 30 do século 20 – não reagirem quando viram crianças judias morrendo nos campos de concentração, e seus pais serem carbonizados nas câmaras de gás. E também não é muito diferente da frieza que expressamos hoje ao assistir aos telejornais.

A psicoadaptação para a sociedade é como a lepra para o corpo. Tira a sensibilidade. Precisamos estar alertas a esse mal, que tem o poder de contaminar a todos nós sem que percebamos. A correria do dia a dia, a luta ambiciosa por ter, poder e ser, cega-nos, congela nossa sensibilidade e consequentemente nos psicoadapta a este mundo tenebroso e financia o asqueroso jargão “Antes ele do que eu”. Existe um só caminho para reencontrar dentro de nós a linda sensibilidade que nos foi roubada pelos algozes da vida. É o caminho que nos leva de volta ao lugar onde tínhamos a cabeça de menino com corpo e asas de passarinho, querendo voar pra descobrir qual estrela iríamos namorar.

É voltar ao coração da nossa infância, vivendo o que Jesus, o maior Mestre que já pisou nesta terra, disse e que está registrado em Mateus 18 versículo 4: “Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos fizerdes como crianças, de modo algum entrareis no reino dos céus”. Você tem o poder de fazer de si mesmo o que quiser. Faça-se humilde e puro como uma criança, seja curado da lepra social da psicoadaptação, viva os mais lindos sentimentos que há dentro de si. Uma nobreza que excede os nobres desta terra então irá alcançá-lo. É a vida do Reino de Deus, é a nobreza que Jesus Cristo viveu e por ela foi feliz, realizado e completo mesmo em meio às agruras desta vida.

Pr. Romney Cruz é pastor da Igreja Evangélica Ministério Gileade

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