24.4 C
Vitória
quinta-feira, 18 abril 2024

Pr. Oscar Domingos de Moura

Muitos pregadores só estão pregando prosperidade material, esquecendo-se de que o Evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que nele crer.

Eleito pela segunda vez para a Presidência da Convenção das Assembleias de Deus do Estado do Espírito Santo e Outras (Cadeeso) no último dia 10 de janeiro, cargo que ocupará até 2012, o pastor Oscar Domingos de Moura conversou com os jornalistas da revista Comunhão sobre as responsabilidades inerentes a essa função, os rumos da maior denominação evangélica do Estado e as mudanças que ele tem observado no protestantismo ao longo de suas mais de quatro décadas de conversão.

Pastor Oscar é um exemplo inspirador para muitas lideranças, não apenas evangélicas, o que ficou bastante claro no dia de sua reeleição, prestigiada por vários líderes eclesiásticos e por políticos de diferentes matizes, como o prefeito de Vitória, João Coser, o de Vila Velha, Neucimar Fraga, e o vice-governador Ricardo Ferraço – a quem, em nome da denominação, pastor Oscar declarou seu apoio nas próximas eleições estaduais, em outubro. Confira, a seguir, a íntegra da entrevista.

A que o senhor atribui estar novamente na liderança de uma denominação tão grande?
Eu atribuo a Deus, que me escolheu para fazer esta tão grande obra, pois se não for por Deus, homem algum tem condições de aguentar o peso de tão grande responsabilidade.

- Continua após a publicidade -

Na Convenção Estadual realizada no dia 18 último era evidente a presença de políticos capixabas. O senhor considera isso bom ou ruim?
Eu atribuo isso ao bom relacionamento que temos com o Governo do Estado, prefeitos e deputados, tanto estaduais quanto federais, e vereadores, pois entendemos que eles foram constituídos por Deus para governar sobre nós, conforme está escrito na Palavra de Deus, em Romanos 13.1, que diz: “Toda alma esteja sujeita às autoridades superiores; porque não há autoridade que não venha de Deus; e as autoridades que há foram ordenadas por Deus”. Para a Cadeeso, é uma honra receber autoridades não somente políticas, mais de toda área de atuação, a exemplo do Judiciário e eclesiásticas, pois isto mostra que somos queridos e respeitados como uma instituição séria, que tem contribuído para o crescimento do nosso Estado.

Neste mesmo evento, o senhor manifestou o apoio da Assembleia de Deus à pré-candidatura de Ricardo Ferraço. O senhor confirma esse apoio? O que os assembleianos esperam de um possível governo de Ferraço?
Sim, confirmo, porque Ricardo Ferraço, se eleito, vai sem dúvida colocar em prática sua experiência, que adquiriu com o governador Paulo Hartung, que tem realizado um bom governo no nosso Estado. Por isso é que os pastores da Cadeeso manifestaram o apoio a Ricardo Ferraço, pois ele é o candidato do governador.

Como analisa a atuação dos parlamentares evangélicos do Espírito Santo, nos três níveis – estadual, municipal e federal? O que destacaria como sendo a maior contribuição deles, até o momento, para a sociedade capixaba?
Os nossos representantes têm defendido os interesses da sociedade de um modo geral, pois foram eleitos para isso. E também, quando surgem matérias que venham contra os interesses da Igreja, eles têm se posicionado como defensores do nosso povo. Quanto a outros projetos, eles não têm conseguido muita coisa porque são minoria, e na hora da votação seus projetos são rejeitados. Precisamos eleger mais representantes, tanto na área municipal, quanto estadual e federal, para poderem defender os interesses da Igreja.

O senhor tem uma experiência variada no dia a dia das igrejas, nas mais diferentes funções (como diácono, como professor de escola dominical, como pastor), e uma importante vivência como liderança na Cadeeso. Em sua opinião, qual dos dois contextos requer maiores habilidades para desempenhar-se a contento?
Sem dúvida alguma, ser presidente da Cadeeso, pois estamos lidando com pastores e evangelistas, que também são lideres nas igrejas. O presidente de Convenção é pastor de pastores e tem que dar assistência aos pastores e igrejas de todo o Estado, bem como em outros estados a ela filiados.

Este ano o senhor completa 43 anos de conversão. Qual a avaliação que faz do protestantismo no Espírito Santo nessas quatro décadas? O que o senhor acha que mudou e por quê?
Percebo que no decorrer destes anos muitas igrejas mudaram a liturgia dos cultos na área musical, na pregação da Palavra de Deus e nos costumes da vida cristã. Por exemplo, na denominação que estou representando, a Assembleia de Deus, sinto falta dos corais, bandas de música e em muitas igrejas abandonaram o uso da Harpa Cristã, dando lugar a louvores avulsos, que não representam a história da nossa denominação. Também podemos observar que o tempo da ministração da Palavra de Deus está ficando resumido e muitos pregadores só estão pregando prosperidade material, esquecendo-se de que o Evangelho é o poder de Deus para a salvação de todo aquele que nele crer.

Como o senhor analisa a participação da Igreja, hoje, nas principais questões que afetam a sociedade – como o aumento do consumo de drogas, da violência doméstica e contra as crianças, do tempo gasto com internet e TV, das desigualdades sociais etc.?
A Igreja está cumprindo com a sua missão, procurando sempre alcançar o seu objetivo, que é a recuperação da pessoa que esta perdida, tendo feito um trabalho de evangelização constante para resgate de pessoas que estão nesta situação de drogados.
Quanto à questão da violência doméstica, quando acontecem casos deste teor na nossa igreja, são tomadas as devidas providências contra o infrator; porém, quando acontece com pessoas que não são da Igreja, fica mais difícil, pois é um tipo de violência que acontece entre quatro paredes e a vítima muitas vezes não tem coragem de delatar o infrator.
Sobre a internet, é o grande mal atual, pois nela estão expostos sexo explícito, downloads de jogos de teor maligno para as nossas crianças, adolescentes e jovens, sendo que a televisão ficou ultrapassada em relação à internet.
Sobre as desigualdades sociais, o mundo, de um modo geral, está sofrendo com esta situação, porém na igreja, quando observamos a necessidade de um irmão, seja de qualquer classe social, procuramos estender a mão para ajudar naquilo que for possível. Podemos citar a passagem do salmista Davi, que diz: “Nunca vi um justo desamparado, e nem a sua descendência mendigar o pão” (Salmo 37.25).

O que o senhor acha do número cada vez maior de pastores que saem das igrejas e fundam suas próprias igrejas por discordância da doutrina? Como sua igreja consegue se manter fiel à doutrina e não perder membros?
Quando o pastor sai de uma igreja porque não concorda com ensinamentos errados, neste caso ele está certo, pois não podem andar juntos se não há acordo, conforme Amós 3.3, que diz: “Andarão dois juntos, se não estiverem de acordo?”.
Se o pastor abandona a igreja porque ela está ensinando a sã doutrina e abre outra igreja, ele está em rebelião contra a Palavra de Deus – e, neste caso, ele está errado.
Com relação à igreja que pastoreio, tenho mantido os padrões bíblicos de ensino da Palavra de Deus, não me preocupando em perder membros. Somente me preocupo em ensinar a Palavra de Deus com verdade, pois a doutrina não esvazia a igreja; o que esvazia a igreja é o pecado, e os que amam a verdade não saem da igreja, pelo contrário; eles gostam da Igreja.

O senhor foi jogador profissional de futebol por muito tempo. Acredita que o esporte deveria ser mais bem aproveitado pela Igreja como instrumento de evangelização?
Um esportista pode ser um crente, porém um crente não pode ser esportista, pois, de acordo com a minha experiência de esportista, o meu tempo era todo tomado pelo futebol, não sobrando tempo para a obra de Deus; porém o homem que foi chamado por Deus não pode se embaraçar com os negócios desta vida, a fim de agradar aquele que o alistou para a guerra (2º Timóteo 2.4).

O senhor se batizou nas águas do rio Bubu, em Cariacica. Isso, hoje, seria impraticável. Como o senhor analisa a atuação da Igreja frente à necessidade urgente de preservação ambiental?
Este problema não é somente da Igreja. É um caso de esforço de todas as áreas da sociedade, já que se a humanidade não se posicionar a este respeito, o mundo ficará difícil de se viver, pois estão devastando as florestas, poluindo os rios e mares, a camada de ozônio está se desfazendo e o calor a cada dia está maior. Tudo isto é fruto da ignorância e brutalidade do homem.

A AD tem hoje milhares de membros no ES, e cresce com vigor. Quais os planos da denominação no ES? E os seus planos, à frente da Cadeeso?
Eu não tenho planos e, sim, propósitos. Estou pedindo a Deus que nos dê um terreno para que possamos construir um Centro de Convenção para a realização de nossos Congressos e também nossas Reuniões Convencionais (AGO), pois até o momento estamos realizando estes eventos em ginásios de esportes e campos de futebol, o que não acho bom. Se Deus quiser, nós alcançaremos esta grande vitória. Termino aqui dizendo que “se Deus é por nós, quem será contra nós?” e “até aqui nos ajudou o Senhor”.

 

Entre para nosso grupo do WhatsApp

Receba nossas últimas notícias em primeira mão.

- Publicidade -

Matérias relacionadas

Publicidade

Comunhão Digital

Publicidade

Fique por dentro

RÁDIO COMUNHÃO

VIDA E FAMÍLIA

- Publicidade -