“O povo lá vive apenas o hoje. As pessoas vagam pelas ruas, com um olhar perdido, sem esperança”. Essa foi a situação presenciada pelo pastor Fábio Daniel Ribeiro, da Igreja Batista de Tabuazeiro, em recente missão no Haiti, um ano após o terremoto que mudou para sempre o país caribenho.
O pastor, que é representante da Junta de Missões Mundiais da Convenção Batista Brasileira (CBB), esteve no Haiti entre 6 e 16 de janeiro e participou de inúmeras ações de cunho social. A Palavra também foi pregada, em um culto que reuniu 200 mil pessoas. “Foi um culto de gratidão. Embora mais de 300 mil pessoas tenham perdido a vida, a impressão é que Deus zelou por aquele país, já que esse número poderia ter sido muito maior”, explicou.
Situação atual
O pastor relata que o panorama no Haiti é de calamidade. “É muito pior do que se pensa. As pessoas não têm comida, água e esgoto. Falta tudo. De cada dez casas, oito caíram, e 55 mil pessoas vivem em barracas de lona, distribuídas pelo governo. Vai demorar entre 30 e 40 anos para o Haiti se recompor”, disse.
De acordo com Fábio, a situação se agravou um ano após o terremoto, já que as doações naturalmente caem à medida que o assunto deixa de ser manchete dos jornais pelo mundo. “Os haitianos não têm emprego e o custo de vida é muito alto. Uma garrafa de água, algo indispensável, custa R$ 3. As pessoas te cercam querendo dinheiro, comida. É realmente complicado”, lembrou.
Atuação da Igreja
Segundo o pastor Fábio, o Haiti hoje vive uma imensa carência espiritual. “Cerca de 30% dos haitianos se dizem evangélicos, mas os comprometidos mesmo são apenas 8%. O país tem uma história ligada a cultos como o vodu, que atraem as pessoas. Então existe mais essa resistência”, disse.
No entanto, batistas e assembleianos trabalham na região para levar a Palavra e auxiliar na reconstrução do país. De acordo com o pastor, os missionários brasileiros estão ajudando na reconstrução de templos, das casas dos pastores e de orfanatos. Além disso, ações com médicos e dentistas chegam a atender mais de 100 pessoas por dia. Fábio pretende retornar ao Haiti ainda este ano, para prosseguir com sua missão.