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terça-feira, 16 abril 2024

Maldição: resposta à desobediência

As maldições são conseqüências de uma escolha equivocada na vida ou do abuso do livre arbítrio, mas a maior maldição hoje, é tentar livrar-se delas sem Jesus!

Um homem chamado Jacó, juntamente com sua família, estava voltando para sua cidade natal. Sua esposa Raquel cometeu um erro: roubou imagens de ídolos da casa de seu pai sem que seu marido Jacó soubesse. Quando o sogro soube do roubo, passou a perseguir Jacó até encontrá-lo, porém Jacó era inocente na história.

Mas quando Jacó soube que os ídolos do seu sogro haviam sido roubados, disse: “Quem estiver com essas imagens vai morrer”. O que aconteceu? É só ler Gênesis 31.32 e lá está: Raquel morreu pouco depois, ainda jovem, ao dar à luz seu filho (35.16-19), cumprindo a maldição lançada pelo seu próprio esposo.

Caminhando pela Bíblia, vemos a primeira maldição lançada sobre nós: quando Adão e Eva pecaram, Deus trouxe a maldição à existência. Tempos depois, Deus disse a Adão: “Maldita é a terra por tua causa. Ela produzirá espinhos e abrolhos” (Gn 3.17-18).

Desde então a terra começou a produzir ervas daninhas. Deus amaldiçoou o homem, dizendo: “Em fadiga comerás todos os dias da tua vida, do suor do teu rosto comerás o teu pão, ao pó tornarás” (Gns 3.17-18). Então, Deus amaldiçoou a mulher, dizendo: “Multiplicarei grandemente a dor da tua gestação; em dor darás à luz filhos. O teu desejo será para o teu marido, e ele te dominará” (Gn 3.16).

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Deus também amaldiçoou a serpente: “Sobre o teu ventre andarás, e pó comerás todos os dias da tua vida. E porei inimizade entre ti e a mulher” (Gn 3.14-15). A partir daí a serpente passou a ser inimiga do homem. Em Josué 6.26 lemos sobre outra maldição: “Nesse tempo Josué pronunciou este juramento: maldito diante do Senhor seja o homem que se levantar e reedificar esta cidade de Jericó; com a perda do seu primogênito a fundará, e com a perda do seu filho mais novo lhe colocará as portas”.

Centenas de anos depois, nós lemos em I Reis 16.34: “Em seus dias Hiel, o betelita, reconstruiu a Jericó. Pelo preço de Abirão, seu primogênito, lançou-lhe os fundamentos, e pelo preço de seu último filho, Segube, assentou-lhe as suas portas, conforme a Palavra do Senhor, falada por intermédio de Josué, filho de Num”.

O tema maldição é visto por várias correntes evangélicas como um fato claro do reino espiritual. Porém, alguns não concordam com a forma como o assunto é abordado exaustivamente por algumas denominações evangélicas, afirmando que maldição hereditária, quebra de maldição, maldição do nome e congêneres são expressões de um modismo teológico.

O pastor Gelson Gonçalves, da Comunidade Evangélica da Serra – Ministério Fogo para as Nações, diz que, segundo um contexto bíblico, a maldição é conseqüência de algum ato de contrariedade a alguém. Já a maldição vinda da parte de Deus acontecia mediante o não seguimento da Sua lei. “Toda maldição tem o seu motivo, entretanto há maldições que são lançadas sem causa aparente, mas, mesmo que os motivos estejam ocultos, é bom saber que ela existe e exerce influência sobre a vida de quem está amaldiçoado. É bom entendermos que bênção e maldição têm o mesmo fundamento de aliança. Deuteronômio 28 fala da aliança de Deus com seu povo. A aliança é uma promessa solene ligando duas ou mais pessoas – grupos, famílias, entidades, organizações – por meio de um juramento”.

As maldições são, também, conseqüências de uma escolha equivocada na vida ou do abuso do livre arbítrio. Deus respeita nossas decisões, até mesmo quando elas contrariam Sua vontade e Seus mandamentos, e mesmo quando nos levam às maldições, porém, o mau exercício desse direito tem feito muitas vidas cativas e enchido a Terra de todo tipo de males.

Em Gênesis 3:17, Deus disse: “Maldita é a terra por causa de ti”. Deus não disse que maldita seria a Terra por causa do Diabo. Ele disse que o planeta Terra está amaldiçoado por causa de uma escolha errada, ou seja, a decisão deliberada de desobedecer a mandamentos simples que são para nossa vital segurança e bem-estar físico, emocional, intelectual, social e espiritual.

Vitimas de maldição

O pastor Gilberto Cassani, da Igreja Batista Vida Nova, em Santa Mônica, Vila Velha, informa que ainda hoje há quem pense que lançar uma maldição é decisão que o Diabo livremente toma para destruir a vida de alguém, mas graças a Deus que não é assim, pois, se fosse, todos já estaríamos destruídos. Lemos em Gênesis, no capítulo 3, que Adão deu origem a elas quando transgrediu o único e objetivo mandamento de Deus no Éden. Desde esse dia até hoje, o homem tornou-se vítima de suas próprias decisões erradas: vive batalhando para vencer o Diabo e se esquece de batalhar contra sua própria cobiça, seu egoísmo, sua vaidade, soberba e orgulho.

“Quanto ao Diabo, não temos que vencê-lo, temos apenas que crer que Jesus já o venceu na cruz do Calvário e nos deu poder para resistir a ele. Submetendo-nos a Deus, as maldições alcançam aqueles que agem opostamente ao que está escrito em Tiago 4:7: resistem a Deus e sujeitam-se ao que o Diabo quer que elas façam. O inimigo tem enganado o mundo com os supostos benefícios do pecado e com a livre interpretação dos mandamentos de Deus”.

O pastor Gelson Gonçalves acredita que cotidianamente uma pessoa pode receber maldição quando entra em oposição a pessoas que de alguma forma exercem autoridade sobre esse alguém no mundo espiritual. “Como pais, pastores, líderes, entre outros. Há casos também de maldições que afligem as pessoas por meio de uma porta de hereditariedade”.

Mesmo estando sujeitas a sofrer uma maldição, muitas pessoas não acreditam nelas. O pastor Gilberto Cassani afirma que tanto os que não acreditam quanto os que supervalorizam o assunto, “torcendo a Palavra de Deus para explicarem suas teorias, tornam-se presas fáceis delas. Uns, por descaso e ignorância, vivem debaixo de maldições; outros, por medo de maldições e por não terem uma fé genuína e profunda na suficiência de Jesus Cristo, vivem a vida toda quebrando e rejeitando maldições, suas e da parentela”.

Maldição hereditária

Em seu livro “Maldições Hereditárias”, a escritora Rebecca Brown afirma que “nos dias de hoje, um número incalculável de pessoas em todo o mundo é atingido por uma situação financeira difícil, por calamidades e por diversos males inexplicáveis. Essas pessoas têm uma vida sofrida, desesperada, lutando sempre contra tentações poderosas, contra doenças físicas e mentais, enfrentando uma quantidade enorme de situações catastróficas. Muitas vezes, as pessoas não têm consciência de que as situações que estão enfrentando são conseqüências de maldições não quebradas que vieram à sua vida e, possivelmente, à sua família. Muitos crentes não leram ou não se lembram dos princípios espirituais básicos a respeito do assunto, por isso levam uma vida afligida por inúmeras maldições”.

Segundo o pastor Gelson Gonçalves, as maldições hereditárias, assim como toda a síndrome de hereditariedade, são “maldições que nossos antepassados sofreram e que de alguma maneira ainda nos atingem. E para ser bem claro, não importa muito há quanto tempo. Há maldições que podem durar muitas gerações – até a décima geração (Dt 23:2)”.

Para o pastor Gilberto Cassani, Adão passou maldição para seus filhos, netos, bisnetos e demais descendentes, isso chegou a nós e alcançará o último homem que nascer na Terra. “A origem das maldições hereditárias pode ser explicada com a compreensão da ‘teoria da transmissão’, essa teoria ensina que os pais transmitem aos filhos toda a sua natureza – que vai além do DNA. São pais não somente quanto ao corpo, mas também quanto ao espírito, ou seja, quando nasce uma criança, ela não herda dos pais e avós apenas as informações genéticas e os traços físicos; herda, também, o espírito. Deus nos soprou o fôlego da vida, um espírito saudável, mas após o pecado esse espírito chegou até nós doente, corrompido, e já nascemos destinados à perdição”.

Gilberto diz que nada precisamos fazer para estarmos debaixo de maldições, nós já nascemos com uma natureza corrompida. A única maneira de mudar esta verdade é morrendo – e Jesus já fez isto por nós – e nascendo de novo. Esta experiência se dá no novo nascimento, quando aceitamos que o sacrifício do filho de Deus foi em nosso lugar, que Ele é o nosso substituto, que levou sobre o madeiro todo pecado, enfermidade, males e dores, Ele se tornou maldito para que pudéssemos ser abençoados. Ele veio para desfazer as obras do Diabo (I João 3:8).

Rebecca Brown, em seu livro, defende que há pessoas amaldiçoadas por maldições provenientes de antepassados, sendo vítimas de uma herança maldita, por nós desconhecida e difícil de ser detectada no tempo e no espaço. O remédio seria quebrar, anular, amarrar e repreender essa maldição. A maldição hereditária – segundo ela – surge também em decorrência de um trabalho de feitiçaria ou de qualquer outra ação maligna lançada contra outra pessoa. Uma pessoa em sofrimento pode ter sido consagrada, antes ou depois do seu nascimento, às entidades demoníacas. Uma palavra má pode ter sido lançada sobre a vida de uma família, que nunca prosperará e será vítima de enfermidades e angústias.

Mas não pense que falar para alguém que o emaranhado de problemas que ela sofre pode ser causado por maldição seja algo fácil. O tema é muito delicado e pode provocar danos muito sérios a uma pessoa. Por isso, conforme o pastor Gelson Gonçalves, convencer qualquer pessoa de que ela está amaldiçoada não é uma tarefa fácil. “O servo de Deus tem que saber o que está falando e estar respaldado pela Palavra para convencer a pessoa. O trabalho ministerial é muito delicado, não se deve falar que ela sofre de maldição e sim convencê-la diante de fatos. Ao receber uma notícia dessa, sem o devido preparo, qualquer pessoa pode sofrer um distúrbio emocional, e esse mesmo distúrbio pode levá-la à depressão”.

O pastor Gilberto Cassani orienta que não se deve ter medo de falar com alguém sobre a possibilidade de estar sofrendo devido a uma maldição, porém é preciso estar em oração, intimidade com o Espírito, que ele orientará como fazer. “O mundo já vive o caos do mal do século, a depressão. Vive em busca de paz e alegria que não poderão ser encontradas jamais longe de Deus. O mundo inteiro jaz no maligno, mas podemos falar muito mais, que o mundo pode ser salvo de todo mal, que alguém já viveu nossas maldições e nos libertou para sermos abençoados e herdeiros de tudo que foi conquistado na cruz do Calvário. Que nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus (Rm 8:10). Devemos falar que Jesus veio para nos dar vida, e vida em abundância (Jo 10:10b). Ele veio para evangelizar os pobres, quebrar os quebrantados do coração, apregoar liberdade aos cativos, dar vista aos cegos, pôr em liberdade os oprimidos a anunciar o ano aceitável do Senhor (Lc 4:18,19)”.

Quebra de maldição

A maior maldição, hoje, é tentar livrar-se delas sem Jesus. O pastor Gelson Gonçalves, que possui experiência no assunto, fala que não há maldição que não possa ser quebrada e não há pessoa que não possa mudar de vida. “A quebra de maldição é o método usado para anular as obras malignas do mundo espiritual por meio de renúncia e oração. Existem pessoas treinadas e capacitadas para fazê-lo, cursos e treinamentos capacitam pessoas para atuarem nessa área, o que pode ser feito de forma coletiva, em um nível mais simples, ou individual, em um nível mais complexo e aprofundado”.

Segundo o pastor Gelson, alguns sinais evidenciam a maldição na vida de uma pessoa: esgotamento mental e emocional, doenças repetidas ou crônicas, especialmente se são hereditárias ou sem um diagnóstico médico claro. Repetidos abortos ou problemas tipicamente femininos. Insuficiência financeira contínua, especialmente se o ganho é aparentemente suficiente para se viver, entre vários outros. “Vale destacar que para se livrar de uma maldição é necessário, principalmente, renúncia por meio de oração, e confissão, com a boca, que deseja ser livre”.

O pastor Gilberto Cassani vai além, e afirma que maldição nenhuma pode ser quebrada só com orações. “Muitos seminários, palestras e livros têm sido vendidos em cima da ignorância espiritual de alguns desavisados. Existem até orações fabricadas para quebrar maldições, orações fortes somadas a jejuns e regadas com muito óleo ungido etc. Nada disso funcionará se a vida de pecados e rebeldia contra Deus e sua Palavra não forem abandonados, se não aceitar e crer que Jesus é suficiente para nos libertar de todo mal, se não houver a disposição de crucificar a carne com suas paixões e concupiscências (Gl 5:24) e andar em Espírito, em plena submissão a Ele”, disse o presidente da Ordem dos Ministros Batista Nacional do Espírito Santo.

Todos somos alvos?

Antes de conhecer a Jesus, todos nós carregávamos um fardo de pecado, maldições e iniqüidade, mas a Bíblia afirma que ao conhecermos a Verdade nos tornamos livres de tudo que fazia parte do passado pecaminoso. “Um cristão convertido só se torna vítima de alguma maldição se, por intermédio do pecado, der a legalidade para que isso aconteça. Caso contrário, penso que ele está protegido pelo sangue de Jesus. Quem está coberto por esse sangue e vive uma vida de santidade e justiça, não pode ser afligido por maldições”, afirma o pastor Gelson.

O salvo em Jesus é abençoado e alvo do cuidado permanente de Deus. Vive guiado pelo Espírito Santo em toda a Verdade, tem a promessa de que ao seu redor acampam-se os anjos do Senhor para livrá-lo, e a Bíblia diz que o maligno não lhe toca. Temos a promessa da presença de Jesus conosco todos os dias, mas mesmo tendo todas essas promessas de Deus, e muitas outras, não perdemos o livre arbítrio, o direito de escolha. “Por isso devemos escolher sempre a bênção, porque esta é a proposta de Deus para nós. Viver em obediência a Ele é viver em paz e harmonia neste mundo mau (Dt 11:26-28)”, afirmou o pastor Gilberto Cassani.

É ele ainda quem complementa: “Deus nos colocou como abençoadores e nos ordenou não amaldiçoarmos nem mesmo nossos inimigos, e abençoarmos aos que nos perseguem (Rm 12:114). Quem é fonte de bênção, consolo e vitória, não pode ser ao mesmo tempo fonte de maldição. Nossas palavras precisam ser temperadas, de uma maneira que dê sabor àqueles que nos ouvem. Devemos pedir a Deus controle sobre a nossa língua, e não deixar sair de nossos lábios nenhuma palavra que possa servir de instrumento ao Diabo para entristecer, intimidar, diminuir e maltratar as pessoas ao nosso redor”.

Nós temos o poder dado pelo Pai de evitarmos as maldições em nossa vida. Estar exposto a qualquer tipo de maldição é terrível e doloroso. O profeta Jeremias, quando se refere a este assunto, revela: “E a Terra chora por causa da maldição” (23:10b). Quantas lágrimas são derramadas sobre a Terra por causa delas, quantas vezes temos chorado por que elas nos alcançaram e destruíram nossos planos, alvos e sonhos?

O que a humanidade tem provado nestes dias difíceis é o aumento da impiedade, crueldade, imoralidade, incredulidade, corrupção quase que generalizada, não só na política, mas em muitos segmentos da sociedade. A Terra está amaldiçoada, o profeta Isaías (33:9) disse: “A terra geme e desfalece”. O apóstolo Paulo, escrevendo em Romanos 8, fala do tríplice gemido na Terra, o gemido da criação, o gemido dos crentes e o gemido inexprimível do Espírito Santo. A criação geme e está à espera de um novo tempo. Tempo este que chega por intermédio da bênção de Deus sobre os que crêem em Jesus.

“É curioso o fato de que alguns escritores, pregadores e conferencistas valorizam tanto essa questão tão negativa da história da humanidade, que é a maldição, e não dão a mesma importância para outra história muito melhor, mais atraente e produtiva, que é o favor de Deus para os que lhe são fiéis. Ensina-se mil e uma maneiras de se livrar de maldições e se esquecem de dar o devido valor para a única que funciona. Que o Senhor retire as escamas e abra bem os nossos olhos para os benefícios de uma vida ao pé da cruz. A vida cristã não pode ser vivida debaixo da opressão do medo, e sim na alegria e na certeza que estamos em Suas mãos. Paulo nos fala da bênção de Deus em nossas vidas e se alegra (Ef 1:3).

Aquele que se converte é transportado do império das trevas para o império da luz, do controle do Diabo para o Reino do amado Filho de Deus (Cl 1.13). No Reino da luz aquele que se converteu está em Cristo, assentado nas regiões celestiais (Ef 2.6) e em total segurança nas mãos de Cristo (Jo 10.28,29).

O Novo Testamento deixa claro que os que estão em Cristo estão selados com o Espírito Santo (Ef 1.13,14), que zela pelos seus com ciúmes (Tg 4.5) e oferece total segurança, pois é maior o que está nos cristãos do que o que está no mundo (1 Jo 4.4). Já somos filhos de Deus, mas ainda não é manifesto o que haveremos de ser (1 Jo 3.2). Estamos sendo transformados de glória em glória (2 Co 3.18). Embora salvos, ainda não estamos prontos, por isso Cristo é nossa rocha, Ele nos resgatou da maldição da lei, fazendo-se maldição por nós” (Gl 3.13).

A MATÉRIA ACIMA É UMA REPUBLICAÇÃO DA REVISTA COMUNHÃO. FATOS, COMENTÁRIOS E OPINIÕES CONTIDOS NO TEXTO SE REFEREM À ÉPOCA EM QUE A MATÉRIA FOI ESCRITA.

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