Popularizada pelo delegado José Guilherme Godinho, o “Sivuca” que atuou nos anos 80 no Rio de Janeiro, a frase “bandido bom é bandido morto” parece não ser tão bem aceita entre alguns grupos de cidadãos que vivem no estado, incluindo a maioria dos evangélicos.
Segundo uma pesquisa intitulada “Olho por Olho” e divulgada nesta quarta-feira (5) pelo Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes, seis em cada dez moradores da capital discordam da expressão sobre os criminosos, enquanto 31% afirmam concordar integralmente. Uma pequena parcela de 3% se declarou neutra ou não respondeu sobre o tema e 6% concordam apenas em parte com a frase.
A pesquisa também mostrou que entre os moradores do RJ que se declaram evangélicos, a expressão é ainda mais repudiada. Cerca de 73,4% dos protestantes afirmaram que discordam completamente da frase.
A pesquisadora Julita Lemgruber disse que este talvez seja um dos dados mais surpreendentes do estudo, porque pode dissociar os cristãos dos estigmas que muitas vezes são colocados sobre este grupo.
“A grande maioria da população do Rio que se identifica como evangélica praticante não apoia as violações de direitos que muitas vezes a bancada evangélica no Congresso apoia”, afirmou Julita.
As estatísticas resultantes da pesquisa também apontaram que os cristãos também são os que mais apoiam iniciativas de ressocialização. Enquanto 73% dos cariocas em geral acreditam na regeneração de um criminoso, 86% dos cristãos praticantes apoiam estes projetos.
A pesquisa ouviu 2.353 pessoas, com pelo menos 16 anos de idade, em pontos de fluxo do município do Rio de Janeiro. O questionário tinha mais de 40 perguntas e foi aplicado em março e abril do ano passado (2016).
Uma segunda chance
Líder do projeto Celebrando Restauração (CR) na Fundação Batista Central de Fortaleza (CE), o pastor Nelson Massambani afirma que ele é prova viva de que um criminoso pode ter sua vida transformada.
Atualmente, o Celebrando Restauração formou uma parceria sólida com Vara única de Execução de Penas Alternativas e Habeas Corpus – Vepah para dar uma oportunidade de reintegração social e até mesmo de profissionalização a pessoas que cometeram delitos com penas de até 4 anos.
Massambani também revelou que já foi presidiário e até hoje é grato à segunda chance que teve para investir em sua transformação.
“Eu estive preso. Então eu sei o que é ter uma segunda chance. Eu digo que estive preso, não só na cadeia física, mas eu sei o que estar preso na dependência química, do álcool, da droga. Esse trabalho é tudo aquilo que eu gostaria de oferecer a alguém, dizendo que existe uma segunda chance”, afirmou.
Atualmente, o pastor Nelson também visita presídios do estado do Ceará, desenvolvendo um trabalho de capelania com os internos.
Fonte: www.cpadnews.com.br