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quinta-feira, 25 abril 2024

Igreja – que faz falta no mundo?

Igreja – que faz falta no mundo?

 

Para nos ensinar, Jesus utilizou recursos de linguagem que nos aproximam da percepção concreta do que ele queria nos transmitir, tais como parábolas, ilustrações do cotidiano, etc. Por exemplo, mostra o envolvimento do cristão com o mundo por meio de dois elementos presentes no dia-a-dia nosso – sal e luz (Mateus 5.13).

Tanto o sal, quanto a luz têm diversas características interessantes das quais destacamos a influência, isto é, sempre atuam no ambiente em que estão. A luz avança sobre as trevas e nos mostra o que está escondido, indica o caminho seguro. O sal penetra no alimento e altera o seu sabor. Na oração sacerdotal ele salta para a linguagem literal: “Pai, rogo não que os tires do mundo …” (João 17.15).

Estes desafios demonstram claramente o papel do cristianismo, das igrejas, dos cristãos em relação ao mundo à sua volta, em relação à sociedade e ao cotidiano. Nosso papel é viver inseridos no mundo, na vida, é sermos sal e luz, é influenciarmos o meio ambiente em que vivemos, sendo a encarnação de Jesus aqui na terra em vez de sermos consumidores da realidade.

Esta característica do sal e da luz me leva a pensar na função profética da igreja não somente denunciando os males sociais, mas também sendo instrumento de mudanças estruturais na sociedade e no mundo.Mas será que perdemos a nossa função profética? Se mudássemos de onde estamos, alguém sentiria falta? Por que estamos afastados da vivência cotidiana e trancafiados dentro de nossos templos-guetos vivendo apenas um evangelho escatológico que lança o significado da vida e tudo o mais para a eternidade? Nosso papel não é ser sal ou luz da Nova Jerusalém, mas aqui deste mundo.

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Parece-me que estamos preparando as pessoas apenas para a morte e a vida no além, deixando de discutir, por exemplo, os dilemas do mundo contemporâneo e como podemos superá-los por meio da aplicação da visão e cosmovisão bíblica? Deixamos que o não cristão dite a nossa agenda de vida com a aprovação de leis e procedimentos públicos que se chocam com nossos ideais.

Jesus orou para que Deus não nos tirasse do mundo, mas persistimos em viver longe do mundo em nossos “mosteiros eclesiásticos” tentando viver em um dia da semana – domingo – o cristianismo de sete dias, cristianismo em tempo integral. Reduzimos cristianismo em atividades, programas e eventos, em vez de vida comprometida com os ideais cristãos onde estivermos. Conseguimos reduzir a Grande Comissão num imperativo equivocado de IR, e quem não pode ir para o campo missionário, então que pague a conta com sua oferta no dia de missões, enquanto que o imperativo da Grande Comissão (Mateus 28.19,20) está em fazer discípulos, ter, portanto, “vida copiável”.

Estamos formando cristãos para exercerem seu papel no mundo como cristãos?Ser cristão é viver Cristo no mundo, no cotidiano, na sociedade, sendo sal e luz, não óleo, muito menos esponja.

Lourenço Stelio Rega Teólogo, eticista, educador. Diretor da Faculdade Teológica Batista de São Paulo.

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