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terça-feira, 19 março 2024

O papel da Igreja no combate às drogas

A dependência química tem matado milhares de pessoas a cada ano no mundo. Segundo dados da Organização das Nações Unidas (ONU), são mais de 200 mil pessoas que morrem por ano pelo uso de drogas ilícitas.

A questão relacionada ao uso de drogas é um problema atual e grave, evidenciado pela grande incidência de usuários e dependentes em nosso país em cerca de 90% dos municípios brasileiros.

Entendemos ser urgente e necessária a intervenção imediata da Igreja em programas diferenciados de atendimento, a exemplo do projeto “Cristolândia” (o qual tive o privilegio de atuar na sua implantação). Articulado, criado e gerenciado pela Junta de Missões Nacionais da Convenção Batista Brasileira (CBB).

A ideia entre os batistas brasileiros não é nova, muito embora, nos primórdios das ações específicas junto a usuários e dependentes químicos, o apoio era bastante restrito a um grupo de idealistas. Dentre eles citamos o pastor Francisco Veloso, pioneiro nesta área junto à instituição, com o Projeto Amor, ainda na década de 70, em Minas Gerais.  Outros grupos religiosos também fizeram e fazem ações importantes nesta área, porém ainda é pouco.

Existe muito preconceito com relação a ações específicas junto a este grupo. Aliás, não somente a ele, mas a outros correlacionados, tais como presidiários, pessoas envolvidas com a prostituição, tribos urbanas e outras em situações diversas de vulnerabilidade social.

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Cristo demonstrou em todas as suas ações registradas nos Evangelhos, seu cuidado e atenção pelos carentes e excluídos

A Igreja precisa entender que seu papel no mundo não deve se limitar a falar e viver um evangelho, digamos assim, “escatológico”, que diz respeito somente à eternidade pós-morte. Mas inclui cuidar do ser humano de forma integral, principalmente dos mais necessitados, ou não teria sido o próprio Cristo que diz: “(…) os sãos não necessitam de médico, mas sim os que estão doentes; não vim chamar os justos, mas sim os pecadores ao arrependimento” (Mc. 2:17).

Hoje, a dependência química e seus desdobramentos matam mais do que a soma de todos os conflitos armados que acontecem na face da terra. Não podemos ficar alheios a este quadro. Muitos de nós, inclusive, estamos perdendo pessoas que amamos escravizadas pelo álcool e outras drogas.

Precisamos, como igreja de Cristo, buscar alternativas e criar projetos para atender estas demandas tão reais e presentes. A responsabilidade também é nossa, como Igreja.

A epístola de Tiago nos mostra o peso da indiferença diante da necessidade humana, no capítulo de numero dois, quando fala da fé sem obras. Todos os grupos citados acima são carentes, doentes e necessitados. Estes devem fazer parte de nosso foco de trabalho. Não podemos, absolutamente, despreza-los, pois Cristo jamais os desprezaria. Pelo contrário, demonstrou em todas as suas ações registradas nos Evangelhos, seu cuidado e atenção pelos carentes e excluídos.

Se cada um de nós fizer a sua parte, pode até ser que não resolva o problema, mas minimizaremos seus danos, entre as pessoas alcançadas e seus contextos.

Para encerrar, cito uma ilustração muito conhecida de um grande sociólogo brasileiro, Herbert José de Souza:

“Certa ocasião, houve um grande incêndio em uma floresta. Enquanto todos os animais fugiam das labaredas, percebeu-se que um beija-flor, sozinho, buscava água no pequeno bico e tentava apagar o fogo. Um dos bichos que fugia indagou porque fazia aquilo se jamais seria capaz de ser bem-sucedido, no que respondeu a ave: estou fazendo a minha parte para contribuir.”

Faça a sua parte, procure seu espaço e atue como Cristo ordenou.


Celso Godoy. Pastor batista em Minas Gerais, escritor, terapeuta e conselheiro. Especialista em dependência química.

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