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quinta-feira, 28 março 2024

Esporte: ferramenta de integração

Com a realização de eventos como Copa do Mundo de Futebol e Jogos Olímpicos, os olhos de todo o planeta se voltam para o Brasil. Veja como aproveitar este momento para melhorar a integração e usar o esporte como instrumento missionário.

O Brasil viveu recentemente um momento histórico, quando se fala nas áreas esportiva e social. Depois de 64 anos, a Copa do Mundo de Futebol retornou ao país, movimentando milhares de pessoas em todo o território nacional e trazendo para cá torcedores de várias partes do planeta. Igualmente importantes, os Jogos Olímpicos acontecerão no Rio de Janeiro em 2016, e mais uma vez o Brasil ganhará imensa visibilidade no cenário internacional.  O Ibope Inteligência apontou em pesquisa que 77% dos entrevistados responderam “futebol” quando perguntados sobre “Quais são as grandes paixões dos brasileiros”. E essa paixão independe de religião, classe social ou etnia. Mais que um jogo, o futebol representapara o brasileiro familiaridade, reunião. Não à toa, cada vez mais as igrejas evangélicas unem fé e esportes para aumentar a integração entre os membros e participantes.

“Tenho percebido que as igrejas têm despertado para atender ao clamor dos seus membros, principalmente jovens e adolescentes. Alguns pastores, não apenas incentivam seus membros, como também participam dos eventos como atletas, dirigentes ou torcedores assíduos. Estão presentes com seu apoio, sua palavra, seu testemunho e conduzem suas ovelhas a aproveitarem cada momento, para testemunhar em quadras, campos, locais das competições ou arquibancadas o que Jesus fez e faz em suas vidas. Não podemos deixar de afirmar que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo e precisa estar salutar, pois abriga uma das pessoas da Trindade, e o esporte é uma ótima atividade para mantermos esse corpo sadio, pois ‘esporte é saúde’”, disse o pastor Mauro Marques, presidente e fundador da Liga Evangélica Capixaba de Esportes (Lece).  A entidade foi criada para ajudar a organizar competições esportivas. É interdenominacional e oferece assessoria para elaboração e execução de projetos nas áreas esportiva e cultural. São 43 igrejas filiadas. “A Lece tem estrutura semelhante às Ligas oficiais de esportes do Brasil e conta, além dos departamentos específicos para cada esporte, com seu Departamento de Árbitros e com uma Comissão Disciplinar”, destacou o pastor Mauro.

O esporte deve ser visto como uma prática inclusiva e evangelizadora. Essa estratégia serve também para aumentar o número de membros. “Algumas vezes a pessoa pode não se sentir tão à vontade indo à igreja pela primeira vez. É tudo muito novo. Mas se vai a um evento esportivo promovido pela igreja junto com um amigo, o clima fica mais leve, e a pessoa se sente confortável para retornar à igreja durante um culto semanal”, falou Geovani de Oliveira, que organiza a Copa Gospel de Futebol e Futsal entre as igrejas da Grande Vitória.  Trabalhar com esportes nas igrejas exige muita dedicação e trabalho, mas também tem muitas recompensas. “Uma vez montei um time de futsal feminino. Começamos com algumas integrantes da igreja e depois convidamos outras meninas de fora. Foi uma alegria muito grande ver que as novatas começaram a participar da igreja. Algumas foram até batizadas”, ressaltou Geovani.

Evangelismo e integração
Iniciativas com esse perfil podem transformar vidas. É nisso o que acredita o pastor Mauro Marques. Em sua vivência de mais de 50 anos no esporte tanto profissional como amador, nas mais diversas funções, ele se diz contente por ter podido apresentar Jesus a muita gente. “Se há no coração do esportista o desejo de ganhar vidas para Jesus, o esporte é um grande veículo missionário e de integração”, enfatizou.  Como exemplo, ele se recorda do projeto “Gol”, implantado pela Junta de Missões Mundiais da Convenção Batista Brasileira. “Percebendo a dificuldade para enviar missionários e divulgar a mensagem de Jesus na China, a Junta passou, através daquele projeto, a buscar bons atletas e técnicos de futebol verdadeiramente compromissados com Jesus. Então começava a prepará-los para o ministério missionário. E depois de encontrar, na China, clubes interessados neles, cuidava da documentação legal como profissionais de futebol e enviava-os para desenvolverem também a tarefa missionária de mostrar Jesus. Tudo mesmo sem poder falar, mas com suas vidas, testemunhos,orações silenciosas  antes dos jogos, seus gestos durante as comemorações dos gols e seu comportamento diferenciado em todas as situações. O resultado tem sido grandioso, muitos chineses têm se aproximado dos atletas missionários e se interessado em conhecer o seu Cristo”, explicou Marques. Para ele, depois da música, o esporte é o segundo link de atração das pessoas em todas as idades, principalmente de adolescentes e jovens, e precisa ser contemplado e utilizado como veículo abençoador.

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E não apenas jovens participam de atividades ligadas ao esporte. Na opinião de Giovani Azeredo, organizador do Torneio de Futsal Master, que reúne igrejas de Aracruz, investir nessas atividades traz uma grande vantagem. “O esporte é agregador. Uma bola parece ter um efeito hipnotizador. E aí, sim, surge uma grande oportunidade de falarmos sobre o nosso Deus. Fica o desafio de juntarmos a paixão que temos como brasileiros pelo futebol com uma mesma paixão de falarmos às pessoas sobre quem é o nosso Deus. Pode ser que conheçam o ‘deus’ do futebol, mas precisam ter um encontro com o Deus que nunca foi jogador, mas é o nosso Criador”, frisou. A iniciativa em Aracruz resulta em uma grande integração entre cristãos de 30, 40 e 50 anos. “Tem espaço para todos. É só fazer pequenos ajustes e a idade não é obstáculo”, enfatizou.

Ações desenvolvidas nas igrejas
Diversas igrejas pelo Estado investem nisso. Um exemplo é a Batista de Itaparica, em Vila Velha, que conta com mais de 120 pessoas nas atividades de futebol e vôlei feminino. “O trabalho às vezes é difícil. Falta um pouco de apoio das prefeituras e das empresas, já que o esporte tem um lado social que é muito importante. Mas quando conseguimos realizar um torneio ou mesmo reunir as pessoas para as nossas atividades, é muito gratificante”, disse Felipe Nepomuceno Nogueira, um dos líderes do ministério do esporte. Outra referência é a Missão Evangélica Praia da Costa, em Vila Velha. Lá são desenvolvidas diversas ações que atraem pessoas para a igreja e que ajudam na socialização da comunidade. “Tudo isso é muito importante, sem contar a questão da saúde, que também é fundamental e que está diretamente ligada à prática esportiva”, disse o pastor Simonton César de Araújo. Mas ainda o lado profissional. As atletas da seleção brasileira de ginástica rítmica desportiva já treinaram no ginásio da Missão. “Não existe nenhum acordo de patrocínio ou pagamento por conta dessa utilização. Fazemos isso somente pela importância que enxergamos no esporte”, continuou Simonton, lembrando que os atletas capixabas de MMA Erick Silva e Rodrigo Damm já fizeram apresentações de luta na sede da igreja.
 
Já a ONG Afro Euro Brasil, ligada à Igreja Evangélica Palavra da Fé, em Coqueiral de Aracruz, iniciou a prática de tênis. “É um esporte que pode ser praticado por todos os gêneros e idades. Esperamos que as pessoas participem bastante”, disse o pastor Hewerton Paulo. Na ONG já acontecem as práticas de surfe, futebol e jiu-jitsu. “Nós não restringimos a participação somente às pessoas evangélicas, mas damos o nosso testemunho. Isso faz com que, indiretamente, a pessoa acabe se aproximando da igreja, ou, pelo menos, que siga uma vida mais regrada. Esse é o nosso objetivo e felizmente estamos conseguindo alcançá-lo”, comemorou o pastor. A comunidade da Igreja Bola de Neve também se dedica aos esportes. De acordo com Wanderley Piccinini, pastor da igreja em Vila Velha, a ideia é utilizar o esporte como meio de aproximação entre as pessoas e o Evangelho. “Essa associação é algo natural. As pessoas chegam à igreja e já se colocam à disposição para a prática esportiva e também para o Reino de Deus”, disse o pastor da igreja, que oferece práticas como skate, surfe, corrida e jiu-jitsu.

Na Igreja Batista José de Anchieta II, na Serra, cerca de 150 crianças e adolescentes têm acesso a atividades como handebol, basquete e futebol. “O esporte é uma linguagem universal. Utilizamos essa atividade para evangelizar crianças e adolescentes e reforçar a importância da comunhão entre os membros da comunidade”, falou o pastor Anderson Luiz Silva.

Como fazer funcionar
O ministério de esporte nas igrejas é uma atividade que demanda dedicação, responsabilidade e conhecimento técnico. “É sempre bom contar com um profissional na área de Educação Física. E no caso dos esportes de contato, como lutas, é importante ter realmente um mestre, para organizar a turma. Isso evita que os alunos se machuquem, além de reforçar que as artes marciais não tem nada a ver com violência, portanto, não devem ser usadas na rua”, explicou Hewerton Paulo. Outro fator importante é desenvolver um bom grupo de jovens. “Como os jovens são maiorias na prática esportiva, é preciso ter um líder capaz de convidar outras pessoas a participar dos esportes nas igrejas. Ainda que a pessoa que os pratique não seja um frequentador, o esporte tem tudo para fazê-la começar a participar do dia a dia religioso”, analisou Geovani de Oliveira, organizador da Copa Gospel.

Tão importante quanto a implementação do esporte nas igrejas é a utilização dele para estabelecer momentos de comunhão entre os membros. “Não adianta a pessoa ir somente para praticar o esporte. Ela também precisa ouvir a Palavra, conhecer os demais ministérios da igreja. Assim, pode-se dizer que o trabalho esportivo estará sendo feito da maneira correta”, opinou Geovani. A integração e a sociabilidade desenvolvidas podem trazer benefícios até para os outros ministérios das igrejas. Com mais gente participando e havendo uma harmonia maior entre os membros, o trabalho ministerial começa a ser feito com mais facilidade e com mais alegria pelos envolvidos no projeto. Cada vez mais as igrejas percebem que o esporte, algo que une as nações, pode ser a chave para se levar à salvação. E nessa missão, cada alma resgatada do mundo é uma conquista ímpar.

Dicas para criar um Ministério de Esportes na igreja
• Identificar um líder: Todo ministério precisa de um líder, e o de esportes não é diferente. O líder necessita ser uma pessoa que tenha bons relacionamentos dentro da igreja e bom conhecimento da prática esportiva.
• Preparar uma equipe de liderança e competência: Com a ajuda do líder, deve-se montar uma equipe capacitada, capaz de auxiliar os trabalhos do ministério de esportes. Professores de Educação Física ou com experiência (que tenham sido atletas profissionais ou amadores) nas mais diversas modalidades esportivas são de grande importância nessa equipe.  
• Estabelecer e comunicar a visão da igreja: O esporte deve fazer parte da visão da igreja. É o estabelecimento da visão que vai nortear as principais ações da comunidade, não só referentes aos esportes, mas a todos os ministérios.
• Elaborar um plano de ação: É importante desenvolver um plano e apontar os esportes que serão trabalhados na comunidade. Nesse momento também é necessário identificar quem serão os “professores” das modalidades e onde elas serão praticadas.
• Administrar e manter o ministério: Um ministério deve sempre pensar em sua renovação. É interessante que aconteça uma integração entre membros mais experientes e mais jovens, para que haja a renovação, mas com a manutenção das experiências adquiridas.
• Organizar eventos: Ainda que os eventos sejam pequenos, envolvendo somente membros da comunidade, eles devem ser organizados para motivar a participação das pessoas no ministério. Eventos maiores podem ser organizados em parceria com outras igrejas.
• Evangelizar com o esporte: A principal missão da igreja é evangelizar – o esporte é somente um meio para isso. Não se deve deixar que prática do esporte supere a prática do Evangelho, fazendo com que ele cause discórdias na comunidade, por exemplo.

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